Aos 90 anos, dona Emília dedicou sua vida à educação

DA REPORTAGEM

Nesta sexta-feira, 15, comemoramos o dia do professor; o dia de alguém que dedica parte de sua vida a ensinar aqueles que buscam oportunidades na vida; daqueles que dividem seus conhecimentos e que, muitas vezes, servem como um companheiro para boas conversas. Um bom exemplo de trabalho e dedicação ao ato de ensinar é o da professora aposentada Emília Anisseto Rossi. Aos 90 anos, dona Emília adora contar suas histórias de quando lecionava em escolas da cidade. Desde criança ela sonhava em ser professora, sempre queria ensinar o que sabia. Paixão que adquiriu ainda pequena, quando estudou o primário na escola Luís Chrisóstomo de Oliveira e observava o trabalho feito tão bem pela professora. Ela conta que como havia apenas uma escola de primário na cidade, teve que ficar quase 10 anos sem estudar, até que pôde participar da primeira turma de ginásio criado na cidade, isso aos 16 anos. Sem condições de estudar fora e concluir os estudos para lecionar, Emília casou-se aos 20 anos, porém teve a feliz notícia que haveria um curso de formação de professores na cidade. Ela conta que, junto com mais 12 estudantes, pôde finalmente começar seus estudos no Colégio Educandário Coração de Maria, hoje Colégio Franciscano. Ainda estudando, ela começou a se destacar quando ganhou o “Cadeira Prêmium”, prêmio dado pela prefeitura à alunos de destaque da primeira turma do curso de professores da cidade. Quando terminado o curso, dona Emília começou a lecionar, durante o dia, na antiga escola rural Santa Leonor, de propriedade de Antonieta Vilella Ferreira, escola onde houve a primeira turma do antigo Mobral (curso de alfabetização de adultos). Ao mesmo tempo, no período noturno, dava aulas voluntariamente para conseguir pontos e poder dar aulas em escolas estaduais. Após dois anos e meio, conseguiu entrar no magistério iniciando seus trabalhos na escola Boa Esperança, onde teve a oportunidade de alfabetizar vários alunos, entre eles, Emília destaca as professoras Enecy e Darcy Buranello, além de outros. Após alguns anos, a professora vinha ganhando mais destaque e começou a lecionar na escola Luís Chrisóstomo (onde estudou na infância) e onde trabalhou por 23 anos. Além da dedicação com os alunos da escola estadual, ela também dava aulas no período noturno na Escola Técnica de Comércio São Francisco de Assis ( atual Oceu), na época de propriedade do educador João Teixeira Sampaio. Dona Emília revela que sempre teve uma grande paixão por geografia e foi por causa disso, e da ajuda do professor Fausto Ribeiro de Barros, que fez, em Assis-SP, o curso para lecionar geografia no ginasial e colegial. Após 30 anos de trabalho no estado, dona Emília se aposentou, porém não parou seus trabalhos. Convidada a dar aulas de geografia na FUNEPE (Fundação Educacional de Penápolis) ficou ainda por vários anos, até que, por questões de saúde, precisou se afastar das salas de aula. “Fui até onde consegui, minha paixão pela profissão é enorme, por mim jamais deixaria de dar aulas”, afirmou dona Emília emocionada em relembrar sua história. “Tenho confiança em Deus que me ajudou a exercer essa linda profissão como se fosse um sacerdócio. Hoje vivo de lindas lembranças e saudades”, ressaltou com os olhos cheios de lágrimas. Ela ainda aproveitou para comentar sobre a valorização da profissão nos dias de hoje. “As pessoas precisam ver isso com bons olhos, valorizar mais estes profissionais, principalmente o Estado, que praticamente abandonou esta classe de profissionais batalhadores”, comentou. Até hoje dona Emília é valorizada e lembrada por seus antigos alunos, tanto que para comemorar o dia do professor, ela foi convidada a participar de um encontro nesta sexta-feira, 15, com cerca de 10 ex-alunos que hoje moram fora e que há muito não se viam. Durante o encontro, a emoção e a alegria tomou conta dos presentes que puderam rever amigos e relembrar histórias. (Rafael Machi)

Foto: Professora Emília, como é conhecida entre os ex-alunos, aos 90 anos, é muito querida por eles