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CIDADE & REGIÃO

01/05/2022

Mulher de destaque: Penapolense ressalta trabalho como motorista de ônibus

Imagem/Arquivo Pessoal
Detalhes Notícia
Telma Gremes enfatiza que a mulher pode alcançar seu espaço e se orgulha por já ter sido inspiração para outras mulheres

DA REPORTAGEM

Um dos principais objetivos das pessoas em suas vidas é trabalhar com aquilo que gosta. É justamente este pensamento que motiva a motorista de ônibus Telma Gremes, de 50 anos. É isso mesmo, motorista de ônibus. Há 13 anos ela colocou em prática a realização de seu sonho em poder conduzir ônibus pelas ruas e estradas e se tornou uma referência na profissão por ser mulher e por ser inspiração para outras mulheres que também buscam seus objetivos, mesmo que em profissões ainda dominadas pelos homens.
A penapolense já trabalhou em diversas outras profissões, mas era seu amor por veículos maiores que sempre falava mais alto. Ela sempre teve vontade de poder trabalhar com este tipo de veículo, tanto que, em uma das vezes que foi revalidar sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação) resolveu mudar de categoria, passando por cursos e estando apta a conduzir veículos de grande porte. “Mas até então nunca tinha conduzido um ônibus, por exemplo, a não ser nas aulas práticas. Nunca tinha trabalhado com isso, pois, mesmo tendo a CNH, ainda achava que era algo distante, justamente por ser mulher”, comentou.
A possibilidade de se tornar motorista de ônibus apareceu quando ela ainda trabalhava em um supermercado e percebeu que, na frente do estabelecimento, sempre passava um ônibus do transporte coletivo de uma empresa que prestava serviço para o município de Penápolis e que era conduzido por uma mulher. “Coincidentemente, ela era cliente do supermercado e um dia perguntei para ela como poderia trabalhar no ramo, já que tinha muita vontade para isso”, destacou.
Foi através da indicação da também motorista Rose Bianchini que Telma fez teste para trabalhar na empresa e, mesmos sem experiência, passou, em 2009, se tornando motorista de ônibus coletivo em Penápolis ao lado da amiga, demonstrando todo seu cuidado no volante.
“Aquilo foi uma grande realização para mim e orgulho, pois estava finalmente trabalhando com algo que eu sempre sentia muita vontade”, destacou Telma.
O trabalho durou alguns anos, até que a prefeitura assumiu o transporte coletivo na cidade e realizou concurso para a contratação de motoristas, porém, sem que Telma conseguisse a aprovação. 

Novos desafios
Com isso, a motorista deu início em uma nova etapa de sua vida, passando a conduzir ônibus de transporte rural, levando trabalhadores da cidade para o campo para atuarem na colheita da cana-de-açúcar. “Trabalhei por mais alguns anos para uma usina da região. Foi um grande desafio, porque, levava funcionários para sítios na região, enfrentando terra, barro, corredores de cana. Ganhei muita experiência na condução de ônibus”, ressaltou.
Já em 2015, Telma foi contratada por uma empresa da cidade que realizava o transporte de passageiros de Penápolis para o Hospital de Amor, em Barretos, para o tratamento contra o câncer. Segundo ela, uma nova fase de muito aprendizado em sua vida. “Como motorista, meu trabalho não se limitava somente no transporte destas pessoas. Conheci muita gente e vi a luta diária deles contra uma doença terrível. Foi um ano de muito aprendizado e também foi um período em que aprendi a dar muito valor na vida”, enfatizou.
Já em 2016, ela passou a trabalhar para uma empresa que prestava serviços para outra usina na região. 
Foi em 2018, porém, que ela conseguiu ainda mais destaque passando a ser a primeira mulher em toda a região a trabalhar com o transporte coletivo intermunicipal. “Este foi outro grande período da minha vida onde aprendi muito. Era uma grande responsabilidade. O fato de ser a primeira mulher, aumentou ainda mais meu orgulho em poder trabalhar com aquilo que eu tanto amo”, disse.
Apesar de todo o cuidado e amor na profissão e crescendo cada vez mais como motorista de ônibus, Telma enfrentou problemas familiares em 2020 com a perda de seus pais que a obrigaram deixar a profissão. “Com a morte de meus pais, tive que me dedicar à minha casa, minha filha e minha irmã especial. Foi um período difícil, mas que, com a união de nossa família, fomos superando mais estes obstáculos.

Retorno
Mesmo com a pausa na profissão, Telma jamais abandonou o sonho de seguir carreira como motorista de ônibus, sempre buscando conhecimento, cursos e maneiras que a deixasse sempre perto das novidades no mundo do transporte de passageiros. 
No início deste ano, ela viu a oportunidade de poder retornar ao trabalho e mostrar suas habilidades diante de um veículo tão grande.
Com a necessidade do Governo de São Paulo em colocar ônibus de transporte escolar para alunos de Penápolis, ela passou a ter esperança de retorno à profissão e agarrou, mais uma vez, a busca por suas realizações. “Era uma ótima oportunidade para mim, pois estaria trabalhando com o que eu amo e com horários em que eu conseguiria atender minhas necessidades quanto à minha casa e minha família. Fui em busca, fiz testes e, mais uma vez, consegui voltar a fazer aquilo que eu mais gosto, sendo contratada”, afirmou.
Hoje, ela presta serviços, juntamente com outros motoristas, para a empresa Lape Trans, de São José do Rio Preto e responsável elo transporte de alunos da rede estadual de ensino na cidade. “Este está sendo um grande desafio, pois trabalhamos com crianças e adolescentes que deixam, todos os dias, seus pais e famílias e que, por alguns instantes passam a ser nossa responsabilidade. É preciso muita dedicação para garantir a segurança de cada um deles e faço isso com muito amor”, enfatizou Telma.
Mais uma vez, ela era a única mulher na empresa, sempre rodeada por outros homens motoristas. Isso até pouco tempo, porque, por destino, a mesma Rose Bianchini que havia a indicado para trabalhar, em 2009, no transporte coletivo em Penápolis, agora era indicada pela amiga para o transporte de alunos. “Estávamos precisando de um motorista na empresa e lembrei da minha amiga, que me ajudou lá no começo e, com sua competência e dedicação, ela passou a ser minha companheira de trabalho agora, mostrando o crescimento do poder da mulher também como motorista de ônibus”, disse. 

Poder
Apesar da carreira voltada à maestria em conduzir um veículo que exige tanto cuidado e responsabilidade com vidas humanas, Telma revelou que também já enfrentou muito preconceito de outros homens por conta da profissão, por não aceitarem o fato de uma mulher conduzir um ônibus. 
Apesar dos preconceitos e os desafios enfrentados, ela prefere destacar suas vitórias e o fato de ser inspiração para outras mulheres que também buscam seus espaços na vida. “Tenho muito orgulho das conquistas e dos avanços que as mulheres vêm tendo dentro de um mundo machista. Sempre busquei meu espaço através da minha competência e dedicação”, afirmou.
É justamente este espaço na sociedade que Telma espera que as mulheres cresça cada vez mais. “Que as novas gerações sejam inspiradas por vitórias e que percebam o quanto podem crescer. É preciso correr atrás. Tudo é possível quando se quer”, finalizou.

(Rafael Machi)

 

Profissão motorista: Mulheres ainda são minoria

DA REDAÇÃO

Em muitos aspectos, as sociedades humanas amadureceram bastante em relação aos direitos e empoderamento das mulheres. No início do século XIX elas ainda pleiteavam a possibilidade de votar no Brasil. Esse direito só foi conquistado em 1932. Hoje o cenário parece ser diferente. Por exemplo, cresce o número de mulheres na chefia de empresas; nas universidades elas já são maioria. Mas ainda há espaços em que essas conquistas não se fazem tão percebidas. Um exemplo disso é na profissão das motorista mulher.
Para se ter uma ideia, a Confederação Nacional de Transportes (CNT), em sua pesquisa anual (2019), fez um levantamento mostrando que, entre os caminhoneiros, as mulheres representam apenas 0,5% do total. Se partirmos para o universo dos aplicativos de transporte, como Uber, os números melhoram um pouco, mas nem de perto estão próximo do ideal. Dados da própria empresa apontam que elas são minoria de mercado. O segmento representa apenas 6% em um universo de 600 mil motoristas cadastrados.
Mas como ser motorista mulher em um espaço quase que exclusivamente masculino? A tarefa não parece ser das mais fáceis. Dos xingamentos à falta de confiança na capacidade da mulher em dirigir, os obstáculos parecem ser infindáveis. Quem nunca ouviu a piada “mulher no volante, perigo constante?” Todavia, contra fatos não há argumentos. Mulheres são mais prudentes ao volante e, por isso mesmo, se envolvem menos em acidentes. Mais de 80% das vítimas fatais são do sexo masculino.
Os acidentes em que elas se envolvem são de menor dano material e pessoal. Quando elas se dispõem a entrar na disputa, correm o saudável risco de serem eleitas as melhores na área – justamente por uma característica bem peculiar e que está bem atrelada às mulheres: são mais empáticas e cuidadosas.
Algumas empresas estão de olho em todo este cenário. Elas têm em vista o potencial quantitativo e qualitativo do mercado de motoristas do sexo feminino. Empresas de transporte já têm optado por criar soluções que permitem uma maior inserção das mulheres. É o caso da plataforma Delas, onde motoristas e clientes precisam ser mulheres. Embora o aplicativo permita levar homens que estejam acompanhados por mulheres, a decisão final é sempre da motorista.

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