Pintor italiano ganha exposição individual no Museu do Sol

O Museu do Sol de Penápolis lança a partir de amanhã a exposição "Paisagem do Diário de um Menino", com 29 obras do pintor italiano Ernesto Covalin. É a primeira vez que suas pinturas ganham uma exposição especial na cidade. Os quadros fazem parte do acervo do museu e do acervo do próprio artista, que faleceu a cerca de 10 anos, na Itália. Ele produziu seus trabalhos em Penápolis, para onde vinha frequentemente, nas décadas de 70 e 80, atraído pela intensa movimentação cultural, deixando no museu mais de 80 quadros.

A curadoria da exposição é de Célia Muçouçah, que se encantou pela falta de formalidades e pelos temas infantis representados pelo artista. "Achei muito valioso promover uma exposição somente com obras dele [Covalin], já que foi um pintor de grande expressividade e que nos deixou um belo acervo", comentou ela, "Lembro dele pintando no ateliê do museu e nunca imaginei que um dia montaria uma exposição com suas obras", comemorou a curadora, que, em março deste ano, foi responsável também pela mostra "Densidades", feita no mesmo museu.

Liberdade

Sobre o nome escolhido para a exposição, Célia destacou a grande identidade entre a expressão naif e as crianças, já que a arte, como o próprio nome, "ingênua", é marcada pela falta de preocupações formais, sem contar uma predominante temática sobre cenas de brincadeiras infantis. "Ele é um perfeito primitivo, o nome traduz bem porque ele desenha como uma criança mesmo", disse.

Além do ineditismo da exposição e autenticidade das obras, a curadora, que é professora de artes plásticas, preocupou-se ainda com o olhar das crianças diante da mostra. "Tive a preocupação como professora, de trazer os alunos e eles se identificarem", disse ela. Foi o que aconteceu com as turmas de 1ª e 2ª séries do CEU (Centro Educacional Unificado) Profª Montaha Gibara Ayub, que visitaram o museu na última semana.

O preenchimento total da tela e a falta de perspectiva também são características marcantes do pintor. "Ele escolhe uma linha central, dividindo o quadro em duas partes, e a partir daí não traça planos, simplesmente vai preenchendo desordenadamente a tela", apontou Célia, "Também não há uma figura destaque, os desenhos tem o mesmo valor que o fundo", observou.

Embora tenha criado suas pinturas no clima tropical do Brasil, suas obras conservam paisagens que remetem ao clima europeu. "Ele se mantém fiel às características do seu país. Suas pinceladas carregam nos tons amarelos e azuis claros", lembrou a curadora, "Não há um forte tom verde, nem elementos de fauna ou flora brasileiras, e sim tipicamente de povoados italianos", acrescentou.

Passagem

Amigo do empresário Celso Viana Egreja, que o hospedava em sua casa, Covalin esteve várias vezes em Penápolis, prestigiando inclusive a inauguração do Museu do Sol na cidade.

Pintava seus quadros na casa de Celso, onde havia um ateliê, ou no próprio museu, que possui cerca de 14 de suas obras. Outros quadros, cuja quantidade aproxima-se de 80, ficam guardados na reserva técnica, sendo que grande parte está sendo mostrada pela primeira vez. "Toda vez que vinha à América do Sul, trabalhava muito em Penápolis, passava cerca de dois meses aqui. Mas nunca teve a preocupação de levar as obras embora", contou a diretora do museu, Elizabeth Bergner. Ela revelou ainda que um relatório sobre estas obras foi enviado ao único filho de Covalin, mas não houve resposta.

Serviços

Os quadros foram acomodados na sala de exposições periódicas do museu, onde devem permanecer nos próximos três meses. O Museu do Sol fica na avenida Rui Barbosa, nº 798. O horário de visitação é das 13h00 às 18h00, de segunda a sábado. Visitas monitoradas podem ser agendadas pelo telefone 3652-0590. (AR)