Funcionários da Santa Casa e HE pedem mais recursos

DA REPORTAGEM

Um fato curioso chamou a atenção de quem passou pela Santa Casa de Penápolis na manhã de ontem. Os funcionários do setor administrativo do hospital estavam trabalhando de roupa preta, simbolizando o ‘luto’. A manifestação fez parte do movimento de sensibilização dos Governos Federal e Estadual "Tabela SUS, Reajuste Já" que aconteceu ontem em grande parte das Instituições Filantrópicas do Estado. Os funcionários do hospital Espírita João Marchesi também aderiram a manifestação, que consiste em funcionários das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, seus convidados e apoiadores do movimento, usarem roupas pretas como forma de despertar a atenção para a causa e mobilizar, envolver toda a comunidade nesta luta. Simultaneamente, em todas as cidades, representantes das entidades estiveram reunidos com a imprensa, às 10 horas, para explicar e divulgar as ações do movimento. Os hospitais tiveram seus colaboradores trabalhando de preto e também prepararam material para divulgação à população. O objetivo é divulgar a ação para que o movimento tenha a adesão de maior número possível de parceiros, demonstrando união e representatividade do setor em busca do interesse comum, ou seja, pleitear uma remuneração justa pelos serviços prestados e uma solução para o endividamento dos Hospitais, ocasionado pela defasagem dos valores da tabela. Segundo o administrador do Hospital Espírita, Andrei Negroni, o HE, assim como muitos outros em todo o Estado, também apresenta um déficit financeiro. "Sei que o momento não está sendo fácil para muitos, mas nossa diretoria continuará lutando para que não fechemos as portas e que a população continue contando com este trabalho de qualidade e gratuito", comentou.

Valores

A Santa Casa também passa por diversos problemas financeiros. O administrador Roberto Bastos disse durante entrevista coletiva que a cerca de cinco meses, o hospital não recebia o benefício do Governos Estadual Pró Santa Casa, cerca de R$ 94,5 mil mensal. Ele explica que no último mês o valor passou a ser repassado para a compra de medicamentos, mas que o valor só poderá ser utilizado para a aquisição de novos medicamentos, e não para o pagamento de dívida contraída anteriormente, no período que não houve o repasse. "É lógico que usaremos este dinheiro para comprar novos medicamentos, quanto aos que haviam sido comprados durante o período que a verba deixou de ser repassada, terá que ser negociada a forma de pagamento", disse. Bastos revelou ainda que a Prefeitura de Penápolis tem sido uma grande parceira do hospital repassando mensalmente uma quantia aproximada de R$ 290 mil. "Para se ter uma ideia, somente no ano passado recebemos da prefeitura quase R$ 3 milhões, um valor que nos ajudou muito durante este período", revelou. Ele disse ainda que a Santa Casa recebe cerca de R$ 380 mil do SUS por mês. "Mas o valor é muito inferior ao necessário, sendo que somente a folha de pagamento de funcionários é de R$ 330 mil". comentou. De acordo com o balancete apresentado pela Santa Casa referente ao mês de outubro, o hospital recebeu pouco mais de R$ 890 mil em recursos gerais, porém, os gastos do hospital ultrapassaram R$ 1 milhão.

Manifesto

Cerca de 80 Instituições Filantrópicas assinaram anuência ao movimento, apoiaram e participaram das ações. Além de diversas Santas Casas e Hospitais do Estado de São Paulo, a campanha já ganhou a adesão de entidades de Mato Grosso, Minas Gerais e Ceará e continua contando com a inclusão de novos participantes, e segundo os organizadores do manifesto, a situação deficitária e os problemas do setor filantrópico são parecidos e compartilhados em todo o Brasil. A campanha foi iniciada por um grupo de representantes de Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo reunidos no dia 10 de setembro, em Votuporanga (SP). A partir deste encontro e da necessidade de mobilizar e buscar uma resolução aos problemas enfrentados por instituições filantrópicas de saúde, cujas finanças correm sérios riscos de entrar em colapso, foi criado o manifesto "Tabela SUS, Reajuste Já". Segundo os organizadores, a remuneração da tabela SUS – que não é reajustada há anos – não é suficiente para cobrir os custos de manutenção dos atendimentos prestados. A Carta do Interior é o símbolo da união entre as Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. O documento, elaborado em assembléia conjunta com aproximadamente 50 entidades participantes do movimento, relata as dificuldades e pacificamente, solicita providências dos Governos Federal e Estadual quanto à situação difícil que enfrentam as unidades de saúde filantrópicas. A Presidente Dilma Roussef e os governadores de Estados – em nosso caso, de São Paulo, Geraldo Alckmin – receberão a Carta do Interior, anexada às cartas de anuência de todos os apoiadores da campanha, além de todo o material produzido e repercutido sobre ela com o objetivo de que haja uma atitude séria em relação ao assunto. O retorno e a repercussão do movimento serão novamente discutidos em uma nova reunião entre os representantes de Instituições participantes, que acontecerá no dia 26 de novembro de 2012, em Votuporanga/SP. Segundo nota enviada pela Santa Casa de Penápolis, a mobilização da campanha precisa contar com o engajamento de todos, principalmente da população, para ganhar representatividade. Para conseguir agregar e envolver o maior número de apoiadores, o movimento tem uma Fan Page no Facebook, onde é possível conhecer e acompanhar toda sua estrutura.

Também é possível ajudar a disseminar a campanha, por meio dos "compartilhamentos" e das "curtidas" dos conteúdos através do www.facebook .com/tabelasusreajusteja. (Rafael Machi)