Enquete: Entrevistados apóiam aborto em menina de nove anos

Qual a sua opinião sobre a autorização dada pela Justiça a uma menina de nove anos em Alagoinha que estava grávida de gêmeos para realizar um aborto? Esta foi a pergunta feita ontem à tarde pela Reportagem a população penapolense e pessoas de vários segmentos públicos e religiosos.
Muitos acreditam que o aborto foi a melhor saída para que a criança não tivesse problemas no futuro. Por outro lado, como o assunto é polêmico, outros garantem que este procedimento viola os princípios bíblicos.
Esta é a opinião do pároco do Santuário São Francisco de Assis, frei Cícero Araújo da Silva. Em sua visão o aborto viola um dos mais importantes princípios, cujo ponto mostra que os filhos são uma herança por parte de Deus. “A Igreja Católica promove a vida e esta atitude foge dos princípios bíblicos, pois não podemos tirar a vida de ninguém. A criança que estava sendo gerada não tem culpa do crime que foi cometido”, comenta. O religioso ainda enfatiza que evidentemente a gravidez teria algumas conseqüências e com o aborto feito, as conseqüências são piores. “A vida pertence somente a Deus. Se ficarmos escolhendo quem irá nascer ou morrer, estaremos violando um importante mandamento, pois só Deus tem o direito de tirar a vida”, enfatiza.
Para os evangélicos, segundo explicou o pastor Jonas Lopes de Oliveira da Igreja Metodista, a exortação perante os princípios é que mesmo a criança ou feto ser conseqüência de um estupro, mas a vida da mãe não correndo risco, a posição é de que a gravidez seja mantida. “Como neste caso houve o risco eminente de vida da menina e por estar dentro dos tramites legais da lei, somos favoráveis à decisão tomada”, admite.

Crime
O crime veio à tona no último dia 25, após um exame médico em que a garota foi submetida no município de Pesqueira. Ela foi atendida após relatar queixas de tonturas e enjôos. Durante o exame clínico foi constatado que a menina estava grávida de gêmeos. O padrasto da garota, um rapaz de 23 anos, foi preso na última quinta-feira, suspeito do estupro. O mesmo mantinha relações sexuais com a garota há cerca de três anos. O rapaz confessou o crime e, em depoimento, admitiu também ter estuprado sua outra enteada, de 14 anos de idade, portadora de deficiências física e mental. Em depoimento, o padrasto confirmou que começou a assediar as duas meninas desde que passou a morar com a família, há três anos. Segundo ele, as enteadas o provocavam. Membros da Igreja Católica de Alagoinha criticaram a equipe médica, a mãe e os demais envolvidos que participaram no processo. Os advogados da arquidiocese de Olinda e Recife haviam preparado uma denúncia que deveria ser encaminhada ao Ministério Público, mas desistiram da medida depois da divulgação do aborto. No próximo dia sete, quando será lançada a campanha da fraternidade da CNBB em Pernambuco, em uma missa na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, os integrantes farão um manifesto público contra a interrupção da gravidez da menina estuprada pelo padrasto. (IA)

Confira algumas opiniões

Vera Lúcia, 42 anos, balconista
“O aborto foi o melhor método para resolver este problema, embora se a mãe desta menina tivesse dado mais atenção, carinho e cuidado, com certeza nada disso teria acontecido”.

Antonio Evandro, 42 anos, vendedor ambulante
“Foi certo a Justiça ter autorizado esta menina fazer o aborto visto ser ela muito nova para assumir um compromisso sério que seria de cuidar das gêmeas”.

Jovelina das Graças, 46 anos, vendedora ambulante
“Não teria cabimento uma criança de nove anos assumir a responsabilidade de cuidar de dois bebês. A Justiça agiu bem ao autorizar a menina a fazer o aborto”.

Frei Cícero
“Só Deus tem o direito de tirar a vida das pessoas”

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