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25/03/2018

CANTINHO DA SAUDADE

Imagens/Arquivo Pessoal
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Memórias do Carboni: Antes e depois

Antigamente quando não havia plano funerário, era um verdadeiro Deus nos acuda quando alguém da família recebia a visita da morte. Poucas pessoas se preparavam antecipadamente para esse doloroso acontecimento. Era quase um tabu tocar nesse assunto. Se alguém manifestasse a intenção de ir comprando, ainda em vida, os apetrechos utilizados no velório e no enterro (caixão, mortalha, velas, etc..) já era olhado com desconfiança pela própria família. Filhos e filhas eram acusados de já estarem pensando na herança e com as noras e genros era bem pior, pois estariam gorando os sogros, à espera de também abocanhar alguma sobra. Assim os anos iam passando e ninguém ousava de ser o portador de mau agouro. Como eu disse anteriormente, pode até demorar um pouco, mas um dia ela chega, pode ter certeza, pois a morte faz parte da vida desde o alvorecer dos tempos. Para os poucos que se preparavam não havia grandes problemas, além da dor da perda, mas para a maioria despreparada a coisa era diferente. Era preciso negociar com a empresa funerária a realização do velório e enterro e nem sempre a negociação era favorável ao comprador, que na hora da dor e do desespero era obrigado a aceitar os preços oferecidos e a forma de pagamento. Poucos pagavam à vista. A maioria pagava em intermináveis prestações, sendo que as vezes nem bem pagava um enterro e já tinha outro morto na família. Quem não tinha cheque e não arrumasse com alguém que tinha, o jeito era apelar para as promissórias. Sempre tinha (e ainda tem) alguém, parente ou não, que tomava a frente nos procedimentos legais e corria atrás de todas as providências, mas na hora de dar os cheques ou assinar as promissórias, o “voluntário” geralmente caia fora, deixando essa “honraria” para outras pessoas. As famílias muito pobres apelavam a ajuda da Prefeitura que, anos atrás, dispunha de verba social para essas emergências. Como era de graça, o caixão era de ínfima qualidade, se resumindo em alguns sarrafos formando uma armação, revestida de pano roxo, muito fraquinho. Da parte da funerária, o ponto de vista era diferente. O proprietário da empresa ficava torcendo para morrer alguém, pois isso queria dizer dinheiro em caixa. Os funcionários da funerária também pulavam de alegria, pois a realização de enterros significava pagamento de salários em dia. Apesar de a morte ser o acontecimento mais exato e lógico, sua frequência não é regular. Mês de vários enterros, pagamento em dia, já o mês com menos serviço, apreensão e atraso certo. Como é o dinheiro que movimenta o mundo, a torcida era válida. Ficava aquele paradoxo sobre o mesmo acontecimento, uns chorando e outros sorrindo. Foi quando alguém mais esperto, enxergou a possibilidade de ganhar dinheiro o ano todo e facilitar para as famílias em luto a tarefa de enterrar seus mortos. Uma espécie de cooperativa, onde todos colaboram mensalmente com uma certa quantia em dinheiro e ajudam aquele que dolorosamente precisar. Estava “inventado” o plano funerário que para não dar aquela impressão impactante mudou o nome para Plano de Assistência Familiar. Esse plano obteve grande sucesso, devido a mudança de mentalidade das novas gerações, que entenderam que longe de representar um mau agouro, era uma solução para as horas difíceis. Aí surgiu uma situação até engraçada. Se antes do plano a morte era lucro, agora é prejuízo. Antes, os donos das funerárias torciam para morrer alguém, agora é o contrário, pois eles torcem para não morrer ninguém. No tempo das vacas magras, quando se tinha a impressão que a morte entrara de férias, eu ouvia dizer que até novena era feita para algum santo protetor. Agora, época de vacas gordas, na impossibilidade de aposentar a morte, pensam até em dar a ela uma longa licença prêmio. 

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