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CIDADE & REGIÃO

15/06/2014

Para militares penapolenses a missão no Haiti foi inesquecível

Imagem/Arquivo pessoal Renan Queiroz
Detalhes Notícia
Crianças haitianas posam para foto com militar Lobo

DA REPORTAGEM

Depois de quase sete meses participando da Missão de Paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti, estão de volta os penapolenses  Renan de Queiroz Nogueira, o “Queiroz”, e Jonas Galdino Lobo, o “Lobo” que embarcaram no fim de novembro depois de se voluntariarem junto ao Exército Brasileiro para participarem da missão. 
A Missão de Paz foi criada em 2004 e tem o objetivo principal gerar a estabilização do país e ajudar os moradores locais, que ainda sofrem depois do terremoto que devastou o país, matou 220 mil moradores e deixou 1,5 milhão de pessoas desabrigadas em janeiro de 2010. Cerca de 347 mil haitianos ainda vivem em moradias provisórias, a infraestrutura continua arrasada e a população é castigada pela fome e epidemia de cólera. 
Segundo informou os soldados penapolenses, os trabalhos foram divididos em setores, sendo responsáveis por patrulhas, escoltas e outras missões designadas aos soldados participantes do projeto. Queiroz explicou que a cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti, foi dividida por setores, sendo os mais críticos, onde o terremoto atingiu a cidade com maior intensidade, e pontos mais brandos. 
“Em algumas ocasiões nos juntávamos em grupos e saíamos em patrulhamento nestes locais com objetivo de verificarmos se não estava ocorrendo nenhuma situação anormal”, explicou. Era comum haver conflitos entre gangues rivais, com troca de tiros. “Por conta da situação caótica, muitas autoridades que visitavam a cidade para ver de perto a situação crítica que vive a população, precisavam de escoltas para garantir sua segurança, por isso, em situações assim escalavam o exército para este serviço”, comentou. 
“A todo o momento chegavam remessas de comida e água e a escolta era fundamental para garantir a distribuição ordeira destes alimentos. Sem as escoltas os caminhões seriam facilmente saqueados”, explicou Lobo. 

Alimentação
Para os penapolenses, vivenciar os problemas enfrentados pelos haitianos foi “chocante”. Lobo revelou que antes da viagem o grupo já havia sido alertado sobre o que iriam encontrar. “O saneamento básico é muito precário, era comum ver pessoas se alimentando na rua junto com pessoas que faziam suas necessidades, sem o menor pudor, moradores reviravam lixo e até mesmo o que era descartado pelas bases dos exércitos, pois que estavam sempre em busca de comida”, explicou Lobo. 
Os militares contaram que diariamente encontravam com pessoas que pediam comida, uma simples maçã poderia gerar um grande conflito. “Não podíamos oferecer comida que não fosse própria da distribuição, para não gerar confusão”, disse Queiroz. “Era algo muito marcante e triste, pois você tinha comida, mas não podia entregar para um, porque ao mesmo tempo viriam outras centenas de pessoas pedindo, e isso me marcou muito, pois é triste você ver pessoas brigando por causa de comida e água, é uma dura realidade”, lembrou emocionado. Um dos momentos que marcou a passagem de Lobo pelo país foi quando uma criança se aproximou e pediu água, mas ele não tinha nada para oferecer. 
“Depois disso, a criança simplesmente se abaixou na rua e começou a beber uma água suja com esgoto”, disse. 

Esperança
Em meio a tantos problemas vividos pelos haitianos, havia também seus momentos de diversão. Como parte das atividades desenvolvidas pelo Exército Brasileiro estava os trabalhos recreativos, ofertando para a população diversão e cultura, levando até o cinema até eles. “Tínhamos que sempre desenvolver alguma atividade, isso era fundamental para mostrar que os militares não estavam lá para hostilizar, mas para levar algo de bom para a população, e isso sempre foi um dos momentos mais marcantes para nós, pois levávamos alegria até eles”, revelou Lobo. 
Em ano de Copa no Brasil, o futebol também é uma das brincadeiras favoritas entre os haitianos. Sempre havia grupos brincando com bola e quando o jogo era promovido pelos militares à festa era grande. “Juntavam muitas pessoas para brincar e assistir as partidas feitas em campos de terra. O futebol também estava estampado nos ônibus locais que traziam pinturas de Kaká, Neymar e outros jogadores”, comentou. 
As atividades organizadas por eles eram estratégicas, enquanto crianças brincavam eram analisadas por médicos, dentistas, entre outros profissionais. Eles ganhavam itens de higiene pessoal e cortes de cabelos. 
De volta ao Brasil, os militares esperam apenas que a situação dos haitianos melhore para garantir mais dignidade ao povo. “Vivenciar tudo isso foi algo muito marcante. Demos nossa contribuição, o que fica na memória é o quanto aquele povo quer ser feliz, querem mais dignidade, ter o que comer e o que beber, foi uma experiência incrível”, afirmou Queiroz. 
“Hoje vejo o quanto as pessoas de países desenvolvidos como o nosso, tem que agradecer pelas boas condições em que vivem. Hoje quando olho para minha cidade e vejo casas bem construídas, coloridas e um povo que vive tranquilamente, penso o quanto isso é bom e que temos que valorizar”, finalizou Lobo.  

(Rafael Machi)

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