Esperança: Angelina falece sem saber notícias do filho desaparecido

DA REPORTAGEM

A história que chamou a atenção da população penapolense durante 28 anos, envolvendo a penapolense Angelina Diório Ambrósio, 82 anos, mãe de Laércio Ambrósio, que ficou conhecido como “Esperança”, teve seu desfecho triste na noite da última segunda-feira, 22. Angelina faleceu na UTI da Santa Casa de Misericórdia vítima de falência múltipla de órgãos em decorrência de uma pneumonia dupla. Ela estava internada desde sábado após sofrer um tombo em sua residência localizada na rua Amapá, sendo diagnosticado traumatismo craniano. Durante todo estes anos Angelina aguardou decisão da Justiça para receber as devidas ações indenizatórias nas quais tem direito sobre o desaparecimento de Esperança após ter sofrido um acidente aéreo na floresta amazônica. Atualmente recebia uma pensão mensal de um salário mínimo do governo pelo desaparecimento do filho. Laércio, que na época do desaparecimento estava com 34 anos, era funcionário da antiga fábrica Noropel Embalagens de Penápolis e viajou para Rondônia a trabalho. O penapolense, que estava noivo e se casaria quando voltasse de viagem, saiu de Penápolis no dia 25 de março de 1982 e viajou de carro até Cuiabá (MT), onde embarcou em um avião para Guajará-Mirim (RO), no dia 25 de março de 82 em companhia do seu patrão. Eles deveriam ficar na cidade apenas uma semana e retornar juntos, mas Ambrósio recebeu instruções para ficar e fazer algumas cobranças em Porto Velho. No dia anterior à viagem a Porto Velho, Ambrósio se hospedou no hotel Miraestrela. Lá conheceu o piloto de avião Adilson Demablo que lhe ofereceu carona. Eles decolaram, mas não chegaram ao destino. O último contato com a família foi feito no dia 06 de abril de 82, quando Ambrósio telefonou para a mãe informando que embarcaria na manhã seguinte para Porto Velho. No dia do acidente estava chovendo muito e o avião caiu na floresta em Ji-Paraná (RO), a 100 quilômetros de Porto Velho. Como se passaram vários dias e Ambrósio não entrou em contato, Angelina ficou preocupada, sabendo do acontecimento sete dias depois. Seu marido (já falecido) viajou para Rondônia onde ficou 15 dias tentando encontrá-lo, mas sem sucesso. Na época ela recorreu a todos os meios para conseguir ajuda na tentativa de encontrar Esperança, entre eles o médium brasileiro Chico Xavier que garantiu que seu filho e o piloto estavam vivos.

Agonia
A agonia de Angelina parecia estar chegando ao fim quando em 1998 uma delegada de Rolim de Moura (RO) entrou em contato informando que havia um homem não identificado que estava internado há quatro anos no Hospital dos Servidores Públicos Municipal daquela cidade. Na ocasião, foram solicitadas cópias de impressões digitais de Esperança, que em primeira avaliação confirmou que o homem internado era mesmo o penapolense desaparecido. Porém, no dia 22 de setembro de 1998 um novo exame de digitais, realizado pelo Instituto de Criminalística de Araçatuba, e o recebimento de uma foto da pessoa que estava internada confirmou que não era ele. Em 2003 por meio de roupas que estavam dentro de uma mala encontrada no local do acidente, Angelina reconheceu as peças, inclusive um frasco de perfume e sapatos que ela colocou na mala do filho. A carteira de identidade dele também foi encontrada. Junto aos destroços da aeronave, localizados há alguns anos, foi encontrada uma ossada humana que através de um exame de DNA confirmou ser do piloto do avião Adilson Demablo. Como não havia outra ossada no local, a suspeita é que Esperança tenha saído em busca de socorro e se perdeu na mata. No dia 15 de maio de 2007, a Justiça emitiu a certidão de óbito de Laércio reconhecendo oficialmente à morte presumida do penapolense. Além de Laércio, Angelina deixa os filhos Bráulio, Laércio, Ivonete (todos estes in memorian) e Valdecira, bem como netos e demais parentes. Seu corpo foi velado no Bom Pastor Memorial e o sepultamento ocorreu por volta das 16h00 de ontem na Necrópole Santa Cruz. (IA)

Foto: Laércio Ambrósio, o “Esperança” desapareceu em 1982 após sofrer um acidente aéreo na floresta amazônica