Classificados

VÍDEOS

Residência pega fogo em Penápolis
Penápolis no programa Cidade contra Cidade do SBT em 1989

CLIMA

Tempo Penápolis

fale com o DIÁRIO

Fone Atendimento ao assinante & comercial:
+55 (18) 3652.4593
Endereço Redação e Comercial: Rua Altino Vaz de Mello, 526 - Centro - CEP 16300-035 - Penápolis SP - Brasil
Email Redação: redacao@diariodepenapolis.com.br
Assuntos gerais: info@diariodepenapolis.com.br

CIDADE & REGIÃO

13/08/2017

Preconceito: Ação social chama atenção em praça contra a homofobia

Imagem/Rafael Machi
Detalhes Notícia
A jovem Larissa Gimenes permaneceu de olhos vendados e o cartaz de sua ação social aguardando a reação das pessoas

DA REPORTAGEM

Quem passou pela praça Dr. Carlos Sampaio Filho na manhã desta sexta-feira (11) presenciou uma cena, no mínimo curiosa. Uma jovem permaneceu durante algum tempo parada na praça com os olhos vendados. Ao lado dela um cartaz que dizia: “Sou gay. Você me abraça ou me bate?”. E acabou sendo de abraço em abraço que a vice-presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Penápolis (Umesp), Larissa Gimenes Rodrigues, sensibilizou diversas pessoas sobre a necessidade de se combater a homofobia.
Ela, que se considera heterossexual, afirmou que não precisa ser gay para lutar por esta causa. “Somos todos seres humanos e, infelizmente, vemos tantos descasos por conta de uma opção sexual. Esta escolha não determina o caráter e a honestidade de uma pessoa, por isso, a luta por esta igualdade deveria ser de todos nós, independente da opção de cada um”, comentou. 
A iniciativa partiu da própria Umesp como uma forma de manifestação social no dia do estudante, comemorado em 11 de agosto. Apesar de uma adesão bastante tímida das pessoas num primeiro momento, aos poucos a ação foi ganhando a confiança de quem passava pelo local e muitas pessoas não deixaram a ação despercebida. Se aproximavam, um pouco acanhadas e acabavam se entregando a longos abraços e palavras de carinho à jovem protagonista. “No começou foi algo muito estranho, principalmente por estar com os olhos vendados. Eu não conseguia ver a reação das pessoas, apenas esperava para senti-las através do abraço”, afirmou.
Apesar do carinho recebido pela iniciativa, a jovem destacou também que o medo fez parte do trabalho. “Eu sabia que estando ali, estava sujeita a qualquer coisa, inclusive a de ser agredida, como dizia o cartaz. Apenas uma pessoa se aproximou de mim e me deu um tapinha na testa, mas apenas em tom de brincadeira, em seguida me deu um longo abraço me parabenizando pela ação”, destacou. A ação social despertou a atenção de diversas pessoas, de variadas classes sociais e idades, desde crianças a idosos. Um exemplo disso foi à estudante Ketleen Kelly da Silva Mustasso, de 14 anos. Ela passou pela praça e, ao ver a cena inusitada, não pensou duas vezes, foi de encontro á jovem e lhe deu um grande abraço. 
Questionada pela reportagem, ela disse que se sensibilizou com a iniciativa, assim como ela se sensibiliza com a causa contra a homofobia. “Infelizmente vemos tantos casos de agressão, pessoas que são discriminadas. Isso, muitas vezes, acontece perto da gente e, mesmo assim, ainda fazemos de conta que não enxergamos. Por isso fiz questão de abraçá-la e também me mostrar solidária à causa”, afirmou. 
Para o diretor cultural da Umesp, Renato Bonfim de Farias Júnior, a iniciativa se deu ainda depois que o grupo viu que poucas ações de combate à homofobia são realizadas na cidade. “Muito pouco se fala de forma aberta sobre o assunto em Penápolis. Ações de combate à homofobia são ainda mais raras, por isso decidimos que esta seria uma boa oportunidade, chamando a atenção, inclusive, de alunos de escolas próximas da praça, que, para nossa surpresa, se mostraram bastante à vontade com a iniciativa e também aderiram ao movimento”, acrescentou. 

Homofobia
O Brasil é um dos pais que mais mata transgêneros no mundo. Os grupos brasileiros Rede Trans Brasil e GGB (Grupo Gay da Bahia) informaram que somente no primeiro quadrimestre deste ano o número de assassinatos no grupo mais vulnerável da comunidade LGBT subiu 18% em relação ao mesmo período de 2016, sendo considerado até então como o ano mais violento da década para essas pessoas. Já a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA) afirma que o Brasil ocupa o primeiro lugar em homicídios de LGBTs nas Américas, com 340 mortes por motivação homofóbica em 2016 - a GGB conta 343. 
Os grupos brasileiros estimam que 144 desses homicídios sejam de travestis e transexuais. Segundo a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, por causa da discriminação nas escolas são raros os trans que conseguem concluir os estudos. A primeira Pesquisa Nacional Sobre Estudantes LGBT e o Ambiente Escolar, realizada em 2015, aponta que 7,7% dos estudantes declarados LGBT são travestis ou transexuais. Os depoimentos da maioria desses jovens – com idade média de 16 anos – revelaram, por exemplo, propensão ao suicídio.

(Rafael Machi)

VEJA TODAS AS NOTÍCIAS

© Copyright 2024 - A.L. DE ALMEIDA EDITORA O JORNAL. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total do material contido nesse site.

Política de Privacidade