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18/02/2018

Memórias do Carboni: Saneamento básico rural – parte II

Imagem/Arquivo Pessoal
Detalhes Notícia

No último artigo eu estava narrando que a molecada de alguns anos atrás e que morava na zona rural, fazia suas necessidades fisiológicas no pomar e as galinhas ficavam agitadas para aproveitar o que a criançada expelia. A molecada não tomava regularmente remédio contra vermes e então era muito comum serem lombriguentos e quando expeliam uma lombriga junto com o cocô, daí sim a disputa era acirrada. Como a quantidade de galinácea era grande, o alvoroço e o medo de não conseguir nada também era e houve casos de crianças levarem bicadas até nas nádegas. O jeito era sair correndo e chorando com o shortinho ainda arriado e esperar que a mãe ou outra pessoa adulta espantasse as aves. Quando você ler bando de galinhas, inclua também os galos, frangos e por vezes também algum pato que não gosta de perder este tipo de festa e participa, mesmo sem ser convidado. Talvez seja por este cardápio que os frangos caipiras são tão apreciados. Fazer suas necessidades no pomar não era privilégio só das crianças não. Os adultos também faziam uso desse esquema por vários motivos, ora porque a privada estava ocupada ou porque era de noite e era mais romântico ficar ali agachado apreciando o luar ou as estrelas. As mulheres e as crianças, que eram as mais medrosas sempre tinham um acompanhante (mãe, irmã ou marido) que ficavam de guarda a uma certa distância, segurando uma vela ou uma lamparina a querosene acesa até para prevenir a aproximação de algum animal peçonhento. Os homens mais velhos gostavam de fumar, quando davam aquelas longas chupadas no cigarro de palha. A brasa que surgia podia ser vista de longe denunciando onde ele estava. Raramente havia papel higiênico para a limpeza íntima então era usado jornal ou saquinho de papel das embalagens de compras ou simplesmente folhas de mato. Era muito comum também o uso de sabugos de milho. De manhã alguém debulhava o milho para servir de comida aos animais e os sabugos eram jogados no quintal e aqueles que eram usados na limpeza íntima também ficavam esparramados pelo chão e misturados aos não usados. Já de tardezinha, chegando a hora de tomar banho começavam os preparativos para tal, isto se não estivesse muito frio. As mulheres perguntavam ao marido se ele ia querer alguma coisa de noite e se ele respondesse que não, elas só lavavam os pés. Nas fazendas ou colônias privilegiadas sempre havia uma represa, um açude ou simplesmente apenas um córrego e era lá que a molecada e alguns adultos se banhavam. Nos lugares onde isso não acontecia, a coisa era mais complicada. Primeiramente tinha de puxar água do poço e torcer para não vir nenhum sapo dentro do balde, senão ela teria de ser jogada fora e puxar outro balde cuja água era passada para uma lata, que ficava sobre o fogão à lenha ou sobre alguns tijolos lá no quintal. O combustível era lenha só que para iniciar o fogo usavam-se gravetos e os sabugos jogados no quintal. O problema era que muitos daqueles sabugos tinham sido usados como papel higiênico e então era preciso separá-los e o único meio disponível era ir cheirando um a um. Os que não tinham nenhum cheiro ou simplesmente o cheiro do próprio sabugo, eram reservados para acender o fogo e aqueles com o característico cheirinho denunciante eram descartados e largados no pomar. Quando a água já estava bem quentinha ou ao gosto de quem ia usá-la, a mesma era transferida para uma espécie de balde com capacidade de 20 litros que era içado a mais ou menos dois metros de altura através de uma corda amarrada nele e utilizando uma carretilha fixada no teto do local. Na parte de baixo havia um crivo para a saída da água e um registro para controlá-la. Devido ao fato desse modelo de chuveiro ficar pendurado por uma corda, ele era conhecido como “Tiradentes”. O banho era tomado em um canto de algum cômodo, em um reservado construído fora da casa ou então lá na privada só que neste último caso só os adultos o utilizavam. As vezes acontecia da pessoa demorar-se um pouco mais no banho e a água quente acabar e era preciso pedir a alguém da família que trouxesse mais, mas, como não havia tempo para esquentá-la o banho era finalizado com água fria qualquer que fosse a temperatura ambiente. Tinha casa que não tinha ou dispunha nem do “Tiradentes” então o jeito era apelar para os também famosos “baciões” de lata e com capacidade maior do que o chuveiro. Nesse caso costumava-se colocar a água quente no bacião e ir temperando a caloria com um balde de água fria ao lado ao gosto de quem ia usá-la. A pessoa se sentava dentro do bacião deixando as pernas para fora e depois que a água já tinha passado pelas partes íntimas, aí sim é que se lavava o rosto e a parte superior do corpo. Depois encolhia as pernas para lavá-las, mas, tudo era normal, alegre, sem malícia ou vaidade, e a vida corria tranquila e feliz. 

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