Violência: Costureira é morta com um tiro na cabeça

A costureira Odeti Bento Soares Galindo, 41 anos, que residia na rua Tibúrcio Ferreira Mendes, na Vila Cidade Jardim, foi morta na noite de segunda-feira, vítima de um disparo de arma de fogo. O projétil, cujo disparo provavelmente foi efetuado a queima-roupa, atingiu a cabeça da vítima. O crime ocorreu por volta das 21h00 na avenida Mato Grosso número 985, local onde funciona uma garagem de ônibus. Segundo informações do delegado Mauro Gabriel, a Policia está trabalhando na linha investigativa de que tenha ocorrido uma tentativa de assalto. Conforme o apurado pelos policiais que atenderam a ocorrência, vários passageiros, aguardavam naquele local o momento para embarcarem em um ônibus com destino a cidade de São Paulo, onde pretendiam fazer compras. Durante este período teriam surgido três bandidos, vindos repentinamente do Centro de Lazer do Trabalhador, dois deles encapuzados, e o terceiro, sem capuz na cabeça, teria ficado à distância. De acordo com as informações passadas para os policiais que atenderam a ocorrência, dentre as pessoas presentes estava o policial civil Valdecir do Vale Figueiredo, 41, que havia ido até a empresa para visitar o proprietário que é seu amigo, e em determinado momento a testemunha Paulo César Jerônimo, 38, motorista, morador do Bairro Jardim, que havia chegado no carro com Odeti, ao perceber que os desconhecidos provavelmente iriam cometer um assalto, correu em direção ao policial pedindo ajuda. Na opinião de Paulo, o alvo dos ladrões seria o carro Palio em que acabara de chegar e onde Odeti ainda estava em seu interior, junto com suas duas filhas, Letícia de 15 anos e Núbia, de oito, frutos da união conjugal com seu ex-companheiro, Márcio Soares Galindo, da qual havia se separado há quatro meses. As duas garotas presenciaram o crime de perto e inclusive teriam visto os bandidos surgirem encapuzados e teriam avisado a mãe do perigo, que tentou arrancar com o carro, mas não teve tempo suficiente. Paulo, que seria o atual namorado de Odeti, conseguiu sair e correr para o interior da empresa para pedir por socorro, momento em que o bandido que permaneceu junto ao carro ordenou que Odeti desligasse o motor e descesse. Enquanto isso, outro marginal teria saído em perseguição de Paulo e atirado em sua direção e do policial que reagiu efetuando quatro disparos, mas nenhum atingiu os marginais. Do lado de fora do carro, no momento da troca de tiros entre o policial e um dos bandidos, o outro comparsa efetuou um disparo a curta distância que vitimou fatalmente a vítima. Os ladrões fugiram sem nada levarem. Ferida na cabeça a costureira chegou a ser socorrida pelo Resgate do Corpo de Bombeiros e encaminhada ao Pronto-Socorro, local onde faleceu. No Centro de Lazer os policiais encontraram uma camiseta vermelha, dois capuzes e um boné, que foram abandonados pelos criminosos. Como é de praxe em ocorrências desta natureza, a arma do policial, uma pistola .40, foi apreendida. Já próximo ao portão da empresa, foram localizadas duas cápsulas deflagradas de calibre 40. Foi requisitada uma perícia no local e a reprodução simulada dos fatos nas versões do policial e da testemunha Paulo. Alguns dos projéteis atingiram o veículo do policial, um Vectra, que estava estacionado próximo ao Palio de Odeti.
Os exames realizados pelo legista José Gonçalves Edward Pardi no corpo da vítima apontaram que o projétil, que não foi localizado, típico de calibre 38 entrou na região frontal da cabeça da vítima e a transfixou, saindo na parte de trás. O ferimento provocou exposição encefálica e múltiplas fraturas no crânio. A Polícia está orientando a população que se alguém tiver alguma informação que ajude a elucidar o crime, deve comunicá-la por telefone, ainda que anonimamente. O corpo de Odeti foi velado no Memorial Bom Pastor e o sepultamento estava marcado para ocorrer ontem no final da tarde.

Inquérito
Ontem o delegado Mauro Gabriel, informou que foi instaurado um inquérito policial e, o crime a ser apurado será de latrocínio, mesmo que os bandidos não tenham conseguido roubar ninguém. Até ontem várias pessoas haviam sido ouvidas e outras que se encontravam no local, passarão por procedimento idêntico nos próximos dias. “Todo setor de investigação da Delegacia de Polícia está acionada para buscar as informações que possam levar a identificação das pessoas que participaram deste crime”, afirmou o delegado. Uma das primeiras ações foi reproduzir os fatos através das informações fornecidas pelo policial Valdecir e pelas outras testemunhas. Como o laudo até então não estava concluído, Mauro Gabriel afirmou ser prematuro fazer qualquer tipo de consideração sobre a forma de agir do policial. Porém deverá ser instaurado um procedimento por parte da Corregedoria da Polícia Civil.

Repetição
A empresa onde aconteceu o crime já foi alvo de um assalto recentemente, que ocorreu em São Paulo. Na época os marginais haviam embarcado em Penápolis com identidades falsas, e o crime foi cometido quando o veículo trafegava por uma das vias de acesso da Capital. Na época um dos bandidos efetuou um disparo, mas, não ocorreu nenhuma morte.
Neste último episódio, a Polícia não descarta a possibilidade dos bandidos terem tentado assaltar os comerciantes, que embarcariam no ônibus. “Presume-se que todos estavam transportando dinheiro para as compras. O assalto acabou sendo frustrado, mas infelizmente com um final trágico”, disse o delegado, e segundo ele, o mês de agosto foi marcado por alto índice de roubos, inclusive um latrocínio ocorrido no dia 06, quando foi assassinado o microempresário Gerson Martos Paliotta, o “Alemão”. O período está sendo considerado o mais violento da cidade nos últimos tempos. “Os índices comprovam que existem muitos marginais portanto arma de fogo. Isto exige dos dois setores da Polícia de Penápolis, Civil e Militar, uma postura mais enérgica para que consigamos retornar normalidade da segurança”, enfatizou o policial. Ontem estavam previstas operações conjuntas entre as duas polícias. (SRF)

Foto: Odeti foi mais uma vítima da violência que assola a cidade