Letra cursiva será banida nos EUA e gera polêmica no Brasil

DA REPORTAGEM

Desde milhares de anos atrás o homem aprendeu a se comunicar através de símbolos que mais tarde se tornaria o que conhecemos hoje como a escrita. Existem dois tipos: A “escrita de forma”, esta que você leitor está habituado ler no jornal, e a escrita cursiva a “letra de mão”, que aprende-se na escola, e é utilizada em anotações pessoais, cartas e outros semelhantes. Em meio a tantas tecnologias, o mais comum e habitual nos dias de hoje é encontrar a escrita de forma, padrão em computadores e que facilita a leitura. Pensando nisso, autoridades do estado de Indiana, nos EUA, decidiram que a letra cursiva passa a ser opcional. Quatro estados daquele país vão exigir apenas a letra de forma no ensino. A intenção dos EUA é que dentro de alguns anos, a letra cursiva esteja banida das escolas norte americanas. O assunto gerou polêmica em vários países do mundo, inclusive no Brasil, onde a letra cursiva é ensinada desde cedo para os alunos. No país, a maioria das escolas inicia a alfabetização pelas letras bastão, mais fáceis de desenhar. E a letra cursiva impera. Mais rápida de escrever, seu domínio pode ser crucial em concursos públicos e vestibulares, que exigem redações e respostas discursivas em caneta e papel. Legibilidade e rapidez são o diferencial entre os candidatos. A professora de Língua Portuguesa e coordenadora do ensino médio da escola Ester Eunice em Penápolis, Angélica Nunes Bertelli Maschietto, acredita que uma decisão como esta ainda deve demorar para chegar ao Brasil. Segundo ela, esta possibilidade só poderá ser cogitada quando todas as escolas oferecem ensino informatizado. “O Brasil deixa a desejar em termos de estrutura, por isso seria muito importante que o ensino informatizado estivesse muito bem instalado”, comentou. Ela informou que existem muitos alunos que preferem a letra de forma por ser mais fácil de ser interpretada. “O mundo está mudando e as tecnologias estão avançando, as pessoas estão preferindo mesmo escrever em um computador, do que a punho”, disse. Ela destaca da necessidade de se assinar um documento, exigindo uma diferenciação de letra para que exista a autenticação. “A letra cursiva pode ser fundamental para se diferenciar uma pessoa, além disso, documentos precisam ser assinados, com a letra de forma uma falsificação, por exemplo, se torna muito mais fácil”, lembrou. Angélica ressaltou que mesmo com planos remotos, isso pode ocorrer ao logo dos anos. “Com certeza é algo que poderia ser desenvolvido em longo prazo, porém, precisamos nos atentar e não esquecermos de que isso pode perfeitamente se tornar real, desde que a educação brasileira esteja bem estruturada e que o brasileiro tenha condições de ter um computador em mãos para estar enviando suas informações em letra de forma”, finalizou. A professora de Inglês e coordenadora do ensino fundamental, Márcia Lucianelli, também se mostra preocupada com desobrigação de se aprender a letra cursiva. Segundo ela, a principal preocupação é com os vestibulares. “A letra cursiva é mais rápida de ser escrita a mão, nossos vestibulandos ficam preocupados com o tempo de prova podendo escrever mais rápido, imagine se ele não souber a letra cursiva e tiver que escrever de forma mais lenta”, comentou. Ela falou sobre o desenvolvimento da coordenação motora da criança, que é aguçada com o movimento aprendido quando escreve letras cursivas. “Quando se aprende a letra cursiva você desenvolve movimentos em seus punhos que são fundamentais para trabalhos futuros que necessitem boa coordenação motora. Imagine o que seria de um cirurgião que não tem seus movimentos bem desenvolvidos”, ressaltou. O aluno da 2ª série do ensino médio, Rodrigo Passari Ribeiro, revela ter preferência pela letra de forma, já que não gosta da letra de mão. “Escrevo melhor desta forma, sempre tive essa preferência devido minhas dificuldades. Acredito que se isso fosse instituído no Brasil, muitas pessoas iriam gostar pela facilidade”, comentou. (Rafael Machi) (Rafa  (Ra