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CIDADE & REGIÃO

15/03/2019

“Deep Web”: Ataque em Suzano e crime em Penápolis podem ter sido motivados pelo mesmo grupo

Imagem/Arquivo DIÁRIO
Detalhes Notícia
André Garcia participava de grupo na internet que prega o ódio; grupo pode ser o mesmo que incentivou ataque em Suzano (SP)

DA REPORTAGEM

O crime ocorrido na escola estadual Raul Brasil, na cidade de Suzano, onde dois jovens invadiram o local e mataram 10 pessoas e depois se mataram pode estar ligado, através da internet, com o caso ocorrido em Penápolis, em junho do ano passado, quando André Luiz Gil Garcia, de 29 anos, atirou contra uma mulher e depois se matou. O caso ocorreu próximo ao camelódromo da cidade. A jovem vítima ainda foi socorrida e ficou internada por alguns dias, mas morreu em decorrência do ferimento. Os dois casos passaram a ter ligação porque, tanto a dupla de Suzano, como o jovem de Penápolis faziam parte do mesmo grupo na internet que propaga o ódio.
Segundo o que está sendo apurado pelo Ministério Público de São Paulo, Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25, foram incitados ao crime por membros do fórum Dogolachan na “deep web”, um segmento da internet que não pode ser encontrado por buscadores como o Google e favorece o surgimento de redes e sites anônimos.
Informações preliminares da polícia indicam que Guilherme e Luiz premeditaram o crime, planejando por mais de um ano, sendo que os assassinos eram ex-alunos da escola.
Ainda de acordo com o que foi divulgado, computadores usados pelos dois criminosos foram apreendidos pela polícia. 
Eles acessaram a “deep web” e buscaram informações sobre massacres cometidos em escolas americanas. Além disso, foram recolhidos cadernos com anotações deixados por eles no carro alugado e usado no crime.
“Muito obrigado pelos conselhos e orientações... esperamos não cometer esse ato em vão”, teria escrito um dos assassinos dois dias antes do massacre em Suzano, no fórum Dogolachan na “deep web”.
Perícias nos computadores usados pelos assassinos poderão informar com quem eles se relacionavam e conversavam. Os dois também frequentavam uma lan house onde jogavam games de tiros.
Guilherme chegou a postar fotos na internet momentos antes do crime. Ele aparece armado e com uma máscara de caveira numa das imagens.

Penápolis
O fórum Dogolachan na “deep web” seria o mesmo frequentado pelo penapolense antes de cometer o ataque a jovem em junho de 2018. O envolvimento de Garcia com o grupo foi divulgado na época pelo DIÁRIO após levantamento feito pela professora de literatura em língua inglesa da Universidade Federal do Ceará (UFC), Dolores Aronovich Aguero, conhecida como Lola, que possui um blog considerado uma das maiores páginas feministas do Brasil na internet, onde revelou que já foi ameaçada de morte pelo penapolense e também por outras pessoas que também fazem parte do grupo.
Na época, a professora havia revelado que Garcia possuía o apelido de Kyos nesta página, denominada “Sanctus”. Eles participavam de comunidades de misoginia (repulsa, desprezo ou ódio contra as mulheres) e de neonazistas, e passaram a atacar mulheres e demais pessoas.
Ainda segundo Lola, o grupo é organizado e participa de fóruns de discussões na internet onde são tratados assuntos como a solidão, insegurança ou frustração.

Dogolachan
Para entender o Dogolachan, é necessário entender o que é um chan — basicamente um site que se baseia em discussões anônimas com imagens e textos. Um chan é dividido em canais (do inglês channel, daí a abreviação chan) específicos, como filmes, cultura japonesa, tecnologia e vários outros.
Já o Dogolachan foi criado em 2013 por Marcelo Valle Silveira Mello (ou Psy, Batoré ou Psytoré). Foi uma espécie de continuação da atuação dele no Orkut, com postagens de ódio contra negros, em 2005.
Também realizam ameaças e imputam crimes contra desafetos. É comum nas publicações ver prints de jornalistas e ativistas que seriam os “próximos alvos”.
Em maio de 2018, Marcelo foi preso na Operação Bravata da Polícia Federal e em dezembro foi condenado a 41 anos, seis meses e 20 dias de prisão em regime fechado, por divulgação de imagens de pedofilia, racismo, coação, incitação ao cometimento de crimes, entre outros.
O Dogolochan hoje opera na chamada Deep Web, uma porção da internet que só pode ser acessada por softwares ou configurações específicas. No caso dos dois, o site está hospedado na rede.onion, operado pelo aplicativo TOR, que mascara o IP (endereço da conexão do dispositivo) através de criptografia e garante anonimato. A medida tornou o site mais difícil de rastrear e suas atividades ainda mais obscuras.

(Rafael Machi)

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