Classificados

VÍDEOS

Penápolis no programa Cidade contra Cidade do SBT em 1989
Residência pega fogo em Penápolis

CLIMA

Tempo Penápolis

fale com o DIÁRIO

Fone Atendimento ao assinante & comercial:
+55 (18) 3652.4593
Endereço Redação e Comercial: Rua Altino Vaz de Mello, 526 - Centro - CEP 16300-035 - Penápolis SP - Brasil
Email Redação: redacao@diariodepenapolis.com.br
Assuntos gerais: info@diariodepenapolis.com.br

CIDADE & REGIÃO

18/05/2008

Profissão: Tanatólogos têm a morte como rotina

A morte é uma certeza que muitos seres humanos têm como indesejável. Para uns, ela significa o fim; para outros é uma passagem necessária para um lugar melhor. Mas é neste momento tão delicado da vida que os Tanatólogos, ou Agentes Funerários atuam. Conforme explica o dicionário, Tanatólogo vem da palavra grega Tanatologia que significa “estudo da morte, teoria acerca da morte, da sua natureza, dos seus sinais”. Este profissional é o responsável em preparar os corpos para os ritos fúnebres, e entre os serviços realizados está a higienização, que prorroga o estado de decomposição do corpo, tornando possível a realização dos velórios. O salário de um Tanatólogo em média é de R$ 1.500,00 à R$ 2.000,00.
Um destes profissionais é Joel da Silva, casado, 40 anos, que trabalha na empresa Funerária Bom Pastor e Helerson Fuda Leopoldo, 40 anos proprietário da Funerária Canaã, em Penápolis. Com 21 anos de profissão, Joel diz que optou pela ocupação por não haver muitos campos para escolher. “Comecei trabalhar em 1987 quando tinha 20 anos. Como não havia muitas oportunidades de emprego na época, aceitei de prontidão”, disse. Helerson trabalha há 12 anos como tanatólogo e explica como tudo começou. “Sou formado em técnico agrícola e sempre ajudava os veterinários nas cirurgias com os animais. Quando meu pai arrendou a funerária, logo me despertou a curiosidade em fazer cursos na área”, comenta. Ambos receberam nossa reportagem com normalidade, respondendo as perguntas oscilando entre risos e frieza. Para eles, falar sobre morte é como falar de futebol ou política com os amigos. Segundo Joel, sua profissão só faz perder o sono quando ligam no meio da noite para realizar o trabalho. “Já perdi muitas noites de sono, por ter que preparar (um corpo), mas perder noite de sono devido mexer em algum corpo e depois imaginar sobre este, nunca”, respondeu entre risos. Assim como Joel, Helerson brinca dizendo que nunca perdeu noites de sono tendo pesadelos com os corpos que prepara.

O Começo
Sobre o início como Tanatólogo, Joel definiu como “terrível”, pois em seu primeiro dia de serviço faleceram dois amigos seus, e com isso, entrou em estado de choque e logo pensou em desistir da profissão. Helerson nos diz com muita alegria sobre seu primeiro dia de serviço. “Foi um sucesso porque o primeiro corpo que preparei não houve extra vazamento de líquido, odores, deformação anatômica”, enfatiza. Hoje, porém, ambos dizem orgulhosos de seu trabalho. Quando falamos da profissão, Joel e Helerson se expressaram como um pai que se orgulha do filho bem sucedido. “Hoje tenho orgulho em ser Tanatólogo”, comenta Joel abrindo novamente o sorriso peculiar. “Essa profissão tem um trabalho social muito bonito, pois atende os entes queridos tirando o impacto e amenizando a dor da morte”, ressalta Helerson. Com respeito ao horário de trabalho, ele nos informa que não tem um horário fixo. “Trabalho em três turnos. Mas quando precisam, não importa à hora, sempre ligam. Fico disponível 24 horas”, diz Helerson. “Não tenho horário. Se precisarem mesmo estando em casa eles me chamam. Trabalho em regime de plantão pois não tem hora para acontecer”, comenta Joel. Quando perguntamos o número de corpos em que já preparam, ambos abrem um grande sorriso e brincam dizendo que já perderam a conta de tantos corpos que já prepararam, mas que realizam, em média, 60 óbitos por mês.
O sorriso dá um lugar a um semblante fechado quando falamos de coisas que o impressionaram nestes 21 anos de profissão. Com um tom de lamento, Joel, pai de três filhos, nos diz que um corpo de uma criança acidentada de quatro anos, que era conhecida por ele, passou pelos seus cuidados. Falando sobre este acontecimento, comenta sobre a triste experiência de pais perderem seus filhos. “Fico até hoje impressionado quando chegam crianças para preparar, pois sou pai e sei o quanto pode ser doloroso perder um filho”. Casado, pai de quatro filhos, Helerson comenta que até hoje fica impressionado quando prepara corpo de crianças. “Fico impressionado quando chegam corpos de crianças pequenas, ou pessoas vítimas de acidente. Sou pai e sei o quanto deve ser doloroso para a família perder uma criança ou um jovem que está na flor da juventude”, diz.

Preparação do corpo
Sobre os métodos usados na preparação, Helerson nos diz que hoje, diferente de 12 anos atrás, está muito avançado. São usados três métodos de preparação que são a Formalização (inibir a proliferação e a ação das bactérias do corpo evitando inchaço e conservando durante o tempo do velório); Embalsamento (usado para corpos que são transportados para fora do país ou estado) e a Tanatopraxia (troca de fluídos do corpo). “A Tanatopraxia, implantada em 1996, é um serviço que substitui muito bem a formalização e o embalsamento”, comenta Helerson. “Este método é simples e seguro, evitando a propagação de infecção, risco de epidemia em velórios, assegurando a conservação em até 90 dias”, explica Joel.
Hoje em dia, a preparação do corpo inclui banho, maquiagem e em alguns casos como acidente é feito à reconstituição facial com produtos parecidos com a pele humana. O corpo é lavado, sendo usado shampoo, creme e loção adstringente na preparação. Por fim, quando o corpo está quase pronto, é colocado dentro do caixão para ser velado. Mas nesta preparação há uma curiosidade: Joel nos conta como é feita à colocação da roupa no corpo. “Todos os corpos são tratados com muito respeito. Vestimos como se estivesse vestindo uma criança ou um boneco”, ressalta. Evangélico, Joel nos diz que a morte é um momento brutal, pois “machuca o ente querido”, porém, ele acredita que Deus preparou um lugar especial para cada ser humano. “A morte é um processo da vida que todos nós vamos passar. Acredito que exista outro lugar que não seja na Terra que Deus preparou para nós”, conclui. Helerson, também evangélico, comenta que a morte é um momento muito delicado, e por isso devemos prezar muito nossa vida. “A morte é apenas um estágio que passamos e com isso devemos dar muito valor na vida, dada por Deus. Temos que aproveitar o máximo para salvar nossa alma. O dano maior vem acontecer na segunda morte, onde todos nós compareceremos no tribunal de Cristo”, finaliza. (IA)

Foto: Joel começou trabalhar em 1987 quando tinha 20 anos. Hoje, com 21 anos de profissão, se diz orgulhoso de seu trabalho

VEJA TODAS AS NOTÍCIAS

© Copyright 2024 - A.L. DE ALMEIDA EDITORA O JORNAL. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total do material contido nesse site.

Política de Privacidade