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CIDADE & REGIÃO

05/11/2015

Cana-de-açúcar: Fornecedores querem receber valores da Renuka

DA REPORTAGEM

Fornecedores de cana-de-açúcar de Penápolis e região que fornecem matéria prima ao grupo sucroalcooleiro Shree Renuka estão preocupados com o pedido de recuperação feito pelo grupo no dia 28 de setembro deste ano e acatado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP). Os fornecedores ainda não teriam recebido os pagamentos referentes à safra 2014/2015 e 2015/2016 sobre a cana ofertada ao grupo. 
De acordo com a Associação dos Fornecedores de Cana do Noroeste Paulista, a Norplan, este valor já chega a R$ 170 milhões, o que representa pouco mais de 5% do total da dívida da Renuka, que é de R$ 3,351 bilhões. De acordo com o vice-presidente da Norplan, Nelson Perez Júnior, os atrasos nos pagamentos vêm ocorrendo há dois anos, sendo que com estes atrasos os fornecedores têm enfrentado diversos problemas para conseguir manter seus compromissos, já que dependem destes pagamentos. “Quando a cana é entregue para a usina, os fornecedores utilizam o dinheiro deste pagamento para quitar suas despesas com o plantio, e serve para iniciar o plantio do próximo ano. Sem este pagamento quebra-se um ciclo do fornecedor, já que ele não consegue pagar o que foi investido no cultivo da cana e nem iniciar seu novo plantio, já que tudo isso também necessita de investimentos”, explicou. 
Nelson ressaltou que quando a Renuka anunciou sua recuperação judicial, uma comissão foi formada entre fornecedores da Norplan para que, juntos, pudessem caminhar com a empresa a fim de ajudar na solução de problemas financeiros, cooperando para diminuir as quantias que ficariam retidas na Justiça por conta do pedido de recuperação. “Tivemos a oportunidade de conversar com representantes da usina e propusemos ideias que poderiam ajudar neste momento, mas infelizmente muitas delas não foram acatadas por conta de restrições, segundo representantes da Renuka, que a empresa passa a ter na Justiça por conta do pedido de recuperação, sendo que fomos informados ainda de que os fornecedores também não poderiam receber neste momento”, explicou. 
Segundo a Norplan, os fornecedores estariam enfrentando problemas para terem acesso à documentos relativos aos pagamentos de cada um deles que deveria ser feito pela Renuka. Nelson explicou que sem os documentos que deveriam ser emitidos pela empresa em relação aos pagamentos que devem ser feitos, não há como os fornecedores saberem, ao certo, qual o valor que devem receber. “Acontece que com o pedido feito pela usina para a recuperação judicial, o fornecedor tem até novembro para contestar na Justiça os valores que têm para receber, mas como eles contestarão se a empresa não fornece a documentação, que é um direito deles, para que possam calcular o valor correto? Infelizmente estamos tendo muitos problemas neste sentido”, afirmou. 
Ainda de acordo com Nelson, os fornecedores, através da Norplan, têm tentado de todas as maneiras para que possam chegar a um acordo com a empresa, mas ressaltou que se problemas como estes persistirem, medidas mais drásticas terão que ser tomadas. “Os fornecedores estão sendo os mais prejudicados. Além de não estarem conseguindo uma documentação, eles estão adquirindo dívidas em relação à sua produção. O gasto para se cultivar cana é alto e se o fornecedor não consegue quitar suas dívidas também fica sem condições de plantar para a próxima safra. Eles alegam que caso não haja um acordo, tentarão uma ação para a mudança de gestão da Usina”, finalizou.

Recuperação
A Shree Renuka possui entre suas unidades no Brasil, as usinas Revati, de Brejo Alegre, e Madhu, de Promissão. Juntas, as duas empregam quase 4,5 mil trabalhadores. Com o pedido de recuperação acatado na Justiça, o grupo precisa apresentar o plano de recuperação judicial no intervalo de 60 dias. Estão listadas no processo as empresas Revati S/A Açúcar e Álcool; Biovale Comércio de Leveduras Ltda; Ivaicana Agropecuária Ltda; Renuka Vale do Ivaí S/A; Shree Renuka do Brasil Participações Ltda; Shree Renuka São Paulo Participações Ltda; Revati Geradora de Energia Elétrica Ltda; Renuka Cogeração Ltda; Renuka Geradora de Energia Elétrica Ltda, Revati Agropecuária Ltda e Renuka do Brasil S/A. Dentre as empresas para qual a Renuka possui dívidas estão os bancos Bradesco, Santander, Votorantim, Banco do Brasil e Itaú. Se o plano informando o tratamento a ser dado para cada credor não for entregue no prazo, a recuperação judicial é transformada em falência. 
A empresa Deloitte Touch Tohmatsu Consultores foi nomeada como administradora judicial.


Renuka salienta parceria com fornecedores

Em nota, a Renuka salientou que sempre teve um relacionamento cordial e próximo com seus fornecedores e parceiros. A empresa ressaltou que logo após o início da tramitação do processo judicial, gerentes e diretores da empresa vêm dialogando com fornecedores e parceiros a fim de esclarecer a situação atual da empresa e como se dará sua recuperação financeira. Em relação ao não fornecimento de documentos da empresa para fornecedores, a Renuka disse ainda que tem atendido todas as solicitações feitas pelos fornecedores/parceiros que puderam ser atendidas. 
A nota informou ainda que a empresa passou a cumprir todas as suas obrigações estabelecidas através do processo de recuperação, ocorrendo normalmente os pagamentos mensais e semanais. No mês de outubro já foram cumpridas antecipadamente obrigações na ordem de R$ 30 milhões a título de cana. A empresa explicou ainda que possui expectativas positivas em relação à sua recuperação, mas que o momento é de cautela. 
“Com relação ao cenário econômico nacional e mundial, acreditamos que o preço de etanol e açúcar continuará subindo, e assim gerar uma receita mais positiva para a empresa. Entretanto, ainda é muito arriscado estimar qualquer valor, visto o início das chuvas e, consequentemente, incertezas sobre a quantidade de cana que poderá ser processada até o fim da safra. Sendo assim, nenhum número pode ser garantido a menos que seja efetivamente realizado. Além disso, o aumento de preço de nossos produtos impacta também no aumento de nosso custo, pois o preço da cana (matéria prima) não é fixo, estando vinculado também ao preço de nossos produtos”, informou a empresa na nota.
Ainda sobre sua recuperação, a Renuka esclareceu que alguns vencimentos de impostos não podem ser adiados e que existe a perspectiva de utilizar a receita que venha ser gerada da seguinte forma: 1- pagamento de impostos; 2- manutenção industrial; 3- manutenção agrícola; 4- salário de funcionários na entressafra, os quais são essenciais para a sobrevivência da empresa e prevenir que a mesma entre em colapso. A empresa também ressaltou que vem tentando obter mais empréstimos para os produtores através de negociações com os bancos e oferecer cana soca como garantia para que os produtores possam ter acesso a crédito. Desta forma, a empresa ratifica que todo o dinheiro será gerado a partir das operações com a moagem da cana-de-açúcar restante, sendo necessário, portanto, maximizar a moagem e acelerar o processo de recuperação para que novos recursos possam ser levantados para pagamento aos produtores, parceiros e fornecedores. Negociações também vêm sendo feitas com cooperativas para liberar novos créditos para os produtores. 
A empresa tem 290 fornecedores de cana e 653 parceiros agrícolas, sendo 25% de cana própria e 75% de fornecedores.

(Rafael Machi)

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