Classificados

VÍDEOS

Residência pega fogo em Penápolis
Penápolis no programa Cidade contra Cidade do SBT em 1989

CLIMA

Tempo Penápolis

fale com o DIÁRIO

Fone Atendimento ao assinante & comercial:
+55 (18) 3652.4593
Endereço Redação e Comercial: Rua Altino Vaz de Mello, 526 - Centro - CEP 16300-035 - Penápolis SP - Brasil
Email Redação: redacao@diariodepenapolis.com.br
Assuntos gerais: info@diariodepenapolis.com.br

CIDADE & REGIÃO

27/11/2011

RECOMEÇO: Moradores de rua querem oportunidade

Rafael Machi
Detalhes Notícia
O morador de rua José Carlos diz que foi casado mas que voltou para a rua após a separação

DA REPORTAGEM

 

Moradores de rua que vivem em Penápolis revelaram que estão preocupados com a violência sofrida por um companheiro no último dia 15, quando ele, segundo testemunha, foi agredido por sete rapazes e colocado dentro de um veículo ficando desaparecido por cerca de 24 horas. Eles revelam que a falta de consciência de algumas pessoas aumenta o medo de também serem agredidos. A reportagem do Diário conversou com alguns desses moradores que falaram um pouco sobre seus problemas. No Parque Maria Chica, um grupo de moradores de rua disse que anda junto, principalmente à noite para se proteger. Segundo Reginaldo Ribeiro de Godoy, 36 anos – há seis morando na rua – o medo é constante, e é preciso ter alguns cuidados. "Não andamos mais sozinhos no período noturno, quando vamos dormir, um tem que ficar acordado para vigiar o grupo, afinal nunca sabemos o que pode acontecer quando estamos na rua, é um perigo constante", comentou. Ele revela que está na rua pelo fato de não ter oportunidades, e gostaria de não viver tantos preconceitos por parte das outras pessoas. "É ruim vivermos sob os olhos incomodados das pessoas, e não ser tratado com respeito, muitas vezes somos xingados e criticados, isso nos entristece muito", revelou. Para Jovelina Batista da Silva, 39 - vivendo há seis anos na rua – o preconceito também a incomoda. "Graças a Deus não estamos roubando e nem matando, queremos apenas algo melhor para a gente. É horrível viver na rua, mas temos que fazer isso por falta de oportunidades, de ter algo decente", comentou. Ela possui alguns problemas de saúde, como diabetes, hipertensão e problemas na vista, o que acaba agravando sua situação. "Já procurei o médico para começar um tratamento, mas é tudo muito difícil, então vou vivendo como posso, mesmo sabendo destes problemas", revelou.

 

Família

Jovelina vive com um outro morador de rua, Renato da Silva Amorin, 26 anos. Ambos são naturais de Penápolis e possuem família. Renato não quis falar sobre sua vida pessoal, mas Jovelina revelou que possui quatro filhos e três netos, mas que, acima de tudo, não abandona os amigos que fez na rua. "Sempre converso com meus filhos, meus netos e sempre falam que querem me levar de volta para casa, mas acabo pensando nos meus amigos e também no Renato, não consigo sair daqui e os deixar na rua, sem saber o que estão comendo, o que estão vestindo e fazendo, e como meus filhos dizem que darão assistência somente para mim, prefiro continuar na rua e viver com eles. Reginaldo revelou ser natural de Sorocaba e que veio para Penápolis após algum tempo na rua. Disse que desde pequeno deixava a tia em casa e sumia por alguns dias, até que ficou definitivamente. Ele contou que gostou muito da cidade, por isso acabou permanecendo aqui. "A população daqui é muito generosa e nos ajuda da forma que podem, mesmo sendo excluído por muitos, existem aqueles que são bons e que sempre estão conosco", revelou. A história de José Carlos Pereira, 46 anos chama a atenção. Ele disse que cresceu em Terra Roxa (SP) e que foi para rua ainda adolescente, vivendo por alguns anos, conheceu uma mulher pela qual se apaixonou e que juntos montaram uma casa para viverem, mas por conta das brigas acabaram se separando e ele voltou a viver nas ruas. Ele já passou por diversas cidades, como São José do Rio Preto, José Bonifácio até que chegou a Penápolis, onde vive há seis anos, e pretende continuar morando aqui. "É claro que não quero ficar na rua, tenho um trabalho simples e quero juntar dinheiro para alugar uma casa. "Trabalho como servente em um rancho e passo a semana toda lá, quando venho para a cidade, nos fins de semana, não tenho onde ficar, então fico com meus amigos na rua", revelou.

 

Preconceitos

Os moradores de rua afirmam que não utilizam entorpecentes, mas que são viciados em bebidas alcoólicas, principalmente a pinga. "Bebemos para passar o tempo e nos aquecermos, droga mais pesada, não utilizamos, o que nos orgulha", contou Jovelina. Bastante religiosa, ela faz questão de dizer que mesmo sendo moradora de rua, é um ser humano. "Você não faz idéia do que é chegar em um lugar ser visto como bicho. As pessoas não querem ver nossas qualidades, nossa vontade de trabalhar, querem apenas se cercarem de quem está bem vestidas e que falam bem. infelizmente somos visto de uma forma muito preconceituosa, são opiniões precipitadas, não querem nos conhecer como realmente somos", disse. Renato diz que há tempo procura um emprego, mas o sonho não se torna realidade. "Eu quero trabalhar e ter uma vida mais digna, mas as pessoas fecham as portas para nós, nem ao menos deixam mostrarmos nossos conhecimentos e qualidades, razão pela qual continuamos com essa vida sofrida", disse. A idéia do preconceito se repete em cada um deles, todos dizem que querem apenas uma oportunidade. "Não queremos um prato de comida, mas queremos respeito e ser vistos como qualquer outro que trabalha e é feliz", finalizou Reginaldo.

 

Assistência

A assistente social do SOS (Serviço de Obras Sociais) de Penápolis, Paula Renata Ronconi, diz que a entidade realiza um trabalho em cima dos moradores de rua da cidade. Segundo ela existem cerca de 20 deles vivendo em situação de risco. De acordo com ela, a entidade recebe diariamente moradores de rua que são buscados por pessoas da entidade na tentativa de oferecer oportunidades de trabalho e acompanhamento social. "Quando um morador de rua entra aqui no SOS ele recebe todo atendimento de higiene pessoal, acompanhamento de saúde e também profissionalização para ser inserido no mercado de trabalho, mas infelizmente não são todos que aceitam e acabam recusando nosso serviço", comentou. Mesmo com a recusa de alguns, ainda existem aqueles que aceitam ser amparados pelo SOS. Paula explica que existem bons exemplos de moradores de rua que deixaram a vida sofrida e foram atrás de oportunidades. "Tenho pessoas que estiveram conosco e conseguiram se profissionalizar no mercado de trabalho e hoje já constrói sua própria casa, mostrando que é possível vencer na vida e ter um objetivo melhor". Para ela, poder ajudar um morador de rua a vencer na vida é algo muito gratificante. "É uma das melhores coisas, afinal você pode ver que ajudou aquela pessoa a ser o que é, a ter algo na vida e voltar a enxergar o mundo com bons olhos, gostaríamos muito que todos colhessem bons frutos como estes exemplos de superação que temos", finalizou. (Rafael Machi)  (Ra

VEJA TODAS AS NOTÍCIAS

© Copyright 2024 - A.L. DE ALMEIDA EDITORA O JORNAL. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total do material contido nesse site.

Política de Privacidade