Cultura Artes e Sociedade

As histórias das nossas avós e o calcanhar de Aquiles

Cresci em Penápolis com duas avós muito sábias e presentes. Ambas habitaram e habitam meus pensamentos e criação e a elas sou grato. Vó Lourdes, que já está em glória e Vó Clarice, que tenho o privilégio de poder ainda cozinhar junto dela. Desde pequeno aprendi a ouvir e contar histórias, antes até de saber escrever e, antes ainda, de escrevê-las. Habitei e habito narrativas de lobisomem, sacis, espíritos que crescem, caboclos do rio e também de santos e santas - em todas essas narrativas, acredito ainda hoje. 
Certa vez, ainda menino, vi um lobisomem. Eu brincava na área da frente da casa da minha tia, havia um muro alto com uma grade redonda que dava para ver o que estava na rua. Um cachorro passou de pé pela grade, me olhou, eu olhei para ele, arrepiado dos cabelos aos pés, fechei os olhos e ele foi embora. Eu sonhei? Não me lembro.
Sobre lobisomens ainda, minha vó Lourdes contou que na colônia (fazenda de imigra[...]