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12/11/2017

Memórias do Carboni: Macumba e cigarros

Detalhes Notícia

Há poucos dias atrás eu encontrei um ebo, que na língua umbandista quer dizer uma oferenda aos orixás, mas, que para o povo leigo é mais conhecido como despacho de macumba. Só que eu notei alguma coisa inusitada, não por ter encontrado a oferenda, mas, sim pelo local do encontro que não foi nada mais nada menos que em uma esquina ao lado do nosso campo, lá no recinto de exposição. Comumente esse ritual é feito pelos umbandistas em encruzilhadas de estradas rurais, e, um local muito preferido é o cruzamento da estrada Santa Vitória com a via férrea, logo após o clube de aeromodelismo. Esses rituais são feitos sempre às sextas-feiras, por volta da meia noite e nas manhãs de sábado é possível ver-se vários objetos como velas de várias cores, cigarro, aguardente, carne, champanhe, etc ...Uns dentro e outros ao redor de um alguidar que é um grande prato de barro. Algumas vezes os objetos podem estar esparramados dependendo de quem foi o autor ou então porque algum descrente passou mais cedo e chutou a oferenda. O que eu vi lá perto do campo era meio fraquinho, consistindo em um alguidar com vários pés de frango dentro, só que no dia seguinte, os pés tinham sumido, talvez comidos por gatos ou cachorros, e, no dia subseqüente o prato estava quebrado e depois sumiu. Como eu disse anteriormente esse tipo de devoção é feito em áreas rurais, mas, eu me lembro que lá no início dos anos 90 essa tradição foi quebrada, pois um dia de sábado amanheceu com vários cruzamentos de ruas da Vila Fátima apresentando despachos, o que surpreendeu a todos que passavam, pois a maioria nunca tinha visto algo parecido. Da minha parte eu já encontrei ebos muitas e muitas vezes e em variados lugares. Alguns colegas da turma chegavam a rir a toa quando isso acontecia. O Bijú, o Lê, o PC e o Amir Parpineli eram os mais interessados, pois eles bebiam a pinga, vendiam as garrafas e fumavam os cigarros. Geralmente eles compravam esses produtos, mas quando apareciam essas “ofertas” eles não pensavam duas vezes em pegar. Eles não tinham nenhum temor em receber alguma influência negativa, mas como precaução nunca é demais, eles tocavam os objetos primeiramente com a mão esquerda. Esses quatro colegas que eu citei morreram relativamente jovens, mas posso afirmar com certeza que não foi devido a esse procedimento, pois outros colegas que não tinham esse comportamente também morreram jovens. Dos vários encontros que tive, vou narrar mais um. Em um sábado, logo após o almoço, eu combinei com o Amir Parpineli de irmos pescar em uma lagoa da Fazenda Fertiflora. Pegamos os apetrechos de pesca, montamos nas bicicletas e partimos seguindo a via férrea, pois naquele tempo a rede ferroviária ainda era estatal (federal) e seus funcionários mantinham o local tão bem conservado que era possível ir até a cidade de Bauru sem descer da bicicleta, a não ser para descansar. Não demorou e chegamos a encruzilhada a qual me referi anteriormente e vimos os objetos que foram usados em um ritual na noite anterior. Havia pelo menos uns dois maços de cigarros esparramados pelo chão, a grande maioria intactos, mas também tinha alguns amassados e partidos. Eu sugeri ao Amir que pegasse alguns, já que ele não recusava um produto que vinha de graça. Surpreendentemente ele recusou dizendo que tinha o suficiente para seu consumo. Seguimos caminho por mais um quilometro e chegamos a lagoa. A pescaria não estava sendo nada boa e mesmo rendendo poucos peixes, resolvemos ficar até mais tarde. Como os peixes teimavam em não aparecer, o Amir não tinha outra ocupação a não ser fumar e seu estoque de cigarros ia diminuindo e quando o último deles foi queimado, o sol já estava se pondo e então recolhemos a traia e nos pusemos de volta. Quem estava com mais pressa para voltar era o Amir, ansioso para chegar a encruzilhada e acender um cigarro, pois a vontade de fumar era grande. A intenção dele era levar alguns para casa para fumar a noite. Por fim, chegamos ao local tão esperado e ficamos surpresos com o que vimos. Bem, na verdade a surpresa foi só para mim, pois para o Amir foi uma verdadeira decepção, porque não havia sequer um cigarro que fosse, nem mesmo os quebrados, amassados ou os pedaços. Alguém passara e levara tudo. O Amir ficou sem graça e prometeu não abandonar outra vez seu velho hábito. Na foto, da esquerda para a direira: Amir, Bijú, Frajola e PC.  

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