Médico penapolense responde perguntas mais frequentes sobre a Covid-19

“Prezados amigos, tenho recebido vários questionamentos nestes últimos dias. Fica impossível responder pessoalmente por isso separei as perguntas mais frequentes relacionadas a parte técnica da medicina e vou responder aqui pensando em atingir o maior número de pessoas possíveis.
Confiram:

1) Vivemos num país tropical e estamos no verão/outono e isso afeta a transmissão do vírus. Não temos essa informação confirmada cientificamente. No meu entender tem mais relação com o fato de deixarmos os ambientes mais arejados, então usemos isso a nosso favor; abram as janelas, deixem o sol entrar e os ambientes de casa bem ventilados.

2) Isolamento social é muito importante na evolução da pandemia. Vou resumir: tivemos a vantagem de perceber uma doença altamente contagiosa e potencialmente letal que estava devastando os sistemas de saúde de países bem mais ricos que o nosso. Com isso houve tempo para ações coordenadas de preparação para tentarmos minimizar os danos causados pela doença. Criar leitos de UTI, adequar as atuais, equipar com ventiladores, abastecer de EPIs mínimos para que possamos trabalhar com segurança para todos. Quando essa estrutura estiver melhor o isolamento poderá ser afrouxado para que a população menos suscetível possa voltar ao trabalho. O ideal seria testar todos e assim quem estiver com vírus fica isolado, quem já teve volta ao trabalho. Como isso não é possível por enquanto, temos que seguir uma orientação intermediária, isola todo mundo, libera só os essenciais. Somente quando estivermos minimamente preparados libera o restante paulatinamente. Como as possibilidades são muitas, não há no momento certo ou errado. O Bolsonaro tá certo, o Mandetta está certo, o Dória está certo, o Célio está certo e paradoxalmente todos podem estar errados, visto que as fases da pandemia são diferentes em cada país, cada região. Na minha opinião enquanto não estivermos totalmente preparados fiquem em casa. Quando estivermos prontos, isolamento vertical gradativo.

3) Há drogas que parecem ser eficazes para melhorar a evolução da doença. Tem hora certa para tomar. Não serve para todo mundo. Tem seus efeitos deletérios e interações perigosas com drogas de uso frequente. Temos a vantagem de ter protocolos já estabelecidos em outros paises. Acreditem; nenhum médico deixa o paciente morrer sem tentar tudo aquilo que for possível. Os médicos enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas, e equipes de apoio estão todos engajados nesta luta, firmes e decididos a fazerem o melhor.

4) Não vá ao PS ou PA por coisas que possam esperar. No caso de síndrome gripal fiquem em casa e só procurem o hospital se tiverem febre mais de 48h, dor abdominal e falta de ar.

5) Ser Covid-19 positivo não é uma sentença de morte. O resultado de outros países com milhares de casos mostra que 85% ficaram bem, 15% tiveram sintomas moderados e alguma falta de ar e destes 5% necessitaram de UTI e ventilação mecânica. Parece pouco, mas se todos precisarem ao mesmo tempo o sistema entra em colapso senão estivermos preparados.

6) Não respondo perguntas sobre economia, gestão, ou opiniões sobre isso. Sou médico, sei trabalhar com o paciente. Não sou dono da verdade, posso estar errado na minha visão do momento, mas me baseio nos estudos cientificos e na literatura médica que se atualiza diariamente. Aceito ser corrigido desde que com argumentos científicos. É só nisso que acredito agora.

Espero ter tirado as dúvidas mais frequentes. Fiquem em casa e sigam as orientações das autoridades de saúde.”

por Dr. Alexandre Damo, Médico - clínico geral e intensivista - Penápolis/SP