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CIDADE & REGIÃO

25/10/2008

A saga de Maria Chica

Maria Francisca do Carmo, nasceu em 1841 e faleceu em 1901, cerca de sete anos antes da fundação de Penápolis. A partir de 1842, em virtude da Revolução Liberal, onde as Províncias de São Paulo e Minas Gerais, se rebelaram contra o Governo Imperial, diversas famílias da região Nordeste do Estado de São Paulo, de Descalvado e Araraquara, mas muito em especial, da região Sul de Minas Gerais, muitas de Piunhi e região, em busca de novas terras, como fronteiras agrícolas e pecuárias, vieram a se instalar pelos sertões dos Campos do Avanhandava. Durante estas chegadas sempre em carros de bois e trazendo gado, chegam pelos extensos Campos do lado esquerdo do Salto (Rio Tietê), Alexandre Ferreira de Souza com a esposa, Maria Francisca do Carmo. Vieram também os irmãos de Alexandre, Manoel e Joaquim Ferreira de Souza.
Segundo o historiador Adolpho Avoglio Hecht, existem poucos dados sobre o casal. Em seu recém lançado livro "História de Penápolis", o autor comenta sobre outro autor, Fausto Ribeiro de Barros, que em seu livro, "Penápolis, história e geografia", publicado em 1982, na primeira edição apresenta a seguinte cronologia, para Adolpho, bem próxima da exatidão. Em 1841, nasce em Piunhy, Minas Gerais. Em 1858, com 17 anos, se casa. Em 1872, com 31 anos, fica viúva. Em 1886, com 45 anos, ocorre o êxodo de todos os habitantes das fazendas devido ao ataque dos índios Kaiagangues. Com seis filhos dirige a princípio pelos lados de Borborema. Em 1901, teria falecido. Segundo Adolpho, estes são os dados aproximados que se possui sobre Maria Chica. Para ele, se for deduzido que, tendo nascido em 1841, ela jamais poderia ter chegado pelos Campos do Avanhandava com as primeiras levas, logo após a Revolução Liberal de 1842, e ainda mais casada. Caso estas datas citadas como "bem próximas da exatidão", assim o seja, Maria Chica teria chegado entre os anos de 1858 e 1860. Também não teria permanecido nos Campos de Avanhandava, cerca de 44 anos, mas entre 26 a 28 anos. Maria Chica teria casado em um primeiro casamento com 11 anos de idade, em 1852, com Isaias Duque Frutuoso (Frutuoso Bugreiro), tendo nascido desta união, um filho, José Frutuoso da Silva. Como a data de nascimento de Maria Chica é presumível (1841), também se pode presumir a idade de 11 anos, mas não afirmar com exatidão.
Como a história revela que ela veio já casada para os sertões da região já casada com Alexandre Ferreira de Souza, e isto teria ocorrido quando estaria com 17 anos, calcula-se que chegou na região entre 1858 e 1860. Alexandre e seus irmãos, Joaquim, Manoel e Maria, apossaram-se de uma enorme área de terras devolutas, construindo às margens do atual Córrego Maria Chica, abaixo do desaguadouro do Córrego do Curtume. Esta propriedade recebeu o nome de Fazenda Boa Vista do Lajeado. Consta que, junto à sede instalaram uma venda de mercadorias essenciais para a época, como armas, munição, faca, facões, sal para o gado, entre outros. Alexandre instalou sua residência onde mais tarde seria construída a antiga Estação da Estrada de Ferro. Do casamento nasceram os filhos Francisco, Tristão, Inácio, Joaquim, Justina, Beatriz, Esmeralda, Maria, Sinhazinha, Emília e Rita. Alexandre, segundo consta, faleceu em 1872, durante uma viagem, provavelmente acometido de malária. Em 1872, Maria Chica, viúva, estaria com 31 anos de idade e tivera 12 filhos, um do primeiro casamento e os demais com Alexandre. Passou a administrar a enorme área de terra deixada pelo marido. Em 1886, durante o massacre dos índios Kaiagangues, sentindo-se ameaçada, transferiu os filhos, na ocasião seis, para o outro lado do Rio Tietê, na região de Borborema e Umuarama. Conforme os dados disponíveis, Maria Chica faleceu em 1901, com cerca de 60 anos de idade, jamais tendo voltado aos Campos do Avanhandava, que um dia seria conhecido como Terra de Maria Chica. Por volta de 1905 os herdeiros venderam as posses de seus pais para Fernando Ribeiro Paes de Barros, Eduardo José de Castilho e Manoel Bento da Cruz. Por esta época, começo do século XX, o nome Maria Chica firmou-se, sendo que na verdade, naqueles tempos era comum referir-se a um lugar designando-se pelo nome de um proprietário ou rio. Originariamente, aquele pequeno córrego que banhava sua propriedade, era conhecido como Córrego da Maria Chica, mais tarde e até nossos dias, toda a região passou a ser conhecida como Terras de Maria Chica. O tempo se encarregou de turvar datas e fatos sobre esta mulher pioneira, onde como ela participaram centenas de outras, em tempos bravos, tempos duros, tempos de pioneiros, malária, índios,...Tempos onde sobreviviam os mais fortes, tempo da gênese penapolense. Maria Francisca do Carmos, a Maria Chica, ficou como um marco histórico da mulher pioneira, companheira, lado a lado e sucessora do homem pioneiro.

(Colaboração de Adolpho Avoglio Hecht)

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