APAE: Alunos e funcionários realizam manifestação

DA REPORTAGEM

Diretores, funcionários, alunos e amigos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Penápolis realizaram ontem pela manhã uma passeata pelas ruas da cidade para protestar contra a proposta que prevê o fim de parceria pública com organizações filantrópicas que trabalham com alunos com deficiência. A manifestação ocorreu, pois se a proposta for aprovada pela Presidência da República, as unidades da APAE de todo o Brasil deixariam de prestar seus serviços, já que todos os alunos com deficiência intelectual deveria ser matriculado na escola regular. Segundo o presidente da entidade de Penápolis, José Luiz Beneciuti, o Benê, as APAE são responsáveis pela educação da maioria das pessoas com deficiência intelectual e múltipla. "Na verdade, não temos o objetivo de substituir o ensino da escola regular, uma deve complementar a outra. A inclusão deve sim ser feita, mas de forma responsável para que o aluno com deficiência possa ser inserido de forma correta e com total apoio para frequentar a escola regular", ressaltou. A passeata iniciou pouco depois das 08h00 e foi animada por um carro de som, percorrendo as principais ruas do centro comercial da cidade. Diversos cartazes foram confeccionados manifestando a insatisfação sobre a possível mudança. Por onde passavam, alunos e funcionários chamavam a atenção das demais pessoas que já estavam no comércio e eram aplaudidos por munícipes que apoiam a manifestação e repudiam o fim dos trabalhos da APAE. Durante o percurso, os participantes contaram com o apoio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Na marginal Maria Chica, o grupo fez uma parada defronte à prefeitura. A caminhada saiu do ponto de concentração, desceu a rua Anchieta até a avenida Bento da Cruz, seguindo até a rua São Francisco, virando à direita na avenida Rui Barbosa indo até a rua Ramalho Franco, onde desceram até a Marginal Maria Chica, com uma parada em frente à Prefeitura. Na sequência, os manifestantes foram recebidos no plenário da Câmara Municipal por alguns vereadores, entre eles o presidente da casa, Caíque Rossi (PSD) e os vereadores Ricardinho Castilho (PV), Fabinho (PSDB) e Nardão Sacomani (DEM), que se pronunciaram em defesa da APAE. O prefeito Célio de Oliveira (PSD) também esteve presente dando total apoio a APAE e ressaltou a ideia do não fechamento das unidades. "Sabemos que a APAE realiza um trabalho maravilhoso, não é justo que isso se acabe. Esperamos sinceramente que os responsáveis pela decisão não acatem esta ideia, acabando com o brilhante trabalho realizado pelas APAEs de todo o Brasil", ressaltou.

Proposta

O documento da Conae (Conferência Nacional de Educação) 2014 traz, dentre outras propostas, a orientação para que o número de matrículas em educação especial seja congelado em organizações filantrópicas, comunitárias e confessionais e, finalmente, extinguir essa modalidade de parceria em 2018. Desta forma, todos os alunos seriam obrigatoriamente matriculados na rede pública.

A Conae 2014, convocada pelo Ministério da Educação, possui caráter deliberativo e apresentará um conjunto de propostas que subsidiará a implementação do PNE (Plano Nacional de Educação), que tramita no Senado e traça diretrizes para o setor, como a qualidade de gestão e a ampliação de investimentos na educação. A conferência está marcada de 17 a 21 de fevereiro de 2014, em Brasília. (Rafael Machi)