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27/01/2019

CANTINHO DA SAUDADE

Imagem/Arquivo Pessoal
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Memórias do Carboni: Que fim levaram?

Todo país, grande ou pequeno, tem seu folclore próprio com dança, música e histórias de entes fantásticos como anjos, gnomos, fadas e feiticeiras. Aqui no Brasil são muito conhecidos as figuras do saci-perere, boto, caipora, etc... Estas crenças conseguiram sobreviver durante séculos, passados de pais para filhos. Com o advento da energia elétrica, a tecnologia deu um grande salto, aparecendo a iluminação elétrica, a televisão, rádio, celular e as tradições foram pouco a pouco sendo esquecidas no mundo todo. Mas, e aqui no Brasil que fim levaram nossos entes fantásticos? O caipora era o protetor das matas e incansavelmente as percorria de ponta a ponta em sua missão. Antigamente quando a população rural era bem grande e as matas preservadas, todos que queriam entrar ou pegar algo na mata, precisava pedir licença ao caipora para ser bem sucedido. Tirar lenha, cabo de enxada, pescar ou caçar, além de pedir licença, tinha gente que colocava um pouco de tabaco em agradecimento. Outra situação em que o caipora era solicitado a ajudar era quando as pessoas se perdiam na mata por descuido ou por desconhecer o local. Havia a crença que uma espécie de arbusto existente na mata e conhecido como aroerinha, de que se alguém inadvertidamente passasse embaixo dele, perderia seu sentido de orientação e não conseguia voltar. Eu tenho um colega que morou durante anos na zona rural e era grande conhecedor de como andar dentro da mata, mas mesmo assim um dia ficou desorientado ao voltar de uma pescaria e não achava o caminho certo. Então lembrou-se de colocar um pouco de tabaco em um mourão de cerca e como por encanto sua mente clareou e ele viu que estava perto de sua casa e isto reforçou sua crença no caipora. Com o tempo as matas foram sendo derrubadas para dar lugar ao agronegócio, mas o caipora continuava a cuidar do que restara. Um dia alguns jovens foram fazer trilha e se perderam. Depois de andarem em círculos por muito tempo e o dia já estava no fim, alguém se lembrou de uma história contada pelo avô há muitos anos atrás de como pedir ajuda ao caipora. Só que eles não tinham tabaco e sim maconha e crack, então, colocaram um pouco de cada em cima de um tronco de árvore. Como era um inveterado fumante, o caipora aceitou a oferta e ajudou os jovens a voltarem para casa, só que para ele próprio o resultado foi catastrófico, pois ficou doidão, sumiu nas matas e nunca mais se fala dele. O saci perere também morava na mata, mas ao contrário de seu amigo caipora, ele não se preocupava com a preservação dela, pois seu gosto era fazer estrepolias com as pessoas, assustar crianças e namorados incautos no escurinho da noite. Só que os dois sofreram muito com a derrubada indiscriminada e conforme as matas iam ficando escassas, ele iam se adaptando como podiam até que chegou o dia em que o caipora sumiu. Os canaviais iam aumentando em número e tamanho e o saci dava boas caminhadas por eles. Naquele época era permitido queimar a palha da cana para facilitar o corte manual. Havia uma lei que exigia que um lado do canavial ficasse sem fogo para permitir a fuga dos animais, mas a lei não era cumprida e muitos ou centenas de animais morriam naquele círculo de fogo. O saci também foi vítima desta situação e não fosse sua agilidade, mesmo tendo apenas uma perna, ele estaria “frito” literalmente. Mesmo depois que a queimada foi proibida ele não teve sossego, pois aquele mostrengo de ferro (colheitadeira) vinha abocanhando tudo até que ele se cansou e hoje não se fala mais dele. Já no norte do Brasil quem perdeu a credibilidade foi o boto cor de rosa. Havia a crença que em certas noites, principalmente quando havia festas nas comunidades ribeirinhas na bacia amazônica, ele tinha a capacidade de se transformar em humanos e participar da festança. No tempo em que a virgindade feminina era um bem precioso a ser preservado, o boto era usado como desculpa por aquelas jovens que por um motivo ou outro eram defloradas seja pelo namorado, colega ou mesmo alguém da família. Quando engravidava aí sim não tinha como negar ou esconder qualquer relação, lá vinha a desculpa do boto ter se transformado em um rapaz “bom de bico” e se aproveitado dela e logo após voltar a sua forma natural e sumir nas águas do rio. Hoje as mulheres não estão nem um pouco preocupadas com as fofocas ou com a famosa “língua preta” sobre o seu comportamento sexual. Mesmo quando engravidam, raramente são pressionadas pela família ou sociedade, e, não precisam jogar a culpa no boto, que por sua vez ao sentir-se desprestigiado pouco aparece nas festas. 

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