Reação: Aposentada protesta contra envenenamento de gatos

A morte de gatos causada por envenenamento levou uma aposentada, moradora da rua Treze de Maio, no centro da cidade, a colocar uma faixa em frente à sua residência como forma de protesto. Maria Aparecida Bonfim, conhecida por Lia, disse não ter suspeitas sobre quem possa ter envenenado os animais, mas afirmou que o fato é freqüente nas proximidades da residência. A faixa de protesto, colocada há mais de dois meses, traz a palavra “covarde”, seguida de uma frase e as datas de nascimento e morte de suas duas gatas, Pink e Fanny.

“Foi uma maneira que encontrei de mostrar para pessoas capazes de cometer maldades com os animais, que eu não posso me calar e aceitar isso com naturalidade”, desabafou. “As pessoas podem pensar que é exagero, mas não é um bicho qualquer porque a gente cuida com todo amor”, completou. Lia disse ainda que sua iniciativa recebeu o apoio de vários moradores vizinhos e que algumas pessoas que passam pela rua chegam a chamá-la para perguntar sobre o caso.

A aposentada sofreu pela primeira vez a perda de seu animal de estimação em 2005, quando a gata Pink, de raça siamesa, apresentou sintomas de envenenamento, como boca espumando e inchaço na barriga. “Ela chegou a ficar internada numa clínica veterinária, mas quando voltou para casa não resistiu e morreu”, lamentou a dona da gata. O animal passou por exames, que comprovaram o envenenamento, assim como aconteceu com outros dois gatos, pertencentes a sua vizinha, que apareceram mortos na mesma época. Lia adotou outra gata em maio deste ano, quando o animal, chamado de Fanny, tinha apenas um mês de vida. “A gatinha chegou muito magra e cuidamos com muito carinho, mas três meses depois ela foi encontrada morta, também com os sintomas de envenenamento”, revelou Lia. “Fiquei chocada porque aconteceu com as duas gatas a mesma coisa”, lamentou.

A dona dos animais disse que sua intenção era registrar um Boletim de Ocorrência, mas que não chegou a fazê-lo por falta de suspeitos. “Chegamos a receber denúncias anônimas de quem poderia ter envenenado os bichos, mas não vou me apegar a acusações anônimas, até porque eu não poderia prová-las”, comentou.

Estimação

Entre os motivos que revoltam a aposentada está o fato de ter criado os animais com o máximo de cuidado para que eles não incomodassem a vizinhança. “As gatas passavam grande parte do tempo dentro da minha casa e uma delas havia sido castrada justamente para evitar qualquer transtorno”, contou Lia que, mesmo com receio de perder outro animal de estimação, adotou recentemente uma gata persa, chamada de Nina. “Agora mantenho a gata dentro de casa, embora seja um animal difícil de deixar somente preso, mas tenho medo”, revelou, “Até mesmo os dois cachorros que tenho deixo o mínimo possível fora de casa”, disse.

Para a aposentada, o que aconteceu com os gatos foi resultado de atitudes de pessoas maldosas. “Não acho correto a criação indiscriminada nem a existência de muitos animais na mesma casa, porque isso incomoda mesmo os vizinhos, mas nem que este fosse meu caso seria justificável a maldade cometida”, opinou Lia.

Cuidados

A veterinária da Vigilância Sanitária de Penápolis, Larissa Lundstedt, alerta para os cuidados necessários para diminuir os riscos de envenenamento e revela que os casos devem ser registrados por meio de Boletim de Ocorrência. “Os animais são protegidos por lei federal tanto em situações de maus tratos quanto em casos de pessoas que tiram a vida do animal sem motivos. Se a atitude for comprovada, o autor pode ser preso, porque não deixa de ser um crime”, comentou.

Ela explicou ainda que, diante de alguns sinais de envenenamento, o dono do animal deve procurar cuidados veterinários com urgência. “Vários sinais podem aparecer como dilatação da pupila, comportamento agressivo, vômito, sangramento oral, entre outros”, citou. Sobre as orientações aos donos de animais, a veterinária aconselha que eles sejam deixados presos durante o período noturno. “Gatos tem hábitos noturnos e fora de seu ambiente ele vai procurar alimentos e brigar com outros gatos, o que pode causar incômodo aos outros. Manter o gato na residência é ideal e cada um é responsável pelo animal que tem”, lembrou Larissa.

A veterinária aconselha ainda a castração do animal. “A castração ajuda porque muitos saem e brigam porque estão no cio, e acabam até se machucando nestas brigas. Além disso, o controle de reprodução é essencial, já que a cidade apresenta crescimento no número de gatos, que acabam ficando abandonados pelas ruas”, finalizou ela. (AR)