Emoção: Militares penapolenses falam sobre o terremoto no Haiti

DA REPORTAGEM

Imagine ser convocado para fazer parte da equipe do Comando do Exército Brasileiro que está no Haiti em missão de paz da Organização das Nações Unidas e ficar por sete meses longe de sua família e amigos. Dias antes de encerrar sua missão e voltar para casa acontece uma catástrofe que destrói tudo ao seu redor, restando apenas à roupa do corpo e a tristeza pelas vítimas. Esta é a cena que os soldados penapolenses Diego César Gomes, 24 anos e Maicon Costa Teixeira, 23, guardarão para sempre em suas lembranças e carreiras militares. Eles retornaram ao Brasil na segunda-feira, 25, chegando a  Penápolis na manhã da última quinta-feira, 28. Antes de retornarem para a cidade, os militares passaram por uma bateria de exames no Hospital do Exército em Campinas e foram homenageados no 37º BIL (Batalhão de Infantaria Leve) de Lins. Os penapolenses estavam no Haiti desde o dia 30 de junho de 2009 e foram sobreviventes do terremoto ocorrido no dia 13 que destruiu quase que totalmente a capital, Porto Príncipe. O abalo devastou a cidade e deixou milhares de mortos. Diego lembrou que na hora do terremoto estava dormindo em um dos alojamentos. “De repente acordei com o teto desabando sobre mim, e deu tempo apenas em correr para fora”, revelou. Já Maicon citou que no dia estava fazendo uma escolta quando voltou ao alojamento, decidindo ir à academia. “Quando sentimos o tremor eu e mais alguns amigos achamos que era um caminhão que estava passando, quando vimos um dos alojamentos desabar corremos para ajudar nossos companheiros que foram soterrados”, disse. O militar enfatizou que por quatro horas ficaram tirando os destroços com as mãos na tentativa de salvar os amigos, pois os materiais disponíveis foram soterrados com o tremor que aconteceu na tarde de terça-feira. Por volta das 3h00 da madrugada é que a equipe de engenharia do Exército Brasileiro chegou com as ferramentas e materiais de salvamento. “Os tremores continuaram a noite inteira, e o cenário que vi durante os últimos dias que fiquei no país era de desolação, tristeza e desespero por parte dos haitianos, muitos destes feridos”, garantiu.

Comunicação
Além do drama em ver pessoas mortas e desoladas sem perspectiva de vida após a tragédia, os militares sofreram com a falta de comunicação, já que os telefones públicos e internet foram cortados. Diego admitiu ter conseguido contato com seus familiares horas depois por meio de um telefone, sendo rápido em suas palavras, afirmando que estava bem. “Neste telefone tinha uma fila imensa de pessoas para ligar aos seus familiares”, comentou. Maicon precisou ir até a outra base que não sofreu danos para ligar aos seus pais, conseguindo somente no outro dia. “Quando falei com minha mãe, fiquei muito feliz e emocionado porque tinha saído ileso do terremoto, pois sabia o quanto estavam preocupados”. Depois de conseguir contato, os soldados penapolenses retornaram aos trabalhos para salvar os demais amigos e a população haitiana, garantindo ao mesmo tempo segurança. “Infelizmente perdemos alguns amigos, mas acredito que Deus tenha reservado um lugar muito especial para eles no céu”, citou Maicon emocionado. Apesar do país ter sido devastando com a catástrofe, o militar garantiu que os haitianos são pessoas solidárias e inteligentes. “Alguns aprenderam falar português e com isso nos ajudavam interpretar o que às vítimas que estavam feridas queriam ou gostariam”. Mesmo retornando para Penápolis, Diego ressaltou que sente saudade dos amigos que ficaram no Haiti, pois era como uma família que havia sido formada durante estes sete meses. “Não tem coisa melhor do que estarmos ao lado de nossa família e dos amigos, mas espero que os soldados que ficaram lá sejam bem sucedidos e que Deus os proteja”, concluiu. Maicon finalizou que se for chamado novamente para voltar ao Haiti, irá para ajudar na reconstrução do país. Ambos os militares receberam 45 dias de férias e após o descanso retornarão para o Batalhão de Lins. (IA)

Foto: Emocionados, familiares recebem Diego em sua volta para Penápolis

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