Cobras e Cobrinhas: Leila vai ao ginásio todos os dias para acompanhar jogos

DA REPORTAGEM

Imagine uma pessoa que durante um mês rotineiramente sai de sua casa por volta das 19h, com uma almofada embaixo do braço, caminha alguns quarteirões para chegar ao ginásio de esportes e se sentar sempre no mesmo lugar para acompanhar jogos de futsal. Há 20 anos, durante todo mês de janeiro, esta é a rotina da aposentada Leila Aparecida Triveloni, 52 anos, freqüentadora assídua do ginásio de esportes Antônio Castilho Braga, o “Gigantão Azul”, no período de realização do Torneio dos Cobras e Cobrinhas. “Sempre gostei de ir ao ginásio para assistir os jogos, lá me sinto bem por estar com amigos”, comentou. Com tantos anos de dedicação em acompanhar os jogos, ela se lembra de apenas uma única vez que não pôde ir ao ginásio em decorrência de uma forte chuva que caiu na cidade. Ela disse que naquele dia não foi aos jogos por que sua mãe pediu. “Ela estava muito preocupada, assim, decidi ficar em casa em sua companhia”, comentou. Esta preocupação é constante, porém não atrapalha já que a mãe de Leila, dona Ilda Vieira Triveloni, 82 anos, diz estar acostumada com a rotina da filha. “Fico preocupada devido ao horário que termina os jogos, pois ela volta sozinha, mas ela gosta muito, portanto, não me oponho”, afirmou. Leila disse que costuma ir por volta das 19h para chegar cedo e se acomodar no mesmo lugar, próximo ao portão de acesso à entrada dos árbitros e funcionários.  “Acabei ficando conhecida entre os torcedores como a ‘porteira do ginásio’, pois acostumei a controlar o movimento das pessoas próximo à mesa da arbitragem”, disse. Ela informou que nunca teve problemas com as pessoas por sentar-se sempre naquele lugar. “ Um dia um casal ocupou meu espaço na arquibancada, mas quando cheguei, educadamente eles saíram”, revelou. Leila falou que já viu muitas coisas acontecerem no ginásio, desde brigas entre torcedores e jogadores e muita discussão entre casais. 

Admiração
Leila não vai apenas para assistir os jogos e ficar no portão de acesso de funcionários, mas também para ajudar na reposição de bola que muitas vezes acaba saindo da quadra. O auxiliar de serviços gerais Paulo Aparecido Miranda, 52 anos, conta que Leila é uma pessoa muito prestativa e que a ajuda dela é sempre muito bem vinda. “Pra ela não tem tempo ruim, além de estar aqui todos os dias, ela sempre nos ajuda com alguma coisa, até quando precisa limpar algo ela está de prontidão”, afirmou. Essa dedicação em ajudar e se fazer presente durante os jogos, já rendeu à Leila vários prêmios como “torcedora símbolo dos Cobras”, ela guarda com muito carinho as medalhas e o troféu que conquistou. “Não faço isso para ter prestígio ou ganhar prêmios, mais por que gosto e admiro o campeonato”, ressaltou. “Assistir os jogos é minha alegria, tenho muita satisfação em estar no meu cantinho e poder acompanhar tranquilamente as partidas, se um dia tiver que parar ficarei muito triste, mas tenho certeza de que fui feliz lá dentro”, afirmou. “Dentro do ginásio fiz muitos amigos, sempre me respeitaram e pude me divertir muito com eles, é essa alegria que tenho em minha vida, poder acompanhar os jogos que tanto gosto e ter sempre as pessoas ao meu lado”, finalizou. (Rafael Machi)