Classificados

VÍDEOS

Residência pega fogo em Penápolis
Penápolis no programa Cidade contra Cidade do SBT em 1989

CLIMA

Tempo Penápolis

fale com o DIÁRIO

Fone Atendimento ao assinante & comercial:
+55 (18) 3652.4593
Endereço Redação e Comercial: Rua Altino Vaz de Mello, 526 - Centro - CEP 16300-035 - Penápolis SP - Brasil
Email Redação: redacao@diariodepenapolis.com.br
Assuntos gerais: info@diariodepenapolis.com.br

CIDADE & REGIÃO

31/01/2016

Produção de calçados: Jornalista penapolense se destaca com “Websérie”

Divulgação/Pés Descalços Produções
Detalhes Notícia
A rotina de trabalhadores informais no ramo calçadista de Birigui é destacada em documentário produzido com parceria de jornalista penapolense

DA REPORTAGEM

O jornalista penapolense Breno Alves, de 21 anos, se destacou nesta última semana ao lançar um documentário feito em parceria com o amigo e também jornalista Vinícius Macedo, 21, sobre a rotina de trabalhadores informais do ramo calçadista em Birigui. O vídeo, que na verdade se trata de uma “websérie”, tem dois capítulos divulgados semanalmente em um canal no Youtube – maior site de reprodução de vídeos na internet.
A série intitulada como "Pés Descalços: o avesso da produção calçadista em Birigui", começou a ser desenvolvida nos primeiros meses de 2015, quando os então alunos de jornalismo de uma faculdade em Araçatuba, precisavam desenvolver seus Trabalhos de Conclusão de Curso. Breno explicou que o TCC apresentado oficialmente por ele e pelo colega de turma, na realidade, se trata de um livro-reportagem, mas que a ideia deu certo e que então resolveram prosseguir com o projeto através do documentário. “Achamos o assunto muito interessante e descobrimos que poderia nos render um bom conteúdo. Como tínhamos que ir até a casa dos nossos personagens para as entrevistas do TCC, resolvemos gravar tudo, nos possibilitando ter um vasto material sobre o tema e assim lançarmos nossa websérie”, explicou.
Ele revelou que a ideia surgiu quando conheceu uma senhora que foi em seu local de trabalho com um sapatinho em mãos, fazendo sua costura. “Aquilo me chamou a atenção e perguntei o porquê daquilo. Sua explicação me chamou a atenção e decidi saber mais sobre essa produção feita em casa, foi quando resolvemos fazer nosso TCC em cima da temática”, afirmou.
O pré-projeto foi feito a aprtir de março, sendo que entre os meses de agosto e novembro foi realizada toda a produção e edição do trabalho. "Assim como no livro-reportagem, a ideia é tornar público, só que dessa vez utilizando o recurso do áudio e da imagem, as experiências desses trabalhadores que quase sempre não são lembrados por aquilo que fazem, mas que contribuem fortemente com a economia local por meio da informalidade", disse o também produtor do trabalho Vinícius Macedo.

Gravações
Alves explicou ainda que as gravações foram realizadas no próprio local de trabalho das pessoas, sendo utilizadas técnicas diferentes nas gravações. “Exploramos muito o ambiente de trabalho delas, sendo suas próprias casas. Para isso, utilizamos um microfone que capta todo o som ao redor das pessoas, pois assim conseguimos pegar aquele carro que passa na rua, a criança que chama pela mãe enquanto ela trabalha e até os animais de estimação que acabam dividindo o espaço. A característica é essa, mostrar a rotina de uma pessoa que trabalha duro para ganhar o dinheiro, mas que está dentro de casa, cuidando de todos os demais afazeres”, ressaltou Alves.
Todo o trabalho gerou grande expectativa das pessoas e hoje está sendo acompanhado até mesmo por autoridades. “Principalmente em Birigui, de onde iniciamos o projeto. As pessoas focaram curiosas para saber como ficariam as gravações, o que seria abordado, entre outras coisas. Felizmente estamos tendo uma resposta muito positiva. Sindicatos estão acompanhando e dando retornos positivos e também trabalhadores do ramo, que ao verem o vídeo, se identificam e acabam deixando comentários dizendo que é daquela forma que as coisas acontecem e acabam utilizando as redes sociais os vídeos são publicados para desabafarem”, disse. “Nosso objetivo está sendo alcançado, que é o de exibir o outro lado dessa produção. Quem são essas pessoas, como trabalham, por que optaram pela informalidade. Ou seja, damos voz para pessoas que não são ouvidas e expomos suas intensas rotinas de trabalho", enfatizou Alves.
Os vídeos, produzidos pela “Pés Descalços Produções” – produtora criada pelos jornalistas para a divulgação do trabalho – podem ser conferidos no canal do Youtube que leva o nome da produtora. São dois capítulos por semana, sempre às terças-feiras, às 19h00, e aos sábados, às 12h00. Ontem (30) foi publicado o terceiro capítulo. A divulgação dos vídeos está sendo feita através das plataformas Facebook, Twitter e Instagram.

Birigui
A cidade, referência no setor do calçado infantil brasileiro, recorreu ao trabalho informal por necessidade. A abertura econômica na década de 1990, incentivada primeiramente pelo governo de Fernando Collor de Mello e efetivada por Fernando Henrique Cardoso na tentativa de tornar o mercado brasileiro mais competitivo e atraente do ponto de vista internacional, ocasionou grandes mudanças no sistema produtivo local, principalmente quanto à flexibilização das relações de trabalho.
A concorrência desleal com os calçados vindos do outro lado do planeta, essencialmente da China, enfraqueceu o setor calçadista biriguiense, que precisou se reestruturar para competir com o produto importado em um novo cenário econômico. A produção diária chegou a cair em 15% e os postos de trabalho formais foram reduzidos em mais de 30%.
Os calçados asiáticos eram vendidos a valores muito abaixo em relação aos brasileiros. Explicam os baixos valores a alta demanda e a mão-de-obra pouco valorizada, muitas vezes semiescrava. A produção em demasia fazia com que o PIB (Produto Interno Bruto) chinês, por exemplo, crescesse valores superiores a 10% durante os anos 90 enquanto o Brasil sequer chegou a crescer 5% no mesmo período.
Embora a informalidade exista desde o início da história fabril do calçado em Birigui, na década de 1950, os últimos 20 anos foram cruciais para que a lógica do trabalho informal se sistematizasse. (Rafael Machi – Com informações/Pés Descalços Produções)

VEJA TODAS AS NOTÍCIAS

© Copyright 2024 - A.L. DE ALMEIDA EDITORA O JORNAL. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total do material contido nesse site.

Política de Privacidade