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CIDADE & REGIÃO

12/06/2022

Um até breve

Detalhes Notícia

Minha amada Alline. A dor da perda só é verdadeiramente sentida por aqueles que amam de verdade. No dia 20 de maio de 2022, aproximadamente às 15 horas, estávamos eu e você, numa tarde de sexta-feira, convalescendo da Dengue. Apesar dos exames estarem ótimos, à despeito das dores musculares, o soro que tomávamos não nos impediu de fazer aquilo que mais gostávamos: assistir a um filme e comer um açaí (aquele com leite condensado, banana e leite em pó). À noite você não sentia bem e fomos para o hospital local. Embora seja médico, não quis cuidar de você sozinho e chamei então dois queridos colegas de profissão. Eu e você sabíamos nos comunicar pelos olhares, e foi através deles que sentíamos em nosso íntimo que algo não ia bem, embora você estivesse conversando e até soltando algumas de suas risadas bem conhecidas.

Pela não melhora do quadro geral, optamos por transferi-la para a UTI de uma cidade vizinha. Imediatamente comuniquei todos os familiares para que fizessem suas preces. Corri em casa e, embora você estivesse bem agasalhada, busquei o cobertor de que você mais gostava. Durante toda a transferência, minha mão segurava a sua e dávamos pequenos apertos como forma de comunicar que estava tudo indo bem. Você nada falava e, com seus olhos fechados, pude perceber nitidamente que rezava. Chegando na UTI você já não estava mais tão consciente e, naquele momento, fui eu mesmo que fiz um exame em seu coração que constatava o pior: você estava com uma miocardite (grave inflamação no coração) causada pela Dengue. Naquele momento, meu mundo começou a ruir, pois eu sabia da gravidade. Não sei como tive forças. Em pouco tempo você teve a primeira parada cardíaca. Neste momento, eu já não era mais médico. Comportei-me simplesmente como um marido desesperado, implorando para que você resistisse. E resistiu! Você voltou! Em meio a diversos amigos e colegas de profissão, ao lado de meu irmão, pude, por algumas poucas horas segurar em tua mão, sussurrar em seu ouvido, te beijar e implorar a Deus que não te levasse para junto d’Ele. Apesar de entubada, sua face estava serena e linda, como sempre foi. 

No entanto, logo seus batimentos cardíacos começaram a baixar e senti que você estava partindo... De imediato entendi que você resistiu à primeira parada apenas para que tivéssemos nosso último momento de intimidade e despedida. Eu e todos que lá estavam tentamos, por uma hora, te fazer voltar desta segunda parada, porém Deus te queria mais que eu. E a exatas 24 horas após nosso último açaí, você se foi para junto do Pai. 

Embora nós, aqui, começávamos a viver a o pior dia de nossas vidas, eu tinha certeza que o Céu estava em festa. Você foi minha melhor amiga, minha amada e fiel esposa, a melhor filha, a melhor sobrinha, a melhor neta, a melhor tia, a melhor cunhada, a melhor prima, a melhor madrinha, a melhor mãe (da Meg e da Pretinha), a melhor catequista e a melhor profissional. Você foi mulher de fibra, temente a Deus, me fez um homem melhor. Deus me presenteou com você, com quem pude conviver por 12 anos (entre namoro e casamento). Foram os melhores 12 anos da minha vida! Realmente vivemos um para o outro, como juramos no altar em 24 de maio de 2014: “na saúde e doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe”. Mas a morte é apenas uma passagem. E neste dia dos namorados, ofereço-te como presente uma prece:

Dignai-vos, meu Deus, acolher a prece que vos dirijo pela alma de minha amada esposa, Alline Moterani de Morais Figueiredo; fazei-a entrever as vossas divinas claridades, e tornai-lhe fácil o caminho da felicidade eterna. Permita que seus anjos levem até ela as minhas palavras e meu pensamento.

Você, Alline, que era tudo para mim neste mundo, ouça a minha voz que te chama para te dar mais um testemunho de meu amor. Deus permitiu que você fosse levada primeiro; eu não poderia me lamentar com isso sem ser egoísta, pois seria estar aflito por não mais ter para ti as penas e os sofrimentos desta vida terrena. Espero, pois, com resignação, o momento da nossa união no mundo mais feliz, no qual me precedeste.

Eu tenho plena convicção que nossa separação não é senão momentânea, e que, tão longa que possa me parecer, a sua duração se apaga diante da eternidade da felicidade que Deus promete aos seus eleitos. Que Deus, em sua infinita misericórdia, me preserve de nada fazer que possa retardar esse instante desejado, e que me poupe assim a dor de não te reencontrar ao sair do meu cativeiro terreno.

Como é doce e consoladora a certeza de que não há entre nós senão um véu material que te oculta à minha visão! Que você possa estar aqui, ao meu lado, me ver e me ouvir como antes. Que nossos pensamentos não cessem de se confundir, e que você me siga e me sustente, como sempre o fez.

Que a paz do Senhor esteja com você. Feliz Dia dos Namorados! Sempre te amarei!

De seu marido, Estevão Tavares de Figueiredo

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