Usina Campestre: Plano de recuperação judicial deve ser apresentado

DA REPORTAGEM

Trabalhadores do setor da indústria e do campo da Companhia Açucareira de Penápolis, a Usina Campestre, continuam sem receber o pagamento referente ao mês de dezembro e o 13º salário. Ontem durante o dia, dezenas de funcionários estiveram em frente da Usina para saber quando o pagamento dos salários em atraso seria feito. A promessa era que eles estariam recebendo no último dia 10. Segundo informou um dos trabalhadores, o motivo do atraso conforme representantes da empresa, seria o trâmite bancário.  “Todos os dias eles prometem que vão pagar, mas isso nunca acontece. Estamos com as contas de água e luz atrasadas e passando por grande humilhação”, disse o trabalhador. Vários manifestos, de forma pacífica já foram realizadas em frente a Usina e o Fórum de Penápolis. Apesar disso, os trabalhadores voltaram para casa sem uma definição. Além dos trabalhadores, ontem à tarde, fornecedores de cana-de-açúcar se reuniram no auditório do Sindicato Rural de Penápolis em buscas de soluções e esclarecimentos, bem como discutir o recebimento das dívidas junto à empresa. Na oportunidade, o presidente do sindicato João Castilho informou aos presentes que até a próxima terça-feira será apresentado o plano de recuperação judicial da Usina Campestre. “Enquanto estiver nos trâmites legais, não podemos fazer nada”, disse. Ele acrescentou que assim que o plano de recuperação for divulgado, uma nova assembléia será realizada onde os próprios fornecedores junto com a comissão formada por eles decidirão se aceitam ou não a proposta. “Caso não concordem como este plano de recuperação, o juiz pode decretar a falência da Usina”, enfatizou. Se os fornecedores aceitarem a proposta, com isso é decretada a recuperação da empresa. “Por enquanto nada foi definido em virtude de estar em processo. Por isso, mais do que nunca devemos estar juntos para decidirmos o melhor em benefício de todos”, enfatizou o vereador e vice-presidente da Plis Cana Ricardinho Castilho. Ele ainda alertou os fornecedores para não assinarem nenhum contrato enquanto o plano de recuperação não for apresentado para não ter problemas futuros. Conforme as informações obtidas pela reportagem do DIÁRIO DE PENÁPOLIS, neste plano de recuperação o prazo pedido pela gestora para sanar as dívidas da empresa seria de 20 a 30 anos. A partir da próxima segunda-feira, 22, a comissão gestora tem 45 dias para publicar um edital com a relação dos credores a serem pagos, bem como o juiz tem o prazo de 150 dias para a realização de uma outra assembléia geral.

Histórico
A Justiça de Penápolis, por meio do juiz da 1ª Vara da Comarca, Rodrigo Chammes, substituiu a gestora judicial provisória, Sucral Engenharia e Processos, pela empresa BR Link Commercial Importação e Exportação de Mercadorias, com sede em Cabo Santo Agostinho (PE). A substituição da gestora foi oficializada no último dia 03 por meio de despacho assinado pelo juiz. A Sucral administrou a Usina Campestre durante dois meses, desde o dia 14 de dezembro de 2009.  A nova gestora da empresa foi indicada pela empresa Bio União Trading, com sede em Ibirá (SP), que apresentou uma proposta de adquirir inicialmente 250 mil sacas de açúcar, ao preço de USD 24,75 de dólares americanos por saca, totalizando 12.500 toneladas e um montante de USD 6.187.500,00 de dólares. A Bio União Trading formalizou a proposta, ou seja, de concretizar a compra, desde que uma empresa de sua confiança, no caso a BR Lins, assuma a gestão da Usina Campestre. Eles alegaram na petição, que em função da responsabilidade que possui junto ao mercado externo, não podem correr nenhum risco. Além da compra inicial de açúcar, o advogado da Bio Trading disse que a empresa poderá celebrar outros contratos para alavancar recursos para a Usina. A empresa também se mostrou preocupada com a recuperação judicial e de sanar as despesas salariais diante das greves que estão sendo deflagradas por parte dos trabalhadores. A nova gestora injetará nos próximos cinco dias cerca de R$ 15 milhões que serão destinados prioritariamente para o pagamento de salários atrasados e do 13º salário dos funcionários. Apenas foi determinada pela justiça a substituição da gestora, sendo que o prazo para recuperação judicial foi mantido. Até o próximo mês, a Usina Campestre apresentará o plano de recuperação, que deverá ser apreciado pelos credores através de uma assembleia agendada para o mês de junho. (IA)