Após negociações, Santa Casa reabre maternidade

DA REPORTAGEM

Após negociações com médicos das áreas de ginecologia e obstetrícia, a Santa Casa de Misericórdia de Penápolis reabriu na noite de ontem a maternidade que estava com suas atividades paralisadas desde sábado (21) quando os médicos suspenderam o atendimento por falta de profissionais para cobrir plantões vagos. Até a tarde de ontem, as gestantes que necessitavam do atendimento precisavam dar entrada no Pronto Socorro Municipal e serem transferidas para a Santa Casa de Birigui, onde eram atendidas. 
Segundo o administrador do hospital, Roberto Bastos, a reabertura da maternidade foi possível depois da contratação de três novos profissionais, que deve ser suficiente para cobrir a escala de médicos do setor. “A administração da Santa Casa, junto com a Secretaria Municipal de Saúde, estava desde segunda-feira (23) contatando médicos de toda a região para fazer propostas de trabalho junto ao hospital. No fim da tarde conseguimos as contratações suficientes para suprir as necessidades e assim reestabelecer o atendimento na maternidade”, comentou. 
Ele explicou que o hospital possuía apenas três médicos obstetras para plantões de 24 horas, sendo que seria necessário contar com um plantonista por dia durante os sete dias da semana. “O problema não é salário, os médicos têm sido pagos com os devido respeito nas datas de seus vencimentos, o problema é que, infelizmente, o hospital não tem encontrado profissionais dispostos a atenderem na Santa Casa, o que gerou uma sobrecarga dos médicos, que acabam tendo que trabalhar 48 horas ou mais para não deixar o hospital sem obstetra”, explicou. 
O superintendente da Santa Casa, Antônio Crosatti, disse que uma resolução do Conselho de Medicina determina que um médico que inicia um plantão não pode deixar o mesmo sem que outro profissional esteja em seu lugar, o que estaria gerando a sobrecarga. “O médico tem receio em assumir o plantão porque sabe que ao seu final estará sujeito a dobrar a carga horária por falta de profissional que fique em seu lugar ao fim do plantão, mas também estamos tendo dificuldades em novas contratações”, ressaltou. 
De acordo com Bastos, a administração do hospital pretende montar uma escala onde os médicos de Penápolis possam atuar durante a semana e os de fora trabalhem em plantões aos fins de semana. “Isso porque os médicos de outras cidades têm mais facilidade para trabalhar em Penápolis nestes dias, podendo realizar seus trabalhos em suas respectivas cidades durante a semana e se dedicando à Santa Casa nos demais dias”, disse. 

Paralisação
O administrador explicou que no último sábado, os médicos que prestam plantão na maternidade tiveram outros compromissos, e não puderam assumir o plantão. Desta forma a direção clínica encaminhou um ofício à administração da Santa Casa comunicando que o setor  fecharia até que a escala de atendimento seja definida. Uma reunião chegou a ser feita na tarde de ontem junto ao Ministério Público para tentar definir a situação, mas com a contratação dos novos profissionais não foi necessário intermediações diretas da Justiça. “Graças ao empenho da administração da Santa Casa e da prefeitura de Penápolis conseguimos reabrir a maternidade e reestabelecer o atendimento às gestantes”, enfatizou. 
Quando ocorreu a última paralisação de atendimento na maternidade da Santa Casa, em abril deste ano, a unidade permaneceu fechada por 48 horas. Na ocasião, os médicos obstetras plantonistas da Santa Casa emitiram nota à imprensa explicando os motivos para a paralisação. Na nota eles alegaram que “de longa data a administração da Santa Casa não consegue cobrir em definitivo os plantões vagos pela saída de médicos de seu Corpo Clínico” e que o problema vinha gerando o afastamento de médicos e sobrecarga dos plantonistas.

(Rafael Machi)