CANTINHO DA SAUDADE: COBRAS EM CAMPO

POR MÁRIO CARBONI

Num domingo a tarde lá no campo do Curtume, o jogo corria normal, quando um grande alvoroço agitou os torcedores. Esta agitação estava acontecendo bem perto do portão de entrada do campo, onde normalmente ficavam os jogadores e torcedores das equipes visitantes. Além da grande correria ainda tinha gente com paus e pedras nas mãos, prontos para atacarem alguma coisa ou alguém. Mais abaixo, no campo, nosso pessoal se levantou para ver o que estava acontecendo e alguns mais curiosos não se contentaram em ver de longe e se dirigiram até o local dos fatos. Felizmente não era briga ou desavença. O que aconteceu foi que uma grande cobra amarela transitava tranquilamente por detrás dos torcedores que em maioria estavam sentados no chão. Quando o reptil foi descoberto por um deles, logo soou o alarme e imagine-se o que aconteceu. Imediatamente muitos se municiaram com o que acharam a frente, dispostos a dar cabo da cobra, sem tentar descobrir se a mesma era peçonhenta ou não, o desejo era eliminar a infeliz. É aquela velha história, onde alguém vê o outro corre-corre também e assim vai aumentando a turma e tem gente no meio da correria que nem sabe porque ele próprio está correndo. Dentro de minutos o réptil foi transformado em uma massa sangrenta e disforme. Curiosamente, no dia anterior, sábado, durante um treino, outra cobra também apareceu no mesmo lugar e teve o mesmo fim. Ninguém soube dizer a que espécie estas duas cobras pertenciam, mas, venenosas ou não tiveram mortes quase instantâneas. Apareceram duas cobras em dois dias seguidos, foi um fato deveras inusitado, pois durante os quase 30 anos em que lá jogamos, nunca houve outros casos de aparição, mesmo tendo muito mato ao redor do campo.