Falsa médica presa em Coroados atuava como fonoaudióloga em Penápolis

DA REDAÇÃO

O pai de uma menina de cinco anos que só respira com auxílio da traqueostomia disse que teme pela saúde da filha, que passou por consultas com a falsa médica, de 27 anos, presa ao usar o registro do Conselho Regional de Medicina (CRM) de outro médico urologista em Coroados. A menina passou por atendimentos com a falsa médica em Penápolis, através do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Microrregião de Penápolis (Cimpe).
A falsa médica foi presa no dia 4 de março, após atender mais de 30 pacientes, entre crianças e idosos. Ela confessou o crime, alegou que comprou a documentação de medicina pela internet e disse que é formada em fonoaudiologia.
Segundo o que foi divulgado pelo portal G1 de Araçatuba, o vendedor Edimar Vieira Sampaio, de Luiziânia, disse que a filha, Meline Stefani Sampaio, foi atendida pela fonoauióloga pelo menos quatro vezes. Segundo ele, na última consulta, a mulher usou um laser na traqueia da criança para induzir a respiração.
Isso porque, com 15 dias de vida, Meline broncoaspirou o leite e foi diagnosticada com pneumonia. Na ocasião, precisou ficar quase 40 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, entubada.
Conforme o pai, Meline só respira com a ajuda da traqueostomia porque a traqueia se fechou para a passagem de ar. A criança faz acompanhamento com uma equipe multidisciplinar em São Paulo, além de aguardar por uma cirurgia no dia 29 de março.
Pensando em impulsionar a evolução no tratamento, Edimar procurou pela fonoaudióloga, que atendia em Penápolis, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Cimpe. De acordo com ele, em Luiziânia não há fonoaudióloga pelo SUS.
"Minha filha ficou anos precisando de um atendimento de fonoaudiologia, até que conseguimos essa. Ela não ia toda semana, mandava mensagem falando que não ia trabalhar. Teve até uma vez que saímos de Luiziânia e ela esqueceu de avisar. Quando chegamos lá, ela não estava", lamentou Edimar.
Por isso, o pai explicou que interrompeu as consultas de Meline com a mulher. Inclusive, quando soube que a mulher foi presa pelo crime de exercício ilegal da profissão, uso de documento falso e falsificação ideológica, ficou apavorado.
O diploma de fonoaudiologia entregue pela falsa médica à polícia vai ser periciado, com o intuito de comprovar a veracidade.

O caso
Segundo o delegado responsável pela investigação, Nilton Aparecido Marinho, a mulher foi contratada por uma empresa terceirizada, que participou de um processo de licitação da prefeitura, e começou a trabalhar na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Coroados no dia 4 de marços, quando foi presa.
"Uma empresa de Piracicaba foi a responsável por contratar médicos para trabalharem em Coroados. Neste dia foi o primeiro de trabalho dela, desde as 8h, e, durante seu expediente, ocorreu essa descoberta", explica o delegado.
Na ocasião, a polícia foi acionada após a equipe da UBS desconfiar do atendimento prestado por ela e constatar que o CRM usado por ela pertencia a outro profissional.
Inclusive, no diploma constava que a suspeita concluiu o curso de medicina em 2022. No entanto, conforme o delegado, nesta faculdade, a primeira turma para o curso se iniciou naquele ano.
A suspeita foi encaminhada para a cadeia de Tupi Paulista, onde vai ficar presa preventivamente por tempo indeterminado.
A reportagem do DIÁRIO DE PENÁPOLIS tentou contato com o Cimpe, porém, até o fechamento desta edição, não havia sido emitida resposta sobre o fato. 

(Rafael Machi – Com informações G1 Araçatuba)