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CIDADE & REGIÃO

02/03/2014

Documentos retratam antigos carnavais em Penápolis

Rafael Machi
Detalhes Notícia
A museóloga Anésia Ferreira mostra recortes antigos de jornais sobre o carnaval de rua em Penápolis

DA REPORTAGEM

 

Com o carnaval acontecendo em todo o País, Penápolis também não poderia ficar de fora da maior festa popular brasileira. As tradicionais marchinhas e o ‘axé’ que toca em todo o Brasil também é repercutido nos salões de clubes e no "carnaval popular" penapoloense. O carnaval é considerado uma importante manifestação do folclore brasileiro. Para a museóloga Anésia Vince Ferreira – responsável pelo Museu de Folclore de Penápolis – a festa é vista pelos populares como um momento de "liberdade". "É um momento onde a pessoa se vê próxima da liberdade, onde ela pode sair para uma festa sem medo de críticas às suas roupas e pode dançar e agir de tal forma sem ter que se preocupar com opiniões, já que todos naquele ambiente também estão inseridos na mesma situação. Por isso vemos no carnaval a manifestação de fantasias, danças que duram a noite toda e a alegria no rosto das pessoas", comentou. No entanto, não é de hoje que estas manifestações populares acontecem na cidade. Anésia revela que possui um vasto material sobre manifestações carnavalescas que ocorreram na cidade através dos anos. Todo o material coletado está sendo catalogado pela própria museóloga, que pretende repassá-lo ao Museu de Folclore e ao Museu Histórico de Penápolis. Dentre o material estão recortes de jornais e entrevistas com pessoas que fizeram parte desta manifestação popular. Uma publicação chama a atenção dos interessados sobre o assunto. Uma edição especial do "Rastros Momescos de Penápolis", publicada em 28 de janeiro de 1988 traz uma pesquisa feita por Marcemino Bernardo, com orientação de Marco Filippim, onde é contada a história do carnaval penapolense até então. Segundo relata a edição, as primeiras manifestações da festa popular apareceram em Penápolis em 21 de fevereiro de 1917, quando crianças fantasiadas saíram se divertindo pelas ruas e praças do então vilarejo. Em 1923 teria sido registrado um carnaval mais participativo e atuante, onde as pessoas se reuniram no Bairro Alto, hoje a Vila Martins.

 

Primeiros Cordões

Em 1923, o carnaval era realizado através de "Cordões", pessoas que se juntavam para o desfile – uma forma primitiva do que hoje é conhecido como blocos de carnaval. o Cordão de destaque da época era a Sociedade Recreativa Hispano-Brasileira, que tinha como liderança Bartolomeu Fernandes, o "Bartolo". O grupo se apresentou em um carro alegórico puxado por animais em forma de locomotiva e que transportava doentes. Esta era uma forma de criticar a Santa Casa de Misericórdia, que começou a ser construída em 1919 e que até então não havia sido concluída. Os doentes tinham que ser transportados para Bauru ou São Paulo, daí a ideia de Bartolo, que agradou aos foliões, que começaram a desenvolver ideias para os carnavais com críticas e sátiras. Além do Cordão de seu Bartolo, haviam ainda os clubes Corintians, Penapolense, Penápolis Futebol Clube e o Sete de Setembro. A tradição da época era os grupos se apresentarem e após o desfile cada qual deveria retornar para seu clube, onde brincavam o carnaval durante toda a noite, até às 04h00 – na época o horário de festa era considerado um exagero. Segundo o relato publicado na edição do Rastros Momescos, na época a lei era severa, sendo que ninguém poderia amanhecer nos clubes. "Brincavam as quatro noites para na quarta-feira de Cinzas, bem cedo, irem á missa. Era hora de retomar a caminhada dos justos, no caminho sério do Senhor", relatou a publicação.

 

Escolas de Samba

Penápolis possuiu uma grande tradição em Escolas de Samba. Pessoas como a "dona Luiza do Grupo" foram grandes responsáveis por esta tradição. D. Luiza era responsável, em 1937, pelo Clube Sete de Setembro, que 10 anos depois se transformou em "13 de Maio". Entre outras pessoas também se destacou a dona Tereza Pereira, que por muitos anos organizou Blocos de Carnaval. Um deles, o ‘Lá Vem Mangueira’, organizado em Penápolis, se tornou um dos mais fortes da região. No entanto, esta força foi se perdendo aos poucos com o surgimento da Escola de Samba ‘Unidos da Usina Campestre’. Em 1982, a ‘Escola de Samba da D. Tereza’ traz ao carnaval penapolense uma temática ainda não explorada: A inundação do Salto do Avanhandava, que ainda estava em projeto. Naquele ano o grupo se apresentou ao som de "Rainha das Águas", uma composição de Orlando Gomes e Celinho. Também passou pelo carnaval o ‘Bloco da Gandaia’, formado pelo seu Joel da Bicicletaria que foi campeão do Carnaval de Rua de 1982, concorrendo com a "Imperatriz da Vila Planalto", que se apresentava pela primeira vez naquele ano. Entretanto, um dos grupos que fizeram história no carnaval penapolense foi a Escola de Samba ‘Unidos da Usina Campestre’. O destaque ficava para a bateria, considerada uma das melhores. As apresentações renderam o título para Penápolis de melhor carnaval de rua do Noroeste Paulista. Não era para menos, a Unidos da Usina Campestre trazia para a cidade fantasias luxuosas de escolas de samba do Rio de Janeiro, como a Beija Flor. O destaque da escola ficava para o mestre de bateria Jorginho e a ‘morena Clarice’. O auge do carnaval de rua em Penápolis trouxe ainda outros grupos que fizeram história e que ficaram marcados na lembrança de muita gente. São Escolas de Samba como a Pena Verde e Unidos da XV. Os blocos também marcaram gerações, como o Bloco Boi da Cara Preta, Bloco do Toninho; Bloco O Caçador de Borboletas; Vai Quem Quer; Bloco dos Palhacinhos; Bloco da união dos Jovens de Penápolis e o Bloco da Doroty. O último bloco de destaque surgiu em 1995, sendo o Bloco da Dona Fartura. A ideia surgiu através de uma oficina de máscaras realizada no Museu de Folclore de Penápolis, através de seu idealizador, Marco Filippim. Com as máscaras ainda, foi criado um boneco gigante, bastante parecido com os tradicionais de Olinda (PE). O boneco foi batizado como ‘Dona Fartura’, na qual deu nome ao bloco. Outros blocos menores também foram constituídos na última década, mas foram perdendo força e hoje existem apenas em registros fotográficos e na memória de quem ajudou a construir a história do Carnaval de Rua Penapolense.

 

(Rafael Machi – Com informações do informativo Rastros Momescos de Penápolis/ janeiro de 1988)

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