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CIDADE & REGIÃO

05/07/2009

Plano Real: Entrevistados opinam sobre 15 anos sem inflação

Detalhes Notícia

Na última quarta-feira o Plano Real que marcou história no Brasil, completou 15 anos de implantação. A população que convivia com uma inflação de cerca de 60% ao mês, passou a usufruir de uma moeda estável, onde a média oficial de inflação caiu para 1% no mesmo período. Mas, apesar de reconhecer que o Plano Real trouxe estabilidade financeira, alguns dos entrevistados pela Reportagem do Diário foram unânimes em afirmar que, com apoio da antiga ciranda financeira, era possível, em alguns casos, ganhar dinheiro com maior facilidade. Na visão geral, os mais favorecidos com o fim da inflação galopante foram os assalariados, que puderam administrar melhor seus rendimentos.
Para o comerciante do ramo de medicamentos, Valdir Bento Pereira, proprietário Drogaria Popular, em uma economia equilibrada, ficou mais difícil das pessoas conseguirem guardar dinheiro. “Parece incrível, mas com a inflação galopante era mais fácil, para a maioria dos trabalhadores, conseguirem poupar dinheiro”, observou. Naquela época, as aplicações financeiras, como a poupança, corrigiam a inflação e pagavam juros, o que, para muitos, era muito interessante. Valdir também observa que teoricamente hoje não existe mais inflação, mas na prática do dia a dia, pode ser verificado que em muitas vezes isto não ocorre. “No meu ramo, naquela época, antes que ocorresse um aumento, havia um comunicado oficial, isto agora não ocorre mais”, reclamou. Para ele, aparentemente viver sem inflação é melhor, já que não existe mais o que ele classificou de ‘ânsia coletiva das pessoas em estocarem de tudo’. “Naquela época as pessoas ficavam assustados só de ouvir que as mercadorias iriam aumentar de preço. Com isso, muitos de meus clientes estocavam até medicamentos”, destaca Valdir. Em sua visão hoje ocorre o contrário, pois em alguns casos, um produto adquirido hoje, dentro de alguns dias pode ser encontrado por um preço menor. “Na época da inflação, adquirir bens, como motos ou carros, era um investimento seguro, garantido e com bom retorno financeiro. Mas, atualmente os veículos são apenas bens de consumo com incrível desvalorização. Neste ponto, a inflação era mais interessante”, relatou.
Já outro comerciante, do ramo calçadista, Flávio Galinari, proprietário da Noroeste Calçados, disse gostar de trabalhar com uma moeda estável, mas não via empecilhos com uma inflação galopante.  “Sem ela é bem mais fácil para os comerciantes conseguirem realizar as negociações, tanto com os seus clientes, como com os fornecedores”, relatou como ponto positivo a moeda estável. Para Flávio, sem o medo de aumentos sucessivos de preços nos produtos, é possível analisar os negócios pendentes e inclusive prever uma tendência futura, o que não ocorria naquela época. A moeda estável favoreceu em especial aos trabalhadores assalariados. “Mesmo com toda a inflação, no meu caso, consegui sobreviver, me manter e inclusive crescer. O ruim da instabilidade é você saber que um produto na prateleira do supermercado irá subir a qualquer momento, em alguns casos, até mais de uma vez ao dia”, recordou. Como os comerciantes também repassavam os preços, os maiores prejudicados eram as pessoas que tinham um rendimento fixo. “Estes não tinham como se defender, pois ficavam trinta dias para receberem o que tinham direito, e nesse período as mercadorias aumentavam uma infinidade de vezes, corroendo de forma incrível os salários”, analisou Flávio. “Com mais dinheiro no bolso, obviamente o giro é maior”, destacou.
Outro entrevistado que disse não ter sentido muita diferença no tocante aos rendimentos mensais é o sindicalista João Felício Chótolli. “Em tese praticamente não mudou nada. Antes existia a inflação, mas também havia aumentos constantes de salário. Hoje os preços estão estabilizados, mas em compensação o salário está defasado, no final acaba dando na mesma”, enfatizou. Em sua opinião mesmo com aumentos de preços consecutivos, as pessoas tinham maiores chances de trabalhar, já que havia mais oportunidades. “Agora não temos a inflação, mas em compensação diminuiu a renda de cada cidadão. O ideal seria que não houvesse inflação, mas que ocorresse o aumento de ofertas de empregos e os salários fossem melhores”, relatou. Outro ponto negativo que surgiu com o Plano Real, segundo Chótolli, diz respeito aos investimentos. “Antes as pessoas adquiriam veículos como forma de investimento. Agora, eles se tornaram bens de consumo com desvalorização imediata”, finalizou. (SRF)

Foto: Flávio: “Os assalariados não tinham como se defenderem”

A estabilidade econômica

Segundo especialistas, a implantação do Plano Real no sistema monetário foi fundamental para dar início a um novo plano de estabilização econômica. A medida sempre teve seus prós e contras na economia brasileira, é aplaudido por uns e considerado por outros um fator agravante da oscilação econômica do país.
Quem está na faixa dos 30 aos 40 anos deve lembrar-se do dragão da hiperinflação. Ele começou a ser combatido há 15 anos durante o governo do presidente Itamar Franco (via uma medida provisória) e do Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (intitulado como pai do Plano Real), quando foi instituída uma nova moeda, o Real.

O Brasil teve oito moedas diferentes na República, a partir de 1942: Cruzeiro, Cruzeiro Novo, Cruzeiro, Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro, Cruzeiro Real e Real.
A taxa de inflação que na véspera do lançamento do Plano Real, em junho de 1994, estava ao redor de 50% ao mês, baixou para taxa mensal em torno de 1,7% nos primeiros seis meses de 1995. Segundo a pesquisa Focus, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,33% para 4,39%. O índice é usado no regime de metas de inflação, cujo centro é de 4,5% para este ano. Para 2010, a média das previsões para o IPCA foi mantida em 4,3% pela terceira semana seguida. O centro da meta da inflação para o ano que vem também é de 4,5%.
Durante essa trajetória de evolução do Plano Real, o Brasil adotou o câmbio flutuante, permitindo que o valor da moeda nacional oscile de acordo com a lei da oferta e da procura em relação ao dólar. De 1999 até o início de 2001, o Banco Central não interveio no controle, mantendo a flutuação limpa. A partir de fevereiro de 2001, quando o dólar ultrapassou a faixa de dois reais, o BC passou a intervir no mercado de moedas. O dólar barato quebrou milhares de empresas e milhões de empregos nas cidades e nos campos. Uma das preocupações atuais é em descobrir qual é a faixa adequada para o dólar. Estima-se que o dólar deva variar entre R$1,90 a R$2,20.
Os efeitos colaterais para a manutenção da estabilidade econômica foram o corte em investimentos sociais e em infraestrutura, as privatizações e a elevação da carga fiscal - esta saiu de um patamar de 20% para quase 40% do PIB. No período de janeiro a dezembro de 2007, a carga tributária atingiu 35,54% do PIB, passando para 36,18% no período de abril de 2007 a março de 2008, para 36,56% durante o ano de 2008, e para 36,46% do PIB nos últimos doze meses. (Redação)

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