Questões a serem esclarecidas com relação ao atendimento da Maternidade da Santa Casa de Penápolis

* A paralisação no atendimento se deu exclusivamente pela falta de retaguarda de anestesiologia, depois de alguns dias sem esta especialidade no hospital comunicamos à Santa Casa da suspensão do atendimento em 18/12/2008 até 02/01/2009, pois havia uma expectativa de solução para o problema para esta data, solução esta que acabou não se concretizando. No mês de janeiro/2009 a Santa Casa contou com anestesista diariamente das 7 às 12 horas, de segunda-feira a sexta-feira. Mesmo tendo comunicado o hospital da suspensão do atendimento, não paralisamos o plantão, no horário em que havia anestesista realizamos todos os atendimentos e cirurgias necessárias, quando o ato cirúrgico poderia ser realizado neste horário; nos períodos sem anestesista continuamos no plantão auxiliando o Pronto Socorro na sua função de pronto atendimento das gestantes e outras pacientes com casos ginecológicos avaliando e encaminhando para outros serviços os casos com possibilidade/necessidade de cirurgia. Portanto não houve em nenhum momento GREVE dos médicos da Maternidade; como a situação prosseguia sem uma solução definitiva comunicamos a Santa Casa em 26/01/2009 que a partir de 27/01/2009 suspenderíamos o atendimento, pois estávamos colocando as pacientes em risco e assumindo riscos aos quais não tínhamos como responder;
* A questão salarial (há mais de quatro anos o valor pago pelo plantão é o mesmo) foi colocada à Santa Casa neste comunicado do dia 26/01/2009, e em momento algum esteve ligada à paralisação do atendimento, solicitamos sim uma discussão do problema;
* Após o comunicado e discussão com a Diretoria da Santa Casa (sem paralisar o atendimento)  recebemos uma proposta do hospital com várias questões a serem discutidas, entre elas:
* 60% de reajuste no valor do plantão nos dias úteis e 80% nos finais de semana e feriados;
* Diminuição do índice de cesarianas para 25% no período de seis meses, hoje este índice gira em torno de 75%;
* As outras questões do documento são praticamente idênticas ao que está em vigor hoje.

De todas as questões do documento uma necessita de maiores discussões, é a taxa de cesarianas.
A taxa de cesarianas tem sido pauta de inúmeras discussões no meio médico; ela vem crescendo em todo país – em pouco mais de 20 anos (de 1982 a 2004) subiu de 27,7% para 42,2%. Todos os esforços devem ser direcionados à sua diminuição, tarefa esta bastante difícil e que necessita de ações de todos os serviços de saúde pública, privada, da mídia e da comunidade em geral.
Alguns pontos a serem discutidos para investimentos na área e sem os quais a queda da taxa de cesarianas se torna inviável:
* Mudança da “cultura da cesárea” – erroneamente todos acham que o parto normal tem mais riscos, que a parturiente sofre mais e que a criança tem menores chances de nascer com boas condições de vida;
* Pressão da paciente e da família para que o médico faça cesárea – julgando ser o melhor procedimento;
* Melhoria/mudanças no apoio diagnóstico e nos procedimentos  na obstetrícia:
* Pré-natal voltado para o parto vaginal, e com maiores retaguardas de apoio diagnóstico;
* Ultrassonografia simples;
* Ultrassonografia com Doppler;
* Retaguarda de UTI neo-natal;
* Cardiotocografia;
* Analgesia de parto;
* Retaguarda de assistência pediátrica.

Diante do exposto os médicos do Departamento de Ginecologia/Obstetrícia da Santa Casa de Penápolis estarão discutindo todas as questões colocadas pela Diretoria da Santa Casa, sendo que delas a que necessitará de maiores investimentos e discussões é a diminuição da Taxa de Cesarianas, como exposto acima.

Confira no jornal impresso alguns dados do Brasil para análise.

MANUEL CARLOS PINOTTI AFFONSO
Membro do Departamento de Ginecologia/Obstetrícia
Santa Casa de Penápolis