Poesia: O lugar onde eu moro

Socorro!! Não me afaste deste lugar
Se isto um dia acontecer eu morro
O lugar onde eu moro é o meu lugar!!

Aqui nasci! Do outro lado da cidade
Atravessei Maria Chica com pouca idade
Finquei meus pés aqui e com saudade
Revejo toda uma vida, inteira, não metade.

Passei por casa de esquina onde feliz
Junto à meninada, brinquei, empinei nariz.
E menina-moça em casa própria
Junto com pai, mãe e irmãos, a trabalhar
Todos juntos, e no suor a vida mostra
Que das nossas mãos, constroe-se o ninho, nosso lar.

Como cresci, tudo à volta também cresceu
As ruas, as casas, escolas e igrejas
Bares, farmácias, lojas, salões, tudo encheu.
Aqueles espaços por onde a meninada corria
Modificaram toda a volta por onde eu vivia

A parte dos sonhos, ficava no campo da aviação
Mudou de lugar, até o nome, virou aeroporto
E outros sonhos, da casa própria, do mutirão
Fazem hoje a paisagem, buscada no Eldorado
Do lugar de riqueza, se sonhos que vem e vão.

O subir e descer dos aviões, da esquadrilha da fumaça
Do pára-quedas que cai, da moça que salta
No seu macacão laranja, cheio de zíperes, cheio de graça.
Deixaram a interrogação de sonho e realidade
E hoje, onde era o campo aberto, ergueu-se aqui uma outra cidade

Campo da Aviação, Mutirão, Eldorado, Silvia Covas
Para os campos da Estiva, ou na Tóquio,
Alphaville, luxo no nome para dar glamour
A cada volta, vila ou bairro, verso ou trova
Tem lembranças, doces ou não, velhas ou novas.

Mas daqui, abençoada pela Fátima que me guarda
E com doce olhar me estende um tapete florido
Todo em rosa, onde mansamente piso
E agradeço a Deus, sorrio e oro
Por ter me colocado aqui, no lugar onde eu moro.

(*) Neuza Costa, Penápolis/SP