“Prêmio Destaque do Centenário”: Promotor de evento irá pedir ressarcimento financeiro

O promotor do evento “Prêmio Destaque do Centenário”, que homenagearia 500 pessoas, empresas e entidades que contribuíram para os 100 anos do município e que foi cancelado em cima da hora na noite de quarta-feira, Roberto Bastos, da NG Marketing e Eventos, garantiu que tentará, através da Justiça, o ressarcimento do prejuízo que teve com o cancelamento do evento, motivado por um possível favorecimento ao prefeito e candidato a reeleição, João Luís dos Santos. A votação dos escolhidos ocorreu de forma aberta e através da internet. O cancelamento que ocorreu devido a uma liminar concedida pelo juiz Luciano Brunetto Beltran surpreendeu os participantes, muitos, inclusive idosos e crianças, que aguardaram pelo desdobramento da situação em pé, do lado de fora do salão social. Somente por volta das 21h00, após terem se esgotado todas as tentativas, o promotor do evento, pelo sistema de som anunciou o cancelamento. Apesar da situação frustrante e o clima de revolta por parte dos envolvidos, após a explicação do responsável as pessoas começaram a ir embora sem promover nenhum protesto contundente. Ao ser citado que o embargo tinha por objetivo político e exposto o responsável, os convidados e propensos ganhadores dos prêmios aplaudiram o organizador.
Roberto classificou o episódio como uma página triste na história de Penápolis, justamente em relação às comemorações de seu centenário. “Penápolis não merece isso. Um evento, da qual conseguimos retirar quase mil pessoas de suas residências, além de formadores de opinião, donos de empresas, representantes de entidades para serem homenageados, e por questões políticas o evento não ser realizado, é muito triste”, destacou.
Segundo Roberto, as providências já estavam sendo tomadas desde o momento que chegaram as primeiras informações sobre o cancelamento, com os advogados entrando com uma ação judicial por danos morais e materiais, embasados no pedido de impugnação de Francisco José Mendes, o Tiquinho. “Na realidade, quem está usando o nome do Centenário para fazer política, é ele”, justificou Roberto aos repórteres. Ele enfatizou que sua empresa a NG, ganhou a licitação e adquiriu a marca do centenário para ser explorada da forma que mais lhe conviesse. “O Prêmio Destaque é apenas um dos eventos. Outro é uma revista que será distribuída daqui a alguns dias. Judicialmente todas as medidas serão tomadas”, prometeu Roberto, que calculou um prejuízo de R$ 39 mil. “Este valor cobraremos judicialmente, pois ninguém brinca com a imagem de uma empresa que paga os impostos em dia e gera empregos na cidade”, concluiu Roberto.
O empresário agradeceu ao público que mesmo revoltado com a situação a todo momento esteve ao seu lado, inclusive aplaudindo-o em várias oportunidades. “Isto me deixou feliz, pois eles perceberam que sou uma pessoa simples e humilde que quer o bem da cidade. Pensamos com todo carinho a realização do evento para as pessoas da cidade”, detalhou. O evento foi remarcado para ocorrer nos dias 07, 08 e 09 de outubro.

Repercussão
Para Francisco Ribeiro, proprietário da F&F Aparelhos de Estética, em pleno século 21 uma situação constrangedora como a vivida naquele noite nunca poderia ter acontecido. “É uma vergonha, pois no mínimo deveria ter havido sensatez por parte das pessoas que conseguiram o cancelamento, e comunicarem ao menos 24 horas com antecedência”, destacou.
Outro profissional que se mostrou indignado foi Chico Mira, da Boate Millenium. “Foi uma falta de consideração sem tamanho com os principais comerciantes da cidade. Para evitar problemas deste tipo, qualquer candidato deveria ser proibido de participar”, destacou. Quem também mostrou sua insatisfação com o episódio foi o presidente do Hospital Espírita João Marchesi, Carlos Alberto de Campos Martins. A entidade iria explorar comercialmente a venda de cerveja no local e havia se preparado com 1.200 latas do produto. “Viemos com o intuito de conseguir mais recursos para o hospital nos três dias previstos para o evento, mas fomos pegos de surpresa”, reclamou o presidente. Eles iriam decidir o que fazer com a bebida, já que o freezer não poderia ser desligado. “É uma pena, pois o público foi o maior prejudicado com a decisão. Felizmente o penapolense é cordial e entendeu a situação. Mas, por outro lado, quem promoveu esta situação não pensou nas pessoas que tiveram que ficar do lado de fora do salão, dentre eles crianças e idosos. Em minha opinião, se a intenção de quem promoveu esta situação era de obter favorecimento político, o tiro deve ter saído pela culatra, já que todos foram embora chateados”, desabafou.
O prejuízo pela não realização do evento não ficou restrito apenas ao organizador. Omar Abucarma, do Omar Buffet, era o responsável pelo coquetel que seria servido aos presentes. Foram preparados 35 mil salgados para os três dias e, fritos, oito mil que seriam consumidos na quarta-feira. Ao serem informados do provável cancelamento da festiva, eles interromperam a preparação. Para ele, em vários anos de profissão foi a primeira vez que enfrentou situação deste tipo. “Além da frustração dos convidados ainda gerou prejuízo para pessoas inocentes que vieram para trabalhar e nada tem a ver com política”, protestou. Segundo Omar, somente no pagamento dos garçons a soma atingiu R$ 1.200,00. “Como é que eu vou chegar a eles que saíram de casa para trabalhar e pedir o dinheiro de volta, isso não é justo”.  Ontem à tarde, parte dos alimentos (salgados) foi doada a algumas famílias do bairro Planalto e às entidades assistenciais da cidade. (SRF)

Tiquinho: “Empresa sabia do problema e não se atentou”

Ontem o vereador Francisco José Mendes, o Tiquinho, ao ser indagado sobre os fatos, ressaltou ser uma das funções do vereador a de fiscalizar, o que justifica a ação por ele tomada. Por não concordar que um evento envolvendo 500 penapolenses fosse realizado antes das eleições, ele havia conversado por telefone em várias oportunidades com o organizador Roberto Bastos. A princípio o diretor da empresa NG teria feito uma proposta de não adiar, mas de retirar as pessoas envolvidas na política do evento. “Minha proposta era de que o evento fosse realizado depois das eleições. Cheguei a afirmar para eles que 500 homenageados é um número muito elevado, e, para evitar qualquer tipo de problema, deveria ser feito em outra data”, destacou o vereador. Para os envolvidos, a entrega dos prêmios poderia, mesmo que indiretamente, favorecer um dos candidatos ao cargo de prefeito. Tiquinho também disse ter alertado Roberto que o problema estava sendo levado à Justiça. “O juiz entendeu que o evento nesta data era incorreto e decidiu pelo cancelamento. Dentro de um processo democrático a Justiça decidiu por barrar o evento que será feito em uma data oportuna, ou seja, após as eleições”, enfatizou Tiquinho. O vereador também destacou que por volta das 16h30 os responsáveis pelo evento já sabiam da situação e não tomaram nenhuma providência para comunicar os participantes. “Daria para anunciar nas rádios ou ligar para as pessoas”, justificou. Ele também estranhou o fato que há três semanas ter sido retirada da Internet a página  relacionada ao evento. “Houve a tentativa de diálogo, inclusive na Câmara está tudo gravado, mas mesmo assim eles não se atentaram para o problema. Sem dúvida Penápolis saiu perdendo com este imbróglio, principalmente a empresa responsável”, finalizou o vereador. (SRF)

Foto: Convidados buscavam explicações sobre o ocorrido