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CIDADE & REGIÃO

19/11/2006

Avanhandava: Para conter calote, bares e mercearias limitam o fiado

Detalhes Notícia

Alguns donos de bares e mercearias de Avanhandava, que conseguiram manter as portas abertas após a crise que assolou o setor de bares no final da década de 1990, estão adotando uma medida que busca conter o crescimento da dívida provocada pela inadimplência de parte dos fregueses e pretendem, sempre que possível, efetuar as vendas somente com pagamento à vista. De agora em diante, chegar no balcão e pedir para pendurar a conta não será privilégio para todos, o que vale dizer que o fiado para alguns fregueses pode estar com os dias contados.

Costumeiramente adotada em cidades pequenas onde todos se conhecem, a modalidade do fiado em alguns estabelecimentos de Avanhandava chega a ser responsável por 60% das vendas, porcentagem que poderá ser reduzida com a adoção da nova medida pelos comerciantes. O famoso “fiado” é a modalidade de crédito mais antiga que há e está presente em todo tipo de comércio.  

O comerciante Cláudio dos Santos, o Mondrongo, dono de bar há 15 anos, revela que nesse período com o fiado já perdeu o preço do bar, aproximadamente R$ 10 mil. Ele afirma que para piorar a situação, toda mercadoria que compra é paga à vista. “Somente de um grupo de fregueses que trabalhou na construção da penitenciária de Avanhandava a dívida com o fiado girou em torno de R$ 960,00; eles pagaram em dia durante um tempo, deixaram a conta pendurada e na confiança de receber eu continuei vendendo, em muitos casos é dessa forma que acontece o prejuízo. Porém, apesar da situação não posso reclamar da maioria dos meus fregueses”, conta Mondrongo, que promete maior rigor no controle do fiado. Em seu estabelecimento, atualmente 50% das vendas é procedente de fiado.

O irmão de Mondrongo, Antonio Cirilo dos Santos, o Tonho Careca, proprietário de um bar na Vila Bandeirantes se queixa dos maus pagadores e está mais cauteloso quanto ao fiado. Ele afirmou que certa vez tomou o calote de um antigo vizinho e o prejuízo foi de mais de R$ 190,00, pois recebeu do mesmo um cheque sem fundo e ainda deu a ele R$ 30,00 de troco. Tonho reclama que só em 2004 teve um prejuízo de mais de R$ 2 mil com o fiado. “Em certos casos é um dinheiro que dificilmente a gente recupera, pois tem freguês que gasta um bom tempo e depois desaparece, aí não tem como cobrar o freguês”, diz ele. Conforme Tonho, alguns ainda até voltam tempos depois e aparecem com um monte de desculpas esfarrapadas, entre elas de que ficou em situação financeira difícil pela morte de um parente ou então porque a mulher ficou doente. “Nós, donos de bares precisávamos ser mais organizados, mas é vivendo e aprendendo que às vezes é melhor ficar com a mercadoria do que vender e não receber”, reclamou. Ele alega que em torno de 20% do que vende todo ano fica sem receber.

 

Mal necessário

O calote também faz parte da rotina de Laércio Vidal, o Fubá, que tem um bar no centro da cidade já faz 20 anos. “O fiado às vezes é um mal necessário, porque vender tudo à vista em uma cidade pequena é quase impossível, porém vou procurar preservar apenas os bons fregueses, alguns dos quais tenho desde que abri o bar”, relatou. Fubá exemplificou que se tem 50 fregueses de caderneta, ao final do ano em torno de 10 deles compram e ficam sem pagar. “Alguns no começo pagam à vista, continuam gastando à vontade e se está mal intencionado desaparece, aí você perde o freguês, o dinheiro e o amigo”, comenta Fubá. “Estou propenso a não abrir mais conta para desconhecidos, estou convencido de que para alguns fregueses é preferível falar não do que sofrer depois”, disse ele. Em situações de maior movimento, Fubá adota o sistema de venda com fichas para se precaver do calote.

De acordo com informações do proprietário, aproximadamente 60% das vendas são oriundas do fiado. “Como não existe negócio com inadimplência zero, é preciso um controle maior sobre esse tipo de venda”, sustenta Fubá.  

 

“Lista Negra” na Delegacia

Na tentativa de receber dívidas dos clientes, na década de 90 o proprietário de um trailler que funcionava na praça Santa Luzia estampou com giz em uma lousa o nome dos 10 principais fregueses considerados maus pagadores. A mensagem, que na primeira linha trazia a inscrição “lista negra dos caloteiros” chamou a atenção de muitas pessoas. No entanto, ele lembra que diante da reclamação de alguns dos citados na lista, o caso foi parar na Delegacia de Polícia. A confusão foi grande e o comerciante foi então aconselhado pelo delegado da época a retirar a “lista negra” de circulação.

Nem mesmo a lista o fez receber a maioria das dívidas. Tempos depois o comerciante fechou o estabelecimento. Ele alega que teve prejuízo de quase R$ 2 mil reais com o fiado e que, se estivesse com algum tipo de comércio hoje, agiria diferente da época em que tinha o trailler e venderia fiado somente para alguns clientes considerados confiáveis.

Já o comerciante Jaime Ribeiro Martins ficou durante um ano no comando do Bar Ranchonete, no centro da cidade. A grande quantidade de fiado, em torno de R$ 3,2 mil, o fez apressar a decisão de fechar há mais de 5 anos. “O valor do fiado só não foi maior porque eu selecionava os fregueses”, explicou Jaime. Hoje à frente da mercearia São Judas Tadeu ele está se precavendo de várias maneiras para evitar novos calotes. Há quase um ano se filiou à Associação Comercial da cidade. “Por causa da consulta que faço antes de vender a um desconhecido, para perder dinheiro com o fiado agora será mais difícil”, prevê. Mesmo assim, o comerciante diz estar perdendo a paciência com a dívida acumulada de certos devedores e já pensou até mesmo em tomar algumas medidas que conforme disse poderão ser desagradáveis para eles. (OV)

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