Apagão prejudica o atendimento no Pronto-Socorro

DA REPORTAGEM

O apagão elétrico que atingiu 18 estados brasileiros e parte do Paraguai, entre a noite de terça-feira e a madrugada de quarta,   não causou dificuldades sérias para a população penapolense, apenas o incomodo pela falta da energia. Mas o blecaute serviu para mostrar a fragilidade do Pronto-Socorro da cidade, que não possui um gerador de energia. Conforme o apurado pela Reportagem, felizmente durante o período em que a cidade ficou às escuras  –  aproximadamente quatro horas -  nenhum caso grave deu entrada naquela unidade, e o número de pessoas atendidas foi considerado pequeno. Segundo o responsável por aquela repartição de saúde, Ledo Cecílio, o problema da unidade não possuir o equipamento é uma preocupação antiga, mas já foi dada a entrada de um processo para instalação de um gerador junto aos órgãos competentes. “Inclusive ontem, estava agendado uma reunião com uma equipe técnica que estuda a melhor forma da instalação do equipamento e, coincidentemente ocorreu o apagão “,  afirmou Ledo. Pelas suas previsões, provavelmente até o início do próximo ano o Pronto-Socorro deverá estar equipado com um gerador. Na Santa Casa de Misericórdia o apagão praticamente passou despercebido pois a entidade possui dois geradores que foram acionados automaticamente quando faltou a energia.  Um outro local, onde a falta de iluminação causou preocupação foi  a Cadeia Pública, mas lá não houve nenhum problema, pois os presos permaneceram tranqüilos na escuridão. Nenhuma chamada foi registrada pelo Corpo de Bombeiros durante as quatro horas de duração do apagão. Algumas empresas, incluindo bares e lanchonetes, contabilizaram algum prejuízo com a falta de energia. Aqui no DIARIO o blecaute atrasou a impressão do jornal que só terminou na madrugada de quarta-feira. 

Bauru
Em Bauru, uma emissora de televisão ajudou nos trabalhos dos profissionais da Maternidade Santa Isabel para manter o atendimento de cinco bebês que estavam na UTI. O hospital não possui gerador e teve que recorrer a TV que emprestou o aparelho que permaneceu no hospital até o retorno da energia. Todo trabalho só foi possível com a ajuda da luz da câmera de um cinegrafista durante o tempo suficiente para salvar todos os bebês. Já em Marília uma residência foi incendiada por uma vela que o morador havia providenciado para iluminar o interior do imóvel.

Urubu provocou mini-apagão em Penápolis
O blecaute nacional ocorreu por volta das 22h15, mas duas horas antes já havia sido verificada uma interrupção de energia elétrica nos arredores da Vila Fátima, em Penápolis. O primeiro mini-apagão ocorrido por volta das 20h00, foi provocado por um urubu que se chocou contra a rede elétrica. O incidente ocorreu no bairro Pereirinha e a ave morreu. O sistema de segurança que entra em ação automaticamente em situações deste tipo, desligou a rede deixando vários bairros e parte do centro da cidade sem energia elétrica.

Transtorno
Toda a produção de Itaipu, de 17 mil megawatts, deixou de ser distribuída, devido, provavelmente, à queda de uma ou mais linhas de transmissão. O Metrô e a Companhia de Trens de São Paulo paralisaram suas atividades, pedindo aos usuários que deixassem os vagões e utilizassem ônibus, provocando um grande transtorno. O apagão atingiu oitocentos municípios de 18 Estados brasileiros. O Ministério de Minas e Energia confirmou que o problema foi provocado pelo corte no fornecimento de energia de Itaipu, que deixou o Paraguai também às escuras. O presidente da Itaipu, Jorge Samek, disse que esta é a primeira vez que todas as máquinas de hidroelétrica são desligadas. Segundo ele, o problema não foi de geração, mas sim na transmissão. De acordo com o presidente da hidroelétrica binacional, a alta informatização do sistema deve apontar exatamente qual a linha que sofreu a avaria. Este foi o terceiro blecaute em dez anos sofrido pelo Brasil. O termo apagão ficou  conhecido no país em 1999, quando 10 estados mais o Distrito Federal ficaram por quatro horas sem energia. O causador do blecaute atual  permanecia desconhecido até o fechamento desta edição. Segundo informações da Hidrelétrica de Itaipu, a hipótese mais provável é que tenha ocorrido algum acidente que afetou um ou mais pontos do sistema de transmissão, inclusive o de Furnas, responsável por levar a energia de Itaipu para o Sul e Sudeste. Às 06h00 de ontem a Hidrelétrica de Itaipu voltou a operar normalmente, com 18 unidades (duas estão em manutenção, como ocorre normalmente). De acordo com a empresa, nenhuma das máquinas desligou -- elas ficaram operando no vazio, aguardando o restabelecimento do sistema. Com 20 unidades geradoras e 14 mil megawatts de potência instalada, a usina binacional fornece 19,3% da energia consumida no Brasil e abastece 87,3% do consumo paraguaio. A pane ocorreu exatamente às 22h14. Por efeito dominó, também o sistema paraguaio teve o fornecimento de energia interrompido, sendo restabelecido em 15 minutos. Segundo a nota de Itaipu, logo a seguir, uma pequena carga começou a ser mandada para a Companhia Paranaense de Energia (Copel). A partir daí, as unidades foram progressivamente entrando no sistema elétrico brasileiro, até a geração ser normalizada. O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek e o diretor técnico executivo, Antonio Otélo Cardoso, participaram, em Brasília, de uma reunião com autoridades do setor elétrico para analisar o problema. (SRF)

Foto: Pronto-Socorro teve o movimento baixo terça-feira e nenhuma emergência