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23/07/2017

CANTINHO DA SAUDADE

Imagens/Arquivo Pessoal
Detalhes Notícia

Memórias do Carboni: Carne de gato

O Bijú tinha um cunhado chamado Rubens, que era mecânico e possuía uma oficina perto de minha casa, há muito tempo atrás. Oficina na frente e ele morando nos fundos. Como fanático em mecânica, ele gostava do cheiro de graxa, óleo, gasolina, e, então era comum ficar até alta madrugada mexendo com ferramentas e fuçando em motores, pois naquele tempo não havia nenhuma lei do silêncio. A população era mais tranquila e não esse povão estressado de hoje. Pois o Rubão, como era conhecido, sofria de bronquite e ensinaram a ele que comer carne de gato lhe traria a cura. Ele acreditou e encarregou o Bijú de providenciar os bichanos, e, ele cumpria este encargo com extrema destreza. Primeiramente arrumou uma panela de ferro onde foram cozidos dezenas de gatos. Lembro-me que um dos escolhidos para remédio foi fornecido pelo “canela de aço”, que era jogador do time. A vítima chegou dentro de um saco de estopa e foi o único que eu vi o Bijú matar, golpeando-o na cabeça por duas  vezes usando uma grande pedra. De outra feita, o Bijú passou em minha casa e nós contamos, salvo algum engano, 17 gatos, todos pertencentes a vizinhança, mas, que pulavam o muro e vinham se reunir no meu quintal. Então ele pediu a minha mãe que lhe desse um dos bichanos, mas, ela recusou dizendo que os mesmos não eram de lá. Com muito custo ele convenceu a “velhinha” a passar a faca no tanque de lavar roupa para atrair os animais para mais perto. Normalmente minha mãe já fazia isto para amolar as facas e quando isto acontecia os gatos se ajuntavam ao redor dela, mesmo porque costumávamos limpar peixes naquele tranque e eles comiam as entranhas e isto ficou gravado na mente deles. Então, eles associavam o fato de que quando ouviam o barulho de passar a faca no tanque era a oportunidade de comer as cabeças, os rabos e as barrigadas dos peixes. Naquele dia, porém, além de não receberem as iguarias, um deles se deu mal, pois o Bijú, mesmo com a negação de minha mãe, agarrou-o com presteza. Foi até a casa dele, matou e limpou o gato e levou a carne até a casa do Rubão. Era preciso ferventar a carne com água e folhas de mandioca para que a mesma perdesse um pouco o cheiro forte, e, isto era feito em uma lata de 20 litros e após alguns minutos de fervura, ela era transferida para a panela a qual me referi anteriormente, tempera e cozida. O couro, segundo a simpatia, deveria ser jogado em um rio de água corrente. De acordo com o Bijú, era ele que também se encarregava disso e jogava o couro no Córrego Maria Chica, mas, eu mesmo nunca o vi fazer isto. O que eu posso dizer é que nas noites livres eu frequentava o local e via a ferventação e o cozimento da carne. Bem, carne frita e o pessoal em volta da panela pegando o pedaço que lhe convinha usando o garfo. É claro também que nunca faltava cachaça, sempre havia uma garrafa e o único copo disponível não tinha descanso, tão grande era o uso que os convivas dele faziam. Por ali sempre estava presente um colega nosso, o Zé Pedro, que um dia ficou observando desde o início da preparação da carne até a fritura final. Todos os participantes convidaram o Zé Pedro a provar um pedaço, mas, ele sempre recusava, dizendo não ter vontade, só que não tirava o olho da panela. Quando restava o último pedaço, ele não aguentou a lombriga e se dispôs a comê-lo. Gostou tanto que se maldizeu por não ter comido mais e prometeu participar mais ativamente das próximas comilanças. Mas, logo o Rubão se mudou dali e para a sorte dos bichanos da redondeza acabou-se a “gataiada”. Não posso, porém, afirmar com certeza se o Rubão sarou ou não.

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