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CIDADE & REGIÃO

25/04/2010

Nos 50 anos de Brasília, penapolense guarda diploma assinado por Juscelino

Detalhes Notícia


DA REPORTAGEM

Há 50 anos, o então presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, inaugurou a nova Capital do País: Brasília, cuja construção e início de funcionamento levou euforia e toda uma onda de otimismo ao Brasil. Para relembrar esta importante comemoração dos 50 anos de Brasília, celebrado na última quarta-feira, 21, o penapolense Augusto Francisco Vieira, 78 anos, presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Nelly Jorge Colnaghi, guarda com muito carinho uma relíquia que poucas pessoas no país possuem: um Diploma, datado de 25 de junho de 1960, e uma carta de agradecimento assinado pelo ex-presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira e pelo ex-ministro do Trabalho, Indústria e Comércio João Batista Ramos, onde destacou que como trabalhador contribuiu com sua parcela de sacrifício para que Brasília se tornasse a realidade de hoje. Augusto lembra que na época, quando tinha 28 anos, foi um dos vencedores do concurso “Eu vi Brasília e conheci as metas”, sendo contemplado junto com dezenas de outras pessoas, com uma passagem para conhecer o Distrito Federal no dia 21 de abril de 1960. “Já conhecia Brasília quando ela estava sendo construída, pois trabalhava em uma empresa que vendia tratores e eu acabei comercializando algumas unidades”, comentou. Ele lembra que mais de 40 pessoas foram contempladas com esta viagem, onde foram recepcionados por uma pessoa que os levou de ônibus para conhecer a capital federal. “Fiquei impressionado ao percorrer as principais ruas e notar que os nossos representantes que escolhemos por meio do voto estavam ali. Foi um momento especial na minha vida”, destacou. Os festejos de inauguração de Brasília começaram no dia 20 de abril de 1960 e só se encerraram no dia 22, quatro anos depois do começo da construção. A história de Brasília, entretanto, não se resume somente a este cinquentenário. Ela começou bem antes, ainda na época do Brasil Colônia. Ainda no século XVIII, durante o governo português do Marquês de Pombal, pela primeira vez cogitou-se levar a Capital para o interior. Naquela época, o Rio de Janeiro era a Capital e, por motivos estratégicos – em caso de guerra, o Rio seria facilmente bombardeado, por se encontrar no litoral, por exemplo – a idéia foi pensada. “Acredito que se a capital do Brasil não fosse transferida para Brasília e continuasse sendo o Rio de Janeiro, teríamos um verdadeiro caos em virtude dos acontecimentos que estão ocorrendo naquele estado”, observou Augusto. A primeira vez que surgiu o nome “Brasília”, foi em 1822, época da Independência, e que novamente se cogita a idéia de criar uma nova capital. Esta deveria ser isenta do passado português, que o Brasil tentava se livrar. Em 1808, o almirante inglês Sidney Smith mostra estes pontos estratégicos ao rei português Dom João VI, que transfere a corte de seu país para cá naquele mesmo ano. A primeira tentativa de fato de construir a Capital no interior se deu com a Constituição de 1891, quando se definiu que ela deveria ser erguida no meio do planalto central. O artigo 3º da Carta Constitucional, diz o seguinte: "Fica pertencendo à União, no planalto central da República, uma zona de 14.400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada para nela estabelecer-se à futura Capital federal”. No ano seguinte, uma expedição chefiada por Luís Cruls vai ao planalto para identificar a localização exata da nova capital. São coletados dados geológicos, ambientais e outros, que baseiam a decisão de fixar o chamado Retângulo Cruls, uma área indicada de 90x160km, onde deveria ser instalada a Capital. Entretanto, durante os governos seguintes e principalmente durante o Estado Novo, de Getúlio Vargas, de 1937 a 45, a idéia ganhou poucos adeptos e quase naufragou. Enquanto isso, o Retângulo Cruls, só esperava. Com a eleição de Juscelino Kubitschek, em 1955, começam os planos efetivos de erguer Brasília, nome definitivo escolhido para a nova Capital. Um concurso urbanístico é feito para gerar a concepção arquitetônica de Brasília. O plano piloto onde se desenvolveria mais tarde os prédios da administração federal, foi concebido por Lúcio Costa e a ideia do estilo moderno e novo que a nova Capital pedia foi criada por Oscar Niemeyer. A construção começou em 1956 e até 1960 seguiram em ritmo acelerado. Finalmente, à meia-noite do dia 21 de abril daquele ano, Juscelino profere o discurso de inauguração em meio a muita emoção e euforia. Pela manhã, o Congresso Nacional é instalado e pouco mais tarde, tem início a primeira missa da arquidiocese brasiliense. “Embora infelizmente o cenário de Brasília esteja manchado com a corrupção e escândalos políticos que vem ocorrendo recentemente, devemos lembrar que a capital federal ainda assim tem uma grande influência na política brasileira”, ressaltou. O penapolense que guarda com muito carinho o diploma e a carta, se diz realizado e muito contente em ter participado deste grande feito. “Ter conhecido Brasília logo na sua inauguração foi uma grande emoção que guardo até hoje junto com o diploma e carta que recebi, no qual estarei futuramente dando de presente para meu bisneto guardar com muito carinho e recordação esta conquista do nosso país”, finalizou Augusto. (IA)

Foto: Ele guarda até hoje com carinho o diploma e a carta de agradecimento que recebeu quando visitou Brasília

Confira na íntegra a carta escrita por JK aos ganhadores do concurso

Trabalhadores de São Paulo!

Vocês já conheciam Brasília, pela imprensa e pelo rádio. Hoje a viram pessoalmente. Não se esquecerão jamais desta visita. Ao regressarem, terão o orgulho de dizer: “Eu vi Brasília e suas metas” – pela suprema importância de que se revestem, Brasília, propriamente, é o 4º dos maiores acontecimentos da vida nacional, vindo logo depois do Descobrimento, da Independência e da República. A imprensa estrangeira considerou-a um dos grandes fatos do século. Como sabemos, o Brasil nasceu no litoral. Durante quatrocentos anos o progresso restringiu-se a uma faixa de pouca profundidade, que mal arranhava o cerne do imenso território. Para dentro ficava o sertão desabitado, que os bandeirantes alargaram e onde os pioneiros estabeleceram reduzidos núcleos de trabalho. Era a vastidão abandonada à espera de ocupação definitiva por nossa gente! Mas iluminados da política, da história e da religião, como os inconfidentes, José Bonifácio, Varnhagem e D. Bosco, tiveram a visão de interiorizar o progresso, transferindo a Capital para dentro do país. Em 1889, esse sonho incorporou-se à Constituição e foi repetido nas reformas de 1934 e 1946. Mas sempre como sonho, porque a mudança da Capital parecia tarefa gigantesca e demasiadamente dispendiosa para uma nação de jovem e assoberbada por muitos outros problemas, como o Brasil. Candidato às eleições em 1955, tive a felicidade de compreender, entretanto, que levar a Capital para o Planalto Central era providência das mais urgentes, dados os fabulosos benefícios que traria à nação, do ponto de vista econômico, político e humano. Inscrevi então a mudança em meu programa, como meta síntese a ser atingida, a ela me referindo ao comício de Jataí. Três meses depois de empossado, remeti ao Congresso a mensagem de Anápolis, que se converteu na Lei 2.874, determinando a mudança e instituindo a companhia urbanizadora da nova Capital. Consagrei, a seguir, todas as energias à concretização dessa ideia, até mesmo com sacrifício a minha saúde. E Brasília pode ser inaugurada a 21 de abril deste ano, com festas que tiveram ressonância internacional. Sinto para com os trabalhadores uma dívida de gratidão. Foram os candangos que concretizaram no solo os planos de fundação de Brasília. Foram os operários, particularmente dos Estados do centro e do sul, que produziram os materiais, sem os quais seria impossível erguer uma cidade em quatro anos. E foi o povo, em geral, com seu apoio, que me deu forças para transpor os tremendos obstáculos que encontrei no caminho. O último, mas não o menor deles, foi o derrotismo com que os pessimistas combateram Brasília. Falta evidentemente completa-la. Quem já mudou de casa sabe quantos problemas uma pequenina mudança acarreta. Pode então imaginar quão penoso é mudar uma Capital. Mas o principal está feito. A nova Capital funciona como vocês viram. E nos meses de governo que me restam, deixarei resolvido quase todos os problemas pendentes. Tenho, por fim, um pedido a fazer-lhes. É que vocês tomem agora Brasília sob sua proteção, porque ela não é minha, mas nossa e de nossos filhos. É o símbolo da redenção da pátria, em hora angustiante da humanidade. Com sua construção, os brasileiros, que até pouco viviam humilhados pelo desânimo, acordaram para a vida dos grandes povos, fazendo uma afirmação de coragem dando uma prova de capacidade de trabalho, realizando um ato de confiança no futuro! Brasília é o principio da grandeza a que o país está fadado, pela vastidão do seu território, pela importância do sub-solo, pela riqueza intelectual e emocional do seu povo. Guardem Brasília no seu coração, meus amigos. Propaguem o entusiasmo que hoje sentiram ao vê-la. E ela se tornará o espírito que conduzirá, com galhardia o Brasil, na arrancada para glorioso futuro.

(*) Juscelino Kubitschek de Oliveira

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