Casas Noturnas de Penápolis passam por fiscalização

DA REPORTAGEM

Após a tragédia ocorrida na cidade de Santa Maria (RS), no fim de janeiro, que matou 232 pessoas durante incêndio ocorrido dentro de uma casa noturna naquela cidade, muito se tem falado sobre a preocupação da segurança em casas de shows de todo o País. No estado de São Paulo, por exemplo, uma "força tarefa" foi exigida pelo Governador do Estado Geraldo Alckimin para que a fiscalização destes estabelecimentos fosse feita para realizar um levantamento sobre o estado em que estas casas noturnas se encontram, e se há condições favoráveis para o recebimento de público de forma segura. Segundo o Corpo de Bombeiros de Penápolis, até ontem haviam sido vistoriados seis estabelecimentos da cidade que possuem estrutura para festas e eventos com participação de grande número de pessoas, e quatro deles apresentaram algum tipo de irregularidade, principalmente com a sinalização exigida. Segundo o 1º Sargento João Toshinobo Maeda, do Posto de Bombeiros de Penápolis e responsável por este tipo de fiscalização, as irregularidades encontradas nestes locais e que não foram divulgadas, são apenas para orientação de pessoas e que não afetam a segurança em casos de emergência. Ele explicou que o principal problema foi a falta de sinalização da capacidade de pessoas dentro do estabelecimento. "Estes são um dos detalhes exigidos na hora da fiscalização para que o Corpo de Bombeiros libere o alvará de segurança de determinado estabelecimento, mas este detalhe acaba não interferindo diretamente na segurança das pessoas, como a falta de um extintor de incêndio, por exemplo, que acaba sendo fundamental em caso de um acidente com fogo", comentou. Maeda explicou que mesmo com as irregularidades encontradas nestes estabelecimentos, nenhum foi fechado ou terá seu funcionamento afetado. "Foram feitas as devidas orientações que serão atendidas por seus responsáveis, garantindo assim que tudo seja cumprido de forma correta", comentou. Para o 1º Sargento e responsável pelo Posto de Bombeiros da cidade, Celso Nonato, os responsáveis por casas noturnas da cidade sempre seguiram as orientações do Corpo de Bombeiros, deixando seus estabelecimentos em ordem para a segurança do público. No entanto, Nonato ressalta que alguns cuidados são necessários. "Acontece que quando é feita a fiscalização em um estabelecimento pode acontecer de estar tudo em ordem, mas depois pode ocorrer modificações que deixam o público em risco, como a colocação de um vaso de flor na frente de uma porta", disse. Portas de emergência, sinalização de saídas, extintores de incêndio, luzes de emergência e outros itens são exigidos em casas noturnas pelo Corpo de Bombeiros. Estes itens devem ser respeitados durante todo o período de funcionamento do local, não havendo modificações sem consultas aos Bombeiros, o que pode representar, além da irregularidade, o risco para a vida das pessoas em caso de incêndio.

Aluguel e decoração

Quando um salão de festas é alugado para a realização de festas, é importante que o responsável pela decoração tenha respeito pelos itens colocados no salão para a segurança das pessoas. "Por exemplo, grandes cortinas que são colocadas no ambiente. Este é um item de risco, pois se colocado de forma irregular pode esconder saídas de emergência e a exposição de extintores. Sempre quando é colocada uma decoração em um ambiente fechado é necessário utilizar materiais ‘antichamas’, ressaltou. Em caso de uma fiscalização, sendo flagrado algum desrespeito com relação à decoração, quem pode responder pelo crime é proprietário do estabelecimento. "Ele é o responsável pelo salão e pela segurança ofertada às pessoas, por isso deve estar sempre atento, pois não adianta ele ter tudo em ordem, mas realizar uma festa com decoração irregular", explicou Nonato.

Festas clandestinas

Nonato explica que não há problemas graves com os estabelecimentos de Penápolis, mas que a principal preocupação do Corpo de Bombeiros é com relação às festas feitas fora da cidade, em áreas rurais. "Muitas delas são irregulares, não atendem os itens de segurança dos Bombeiros, o que significa riscos para as pessoas que as frequentam", disse. Ele ressalta que infelizmente seus organizadores acabam agindo até de má fé, colocando seu público contra o Corpo de Bombeiros. "Normalmente quando não há a liberação por parte dos Bombeiros, eles acabam influenciando as pessoas contra nós, sendo que o que fazemos é uma questão de segurança, e aí a festa acaba ocorrendo, mesmo de forma irregular", explicou. As fiscalizações para que medidas punitivas sejam tomadas não cabe ao Corpo de Bombeiros. Quando ocorrem irregularidades estas informações são repassadas para a Prefeitura e até ao Ministério Público. "Esperamos que após estes fatos que estão ocorrendo, as legislações sejam mais duras e cumpridas de forma correta", finalizou Nonato. (Rafael Machi)