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04/03/2018

CANTINHO DA SAUDADE

Imagens/Arquivo Pessoal
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Memórias do Carboni: Puritanismo – parte II

No último artigo eu escrevi que anos atrás as mulheres eram mais recatadas no comportamento pessoal, nas relações com outras pessoas e no modo de vestir. A família e a sociedade em geral pressionavam muito a mulher, não dando a ela muita liberdade. Devido a esse estilo de vida, dificilmente se via as chamadas “mulheres de vida fácil” andando pelas ruas. Elas ficavam em casas na alegre e conhecida zona do meretrício e quem quisesse se utilizar de seus préstimos tinha de se locomover até esses lugares. Penápolis não fugia a regra e também tinha essa espécie de prestadora de serviço. Ela se localizava em uma periferia da cidade e era composta de várias ruas e dezenas de casas. Acontecia, porém, que muitas famílias “de bem” também tinham lá suas moradias e para distingui-las das demais e não causar transtornos ou confusão, elas escreviam nas paredes ou no portão a palavra “Família”. Essas famílias se sujeitavam a esse constrangimento por não terem condições financeiras de morar em outros bairros. Pelo menos até onde eu sei essas casas sempre foram respeitadas pelos frequentadores do local. Havia alguns bares com luzes multicoloridas, mas sempre prevalecendo a cor vermelha. Nesses bares tinham máquina toca-músicas nas quais o interessado comprava e inseria uma ficha própria e em seguida escolhia sua música preferida através de um painel com os números de 1 a 9 e de um segundo painel com as letras do alfabeto, e, após serem acionados uma tecla de cada painel, daí em instantes o ambiente era tomado pelos sons de uma música que tanto podia ser romântica ou uma do tipo “dor de cotovelo”. Muitos homens que iam a esses lugares nem sempre estavam a procura de favores sexuais, mesmo porque o dinheiro era curto. Ficavam bebericando, ouvindo música e conversando com os amigos, sendo que o grosso do movimento sempre acontecia na semana de pagamento. Inclusive essa regra era seguida também por muitas mulheres que só costumavam ir “trabalhar” nesses máximos dez dias e no resto do mês elas se passavam por senhoras respeitáveis e algumas até trabalhavam como domésticas e até tinham companheiros fixos e filhos. A maior atividade era geralmente aos sábados, mas durante a semana e principalmente naqueles dias mais tranquilos, costumava haver churrasquinho em alguma casa, promovido por uma ou mais residentes do local, mas sempre custeado por algum admirador. A noite, para alegrar o ambiente e aumentar a freguesia, de vez em quando usava-se a desculpa de festejar aniversários, geralmente da dona da casa, só que os convidados tinham de pagar o que consumiam e esses eventos costumavam ser sucesso e algumas matronas aniversariavam até três ou quatro vezes ao ano. Naquele ambiente quase não havia briga e as raras que aconteciam eram em grande parte entre as próprias mulheres, porque algumas delas tinham seus fregueses fixos, mas quando surgia alguma “carne nova” no local, os homens se esqueciam dessa espécie de compromisso e queriam conhecer a novata (novata naquele local, mas com longa experiência no ramo). Esse comportamento enciumava e com razão as outras. A maioria dos homens tinha lá suas preferidas, mas não eram tão fieis assim e gostavam de variar e se justificavam dizendo que comer a mesma comida todo dia enjoava. A coisa funcionava mais ou menos assim: o freguês entrava em uma determinada casa e na sala se deparava com algumas mulheres sentadas no sofá ou mais comumente em cadeiras. Algumas casas tinham mais e outras menos mulheres e a média era de quatro a cinco, sendo que tinha aquelas com uma ou duas disponíveis, dependendo da noite. Quando entrava na sala o provável freguês observava as damas para ver se alguma o interessava. Quanto a elas, a observação também era feita, porque era comum, principalmente entre os mais jovens ou mais “duros”, percorrerem as casas por curiosidade, o que acabava chateando as meninas. Então se elas percebiam que o recém-chegado tinha dinheiro e estava disposto a gastá-lo em um programa, elas se ajeitavam no assento, cruzavam as pernas, deixando as coxas à mostra, mexiam no cabelo e sorriam. Aquelas que não simpatizavam com o homem (bêbado, mal educado ou chato demais), alegavam estar esperando alguém e recusavam qualquer solicitação de seus favores. Continua no próximo artigo.  

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