CANTINHO DA SAUDADE

Memórias do Carboni: Baratão e Bermuda

Baratão
seu nome era Francisco e trabalhava na Rede Ferroviária Federal, na cidade de Avaí, perto de Bauru. Foi transferido para Penápolis e como gostava de jogar bola chegou a equipe do Fátima através do Canela, que era seu colega de profissão e jogava no time. Era um bom centroavante e marcava gols em quase todos os jogos. Naquele época, o ponto de encontro de jogadores e torcedores era o Bar do Romualdo e era para lá que a turma se dirigia após as partidas. Cada um pedia o que mais lhe agradasse, seja um refrigerante, uma pinga pura ou misturada. O Francisco não gostava de beber refrigerante ou qualquer bebida alcoólica e então ao ser perguntado o que ele queria, ele respondia “vou aceitar um docinho de leite” e com os dedos da mão direita ele fazia um sinal, como que mostrando o tamanho do doce e logo o Bijú já disse que quem gostava tanto de doce era o inseto barata e o Francisco seria então um baratão. O apelido do Baratão pegou e durante o tempo em que ele ficou no time continuou marcando seus gols e degustando seus docinhos de leite. Poucos anos depois de sua saída do time recebemos a triste notícia de sua morte prematura após uma grave doença. 

Bermuda
por incrível que possa parecer ninguém sabia o nome dele e se alguém ficou sabendo não divulgou para a turma. A chegada dele se deu em um sábado durante o treino lá no campo do Curtume. Veio junto com outro colega, recomendados pelo Dodo Zanuto. Naquela ocasião ainda havia algumas vagas na equipe e eles foram prontamente aceitos e fizeram a estreia já no dia seguinte, domingo, lá mesmo no Curtume com o Bermuda jogando no meio-campo, correndo bastante e fazendo boas atuações. O apelido “Bermuda” veio do fato que quando chegou ao campo pela primeira vez, ele estava usando uma bermuda bem desfiada e bem passada do tempo de aposentadoria, e, o lugar da cinta era ocupado por um pedaço de corda com aparência de ser da mesma idade da bermuda. Não havia um apelido melhor que não fosse “bermuda” e o apelido ficou desde aquele instante até o dia em que deixou o time. A mãe dele morava ali perto do campo, mas ninguém o conhecia por que ele morava na cidade de São Paulo. Saiu do time porque resolveu voltar a capital em busca de serviço. Estava trabalhando como porteiro em um hotel e durante um assalto a este mesmo hotel, nosso colega foi baleado e precocemente faleceu daí a poucos dias.