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CIDADE & REGIÃO

13/03/2013

Mortes em Alto Alegre: Sentença prevê 110 anos de reclusão aos réus

Rafael Machi
Detalhes Notícia
Familiares das vítimas chegaram cedo à porta do Fórum com cartazes de pedidos de justiça

DA REPORTAGEM

 

Após 12 horas de trabalhos ocorridos na segunda-feira, 11, o Tribunal do Júri de Penápolis condenou o réu Dirso Belarmino da Silva por duplo homicídio e uma tentativa de homicídio por ter matado a ex-namorada Eunice Berto Toldato, 32 anos, a própria filha, Pâmela Flaviane Berto Toldato da Silva, que na época tinha apenas 7 anos, e por atirar na enteada, Carla Nathani Lopes Toldato, 12 anos, que conseguiu sobreviver. O crime ocorreu em dezembro de 2009 na cidade de Alto Alegre e teria sido motivado por causa de pagamentos de pensão alimentícia que eram cobrados por Eunice. O auxiliar de enfermagem, que trabalhava no setor de ortopedia da Santa Casa de Penápolis foi condenado à pena de 58 anos de reclusão em regime fechado. Também foi ao banco de réus o amigo de Dirso, Pablo Martins Alves, que recebeu a pena de 52 anos, dois meses e 12 dias de reclusão em regime fechado. Pablo, segundo consta na denúncia do Ministério Público, teria motivado Dirso a praticar o crime, e acompanhado o enfermeiro até a cidade de Alto Alegre, além de ter fornecido a arma que o acusado usou para matar mãe e filha. Após o término da sessão do Júri, os réus saíram do Fórum em furgões, sendo levados diretamente para os locais – não foi divulgado pela Justiça - onde cumprirão às penas.

 

O Júri

Por conta da comoção e revolta que o caso causou na população de toda comarca, um esquema de segurança especial foi montado para o Júri. Começando pela distribuição de senhas antecipadamente para as pessoas que acompanharam o julgamento. Com os trabalhos marcados para iniciar somente às 09h00, familiares das vítimas chegaram defronte ao Fórum por volta das 08h00. Muitos deles traziam cartazes e banners com fotos de mãe e filha, além de mensagens e pedidos de justiça, foi uma manifestação silenciosa. Dirso foi o primeiro réu a chegar, por volta das 08h50, o carro da penitenciária em que ele estava entrou direto para os fundos do Fórum, ele só entrou no prédio depois que os portões haviam sido fechados. Agentes do Fórum e policiais militares reforçaram a segurança no local. Vinte minutos depois, Pablo também chegou escoltado por viaturas, sendo repetido o mesmo procedimento. O corpo de jurados foi formado por cinco mulheres e dois homens, todos representantes da sociedade civil. Algumas testemunhas estiveram presentes, mas não foram ouvidas para não prolongar os trabalhos e não causar comoção aos jurados, o que poderia provocar o adiamento do julgamento. Dirso foi o primeiro a dar seu depoimento. Ele assumiu que sabia sobre os pagamentos de pensão à filha que estavam atrasados e que, para tanto, havia pedido para que seu irmão conversasse com Eunice na tentativa de uma conciliação, e garantiu que estaria juntando dinheiro para realizar os pagamentos, com isso atrasou na quitação da dívida de seu carro que acabou sendo penhorado pela Justiça. Diante disso, ele alegou que foi motivado diversas vezes por Pablo a cometer o crime, para se livrar dos pagamentos e da penhora do carro. Durante seu depoimento Pablo negou que tivesse dito isso, e que tivesse fornecido a arma que Dirso usou no dia do crime.

 

Na noite do crime

Com a intenção de ir até a cidade de Alto Alegre, Dirso e Pablo emprestaram o carro do irmão do enfermeiro. Pablo disse que foi com o amigo para aquela cidade porque ele havia dito que queria apenas conversar com Eunice para tentar resolver a situação, e não sabia que Dirso estava armado, mas o enfermeiro alegou que ambos sabiam sobre a arma. Ao chegar Dirso ficou à alguns metros da casa de Eunice, enquanto Pablo saiu com o carro para voltar depois para pegá-lo, Dirso negou que teria esperado as vítimas chegar em casa. Durante o Tribunal do Júri o enfermeiro afirmou que tinha ido ao local apenas para conversar com Eunice, sem a intenção de matar. Com as meninas dormindo Dirso e Eunice teria iniciado uma conversa, mas os dois acabaram tendo uma grande discussão, momento em que, segundo ele, "perdeu a cabeça", sacou a arma e começou a atirar. Com o barulho da discussão, as meninas acordaram e vieram em direção à mãe, sendo atingidas pelos disparos efetuados pelo autor. Dirso revelou aos jurados que estava desesperado com a situação e que chegou a tentar suicídio após a ação colocando a arma na boca e puxando o gatilho, mas não havia mais balas. Com relação à Pablo, este alegou apenas que retornou na hora marcada para pegar Dirso, mas não o encontrou. Desta forma, chegou a fazer contato com a ex-mulher de Dirso preocupado com o sumiço dele.

 

A fuga

Dirso confirmou que foi trabalhar normalmente no dia seguinte, tendo percebido posteriormente, a movimentação de pessoas no Pronto Socorro, momento em que ficou sabendo da sobrevivência da enteada. Com medo, ele saiu do trabalho com seu carro e foi até sua casa onde decidiu fugir. Dirso pegou carona até Marília, onde comprou passagem de ônibus para Curitiba (PR), mas acabou sendo preso na cidade de Ponta Grossa. Neste momento do Júri, o representante do Ministério Público, Dório Sampaio Dias, questionou a data em que a passagem havia sido comprada, tendo o réu respondido que a comprou no dia seguinte ao crime. No entanto o promotor questionou o fato da passagem ter data de dois dias antes do crime, o que ajudou na suspeita de crime premeditado. Dirso apenas respondeu que não olhou a data da mesma, não tendo percebido o erro de impressão.

 

Emoção

Em vários momentos do depoimento, Dirso se emocionou ao lembrar da filha, principalmente, quando o promotor mostrou fotos de Pâmela, vestida de dama de honra de um casamento, e que entregaria ao pai, e uma foto da filha depois de morta, tirada pela Polícia Científica. Apesar da emoção sentida pelo réu em diversos momentos do Júri, ele conteve as lágrimas e ficou o tempo todo de cabeça baixa. Quando questionado se amava sua filha, ele respondeu que a ama até hoje. Pablo se mostrou firme durante todo o depoimento, respondendo as perguntas com bastante convicção. O único momento em que chorou, foi quando soube, através do promotor, que a esposa havia sido presa, na semana passada, por tráfico de drogas. Apesar de ter terminado seu depoimento, Pablo precisou ser retirado do salão do Júri para se recuperar. Durante a leitura da sentença, os réus permaneceram o tempo todo de cabeça baixa, não esboçando nenhuma reação ao saberem da condenação. Alguns familiares dos réus se emocionaram bastante, diferente dos das vítimas, que demonstravam claramente que estavam muito aliviados. (Rafael Machi)

 

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