Julgamento: Réu é condenado a 18 anos de prisão em regime fechado

O ajudante geral Edson de Oliveira Melo, 20 anos, acusado de matar com sete golpes de faca, um deles no coração, a adolescente Leidiele Tamires de Paula, de 16 anos, foi condenado ontem pelo Tribunal do Júri de Penápolis a cumprir uma pena de 18 anos e dois meses, inicialmente em regime fechado. Deste total, 15 anos e dois meses refere-se ao homicídio e o restante por aborto, uma vez que a vítima estava grávida quando foi morta. Presidido pelo juiz Rodrigo Chammes, o Conselho de Sentença, através de sorteio foi formado por cinco mulheres e dois homens. O réu contou em sua defesa com os trabalhos do advogado João Luiz Buzinaro enquanto que na acusação atuou o promotor Dório Sampaio Dias.

O crime da qual Edson foi julgado e que já cumpria pena na prisão, ocorreu no dia 20 de julho de 2006, na residência do casal, na Chácara Santa Maria Aparecida, em Avanhandava. Pelo fato da mulher ter sido morta grávida de três meses, além da prática de homicídio, Edson foi julgado também pelo crime de aborto. Quando os policiais chegaram na casa a jovem foi encontrada nua e caída no quintal, já sem vida, atingida com vários golpes de faca de cozinha.

Brigas

Leidiele, conforme apontado pelo Ministério Público e baseado em depoimentos, era amasiada com Edson há cerca de dois anos, porém as brigas eram constantes na vida do casal. Leidiele era mãe uma criança, na época com um ano e um mês, fruto de um relacionamento anterior. Familiares disseram aos policiais durante a fase de investigação, que com as brigas, ocasionadas por ciúmes de Edson, o casal chegou a se separar algumas vezes. Segundo consta, o acusado tinha dúvidas de que seria o pai da criança que a mulher esperava. As sete facadas, de acordo com o médico legista atingiram o abdômen, costa e os braços da jovem, estes últimos provavelmente quando ela tentou se defender. Pessoas de convívio da garota garantiram, durante os depoimentos, que já a haviam alertado do perigo que corria.

Xingamento

Ao depor ontem, Edson confessou o crime, afirmando que perdera a cabeça quando a mulher o chamou de corno e vagabundo durante uma das discussões. Após esta discussão inicial, Leidiele teria ido tomar banho enquanto ele decidiu por capinar o quintal. Ao sair do banho a jovem teria reiniciado a discussão e os xingamentos. Descontrolado, ele teria pegado a faca, que segundo ele estava sobre o armário da cozinha, e partido para cima da companheira. Isto justificaria o fato dela ter sido encontrada no quintal e nua. Após os golpes ele foi até onde a criança, filha de Leidiele, dormia, e a levou até a casa de um amigo de trabalho. Depois pediu uma bicicleta emprestada para outro amigo e fugiu para Barbosa. Dias após o crime Edson se apresentou para a Polícia de Barbosa e foi preso temporariamente pelo período de trinta dias. Para ser preso ele próprio ligou aos policiais de Barbosa avisando que estava defronte ao Pronto-socorro daquele município e esperou para ser preso. Ao contrário do que sempre ocorre nestas condições, Edson se apresentou só, ou seja, sem a presença de um advogado ou mesmo de algum familiar. Naquela ocasião, ao ser interrogado pelo delegado Antônio Paulo Natal, o homicida afirmou que desconfiava que vinha sendo traído e teria tido a honra ofendida pela jovem. Ontem o acusado relatou que sua companheira tinha o costume de sair de casa e algumas vezes não retornava no mesmo dia. Apesar de boatos darem conta de que ela o traía, ele afirmou que insistia em não acreditar. Ao final dos trabalhos o advogado afirmou que irá recorrer da decisão. (SRF)