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CIDADE & REGIÃO

03/10/2010

Transporte por meio de charretes ainda é procurado

Detalhes Notícia

DA REPORTAGEM

Mesmo com as facilidades em adquirir o tão sonhado carro ou moto zero quilômetro, muitos ainda utilizam os serviços de transporte por meio das famosas charretes para se locomover em Penápolis. Dentre as pessoas que prestam este tipo de serviço está o aposentado Antonio Hernandes Garcia, 84 anos, mais conhecido como Toninho, que graças a este trabalho conquistou novas amizades e foi protagonista de grandes histórias. Ele, que faz ponto na rua Dr. Ramalho Franco, próximo a Unisam (Unidade de Saúde Mental) há 30 anos, recorda que a idéia em se tornar charreteiro surgiu após começar sua carreira profissional no Salto do Avanhandava e depois trabalhar no DER (Departamento de Estrada de Rodagem) por cinco anos. “Em 1945 iniciei o trabalho no transporte de pessoas adquirindo a primeira charrete, fazendo ponto onde hoje é o Bazar Oriente, pois o Banco do Brasil funcionava por lá”, comentou. Toninho, que está nesta profissão há 62 anos informa que no começo, como o transporte com veículos era escasso, a população procurava sempre os charreteiros, na época havia 70 profissionais. “Sempre as pessoas me procuravam para buscar familiares na antiga estação ferroviária, levar compras de supermercado e professoras para lecionar aulas nos bairros rurais da cidade”, observa. Atualmente, apenas ele se mantém na profissão que foi se extinguindo, pois muitos de seus companheiros se aposentaram e outros morreram. “Eu permaneço até hoje porque me sinto feliz em prestar este serviço, conheço pessoas e faço novas amizades”, ressaltou. O charreteiro recebeu este ano uma Moção de Congratulação da Câmara Municipal por continuar ativo em sua profissão.

Nascimento
O charreteiro tem muitas histórias e duas são sempre lembradas por ele. A primeira que marcou muito a sua carreira profissional foi quando ainda fazia ponto próximo ao Bar Tabú. “Lembro-me até hoje quando um rapaz de bicicleta se aproximou e disse que precisava levar uma mulher que estava grávida para a Santa Casa. Peguei a gestante e corri até o hospital, quando cheguei na unidade, a mulher começou dar a luz uma menina com a ajuda das enfermeiras, na minha charrete”, recorda. Mas grandes emoções estavam guardadas para Toninho, tendo assim um final feliz nesta história. Passados 30 anos deste episódio, ele estava no atual ponto aguardando a chegada de um cliente, quando uma mulher, junto com a sua mãe e a filha se aproximaram e solicitaram que as levasse até o Postinho de Saúde localizado no bairro Cidade Jardim. “Ao subir na charrete, iniciamos uma conversa, e a mulher falou que sua mãe sempre dizia que ela havia nascido em uma charrete. Perguntei há quanto tempo havia ocorrido, e ela disse que há 30 anos. Neste momento eu disse que foi nessa charrete que ela estava andando que tinha nascido”, lembrou Toninho emocionado. Outra história contada por ele infelizmente teve um final trágico. “Era por volta de 01h da madrugada quando um rapaz se aproximou da charrete e disse que era para buscar um homem que estava muito doente no embarcador - local onde se descarregava gado. Fui até o local e quando cheguei várias pessoas ajudaram a colocá-lo na charrete, pois ele estava muito debilitado. Saí em disparada até a Santa Casa e próximo à antiga Chevrolet percebi que o homem não estava respirando, chamei pelo nome, ele não respondeu, dei um cutucão em seu rim, e nada, quando cheguei ao hospital, as enfermeiras e o médico constatou que o homem já estava sem vida”, enfatizou. Viúvo há nove anos, Toninho, que trabalha das 07h00 às 17h00, ressaltou que com a profissão conseguiu prover o sustento para casa, trabalhando inclusive muitas vezes no período noturno. “Antigamente era difícil ser assaltado na cidade, conseguíamos um bom dinheiro à noite transportando pessoas que desciam na antiga estação ferroviária e residiam em Avanhandava”, disse. Atualmente ele cobra R$ 5 reais para realizar uma corrida e R$ 10 um passeio com um trajeto maior pela cidade. Toninho garante que ainda dá para ganhar um dinheiro extra com as corridas que realiza. “Muitas professoras me procuram para levar os alunos pra dar uma volta de charrete. Muitas famílias que residem em São Paulo e passam o final de ano em Penápolis sempre solicitam meus serviços, pois as crianças tiram fotos na charrete como recordação, já que na capital paulista é muito difícil ver este tipo de transporte circulando pelas ruas”, diz.

Passatempo
Questionado se pretende algum dia abandonar a profissão de charreteiro, Toninho disse que enquanto Deus lhe prover saúde estará sempre parado na rua Dr. Ramalho Franco à disposição da população. “Para mim a profissão serve de passatempo, já que resido sozinho e não consigo ficar parado em casa. Sinto muito orgulho em fazer parte da história da cidade, prestando este serviço que pouquíssimos municípios no Estado de São Paulo ainda possuem”, finalizou. (Ivan Ambrósio)

Foto: No início de sua carreira profissional haviam 70 charreteiros que realizaram este transporte

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