CANTINHO DA SAUDADE

Memórias do Carboni: Um encontro que não deu certo

Início de janeiro da década de 80. Era um domingo à noite e a praça central da cidade, Carlos Sampaio Filho, estava repleta de pessoas que saiam de casa devido ao calor, em busca de divertimento. Aliás, todos os domingos era a mesma multidão de gente que lá comparecia. E entre as centenas de pessoas lá estava o Baiano, que era jogador do time do Fátima. Ele estava lá meio esparramado no meio da multidão, quando encontrou um grupo de colegas, sendo que alguns também eram jogadores do time. Como era de seu costume, o Baiano estava sorridente e eufórico, e, foi com aquela alegria toda que narrou uma possível aventura amorosa. Dizia ele que conseguira “dobrar” ou convencer uma moreninha, residente da Vila Santa Terezinha, para levá-la até a casa dela. A hora combinada era 22h30. De fato, a menina passou por eles mais tarde e confirmou a história do Baiano. Naquele tempo as relações entre os sexos era bem diferente de hoje. Atualmente as pessoas se conhecem pelas redes sociais e já marcam encontros, às vezes ou quase sempre amorosos, e só vão se conhecer pessoalmente no dia do encontro. Mesmo que o encontro seja fortuito, assim como que sem querer, dentro de pouco tempo de conversa e lá está o casal no motel, moitel, dentro do carro, terreno baldio, casa abandonada ou em obras. Só que naqueles velhos tempos, a sociedade era mais conservadora, os pais eram mais cuidadosos com os filhos (principalmente com as filhas) e a própria formação das meninas e moças era a de se comportar de maneira mais recatada, tanto no vestir como no agir. Como eu ia dizendo, o Baiano se comportou da mesma maneira que os demais rapazes da época. O rapaz escolhia a sua preferida e pedia, pessoalmente ou através de algum colega, se poderia acompanhá-la até a casa dela após o horário entre as 22h00 e 22h30. Algumas já davam a resposta na hora, seja afirmativamente ou negativamente. As que diziam que iam pensar, na verdade elas iam consultar as colegas e era da opinião delas que surgia a resposta “sim ou não”. Se no grupo das meninas houvesse alguma que estivesse interessada no rapaz, normalmente a resposta da “escolhida” era “sim”, apenas para não dar vez a outra. No caminho de volta para casa dependia da lábia do rapaz, do grau de interesse da menina e se ela não tinha irmãos ciumentos, aliás, esse era um empecilho para o prosseguimento de muitos namoros. Voltando ao caso do nosso colega, o tempo passava devagar, talvez lento demais para ele. Como de costume, a praça começa a esvasiar-se a partir das 22h00 e o nosso amigo já estava para lá de impaciente e não via a hora de encontrar-se com a garota. Estava entre nervoso e contente, pois já era quase 22h30. Finalmente a morena apareceu, ainda meio distante e vindo em direção a ele. Mas, que decepção para ele, pois a  menina vinha de mãos dadas com um rapaz e pelo comportamento deles, aquela relação devia ser já de longo tempo. Fez questão de passar perto de Baiano e fez de conta que nem o conhecia. Não se dignou nem ao menor olhar para ele, sabendo que ele estava ali. E o Baiano? Bem .... ele ficou ali parado com os olhos esbugalhados, não acreditando no que estava vendo, já que ele botava muita fé naquele encontro marcado. Devido aos risos dos colegas, ele se recuperou do espanto e resmungou palavras ininteligíveis. Só que pouco tempo depois, devido ao seu espírito extrovertido, ele também começou a rir, só que não havia mais tempo para tentar outra aventura.