Classificados

VÍDEOS

Penápolis no programa Cidade contra Cidade do SBT em 1989
Residência pega fogo em Penápolis

CLIMA

Tempo Penápolis

fale com o DIÁRIO

Fone Atendimento ao assinante & comercial:
+55 (18) 3652.4593
Endereço Redação e Comercial: Rua Altino Vaz de Mello, 526 - Centro - CEP 16300-035 - Penápolis SP - Brasil
Email Redação: redacao@diariodepenapolis.com.br
Assuntos gerais: info@diariodepenapolis.com.br

ESPORTES

25/04/2021

CANTINHO DA SAUDADE

Imagem/Arquivo Pessoal
Detalhes Notícia
Foto tirada no Estádio Municipal – Campeonato de 1992

Memórias do Carboni: Acerto de contas

Eu e alguns colegas tínhamos o hábito de periodicamente ir ao cemitério para, como eles mesmos diziam, “visitar" os amigos que já estavam no plano espiritual e que ali "moravam". Os mais assíduos eram o Bijú, Virsso Preto e o Graveto. As vezes, o irmão do Biju, o Cassinho, também ia e um dia ao passarmos ao lado de uma cova na terra, onde tinha sido feita uma exumação no dia anterior e o coveiro ao recolher a ossada, não notou um dente canino que fora esquecido e o Cassinho, curioso, começou a remexer a terra e o encontrou. Como eu disse, era um dente canino e nos surpreendeu o tamanho dele, o que nos fez supor que o agora ex-dono tinha uma dentição bem forte. O Cassinho deu uma limpada para tirar a terra e enfiou-o no bolso, dizendo que ia colocar uma espécie de encastro e fazer um chaveiro. Se fez eu não sei porque não vi e ninguém mais perguntou. O pessoal andava pelo campo santo e não se limitava a passar apenas nas sepulturas dos colegas e sim passavam em vários outros. O curioso é que as vezes morriam colegas ou apenas conhecidos e a gente não ficava sabendo já que naquela época não existia celular e rede social. Hoje, nem bem a pessoa dá o último suspiro e a cidade toda já fica sabendo pela internet e até com a foto do morto. Não era raro encontrarmos túmulos e nos surpreendermos com a foto de conhecidos nossos. O Biju era um cara muito extrovertido e não deixava de fazer suas piadas e gracinhas ao redor de alguns túmulos. Ora ele ria do nome do defunto ou então do bigode de outro ou da barba de um terceiro. Quando chegava em um túmulo nipônico ele se agachava e começava a tagarelar como se estivesse falando japonês, erguendo e abaixando os braços e é claro que todos riam. O horário que o pessoal costumava ir era sempre a tarde e durante a semana, mas uma vez, não sei porque, resolveram ir num domingo de manhã. Andando de um lado a outro, ouviram o barulho de uma marreta batendo em uma talhadeira não muito longe de onde estavam e ficaram curiosos de irem ver o que estava acontecendo. Ao chegarem ao local depararam com um coveiro na tarefa de abrir um túmulo para exumar o corpo, ou melhor, a ossada que ali repousava para dar lugar a um novo ocupante que chegaria no início da tarde. Sabe aquela história que tem sujeito que perde o amigo, mas não perde a piada? Naquele grupo de gozadores alguém falou para o coveiro: “hoje é domingo e ainda é de manhã e pode ser que o cara ai quer dormir até um pouco mais tarde e você fica pertubando ele”. Esse foi um comentário bem fora de hora, local ou noção e principalmente sem graça nenhuma porque ninguém riu. Além do mais o coveiro parou o serviço por um instante e fez um semblante de desaprovação que o pessoal até perdeu o ânimo de continuar ali perto. Com o decorrer dos anos esses meus colegas foram passando de simples visitantes para moradores fixos do cemitério. Um a um foram se mudando para lá. Biju foi o primeiro, depois Virsso Preto e por fim o Graveto fizeram lá sua morada. Vamos sair um pouco da realidade e deixar a mente vagar pelo imaginário. O Biju fazia gozação com os “moradores” de lá e vinha embora. Será que no dia em que ele foi para ficar em definitivo ele não passou apertado na mão daqueles que foram vítimas de sua gozação? Vamos mais fundo na imaginação e “ver” o pessoal pressionando o Biju: “você tirava o sarro de nós e ia embora. Queremos ver as suas gracinhas agora que você é um dos nossos e tem de ficar aqui”.  

(Com Mário Carboni)

VEJA TODAS AS NOTÍCIAS>

© Copyright 2024 - A.L. DE ALMEIDA EDITORA O JORNAL. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total do material contido nesse site.

Política de Privacidade