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21/01/2018

CANTINHO DA SAUDADE

Imagem/Arquivo Pessoal
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Memórias do Carboni: O freqüentador de enterros

Numa cidadezinha qualquer desse imenso Brasil, havia a rua do Cemitério, que como o próprio nome já diz, terminava em frente ao campo santo. Antigamente quase todas as cidades tinham ruas com nomes pitorescos e fáceis de serem localizados. É bem verdade que eram nomes populares, sempre relacionados a um morador antigo, um acidente geográfico ou alguma construção tradicional, e, alguns deles bem que poderiam ter sido incorporados a nomenclatura oficial, mas, infelizmente isso não aconteceu e apenas uns poucos sobreviveram. Na ânsia de se reelegerem, os políticos descobriram que uma boa ajuda para isso seria dar nomes as ruas, praças e logradouros públicos, a algum membro já falecido, preferencialmente de alguma família que seja grande e conhecida. É uma espécie de puxa-saquismo oficial e muitas famílias, sensibilizadas com tão nobre lembrança, se sentiriam quase obrigadas a retribuir com votos a favor do autor do projeto quando ele fosse pedir. Inclusive existe o fato de certos vereadores exultarem de alegria quando é anunciada a construção de algum conjunto residencial popular, mas não pelo motivo de dezenas de famílias conseguirem sua tão sonhada casa e sim pelo fato de poderem dar nomes as futuras ruas, quando não ao próprio bairro. Não tenho nada contra esse procedimento ou se o homenageado é merecedor ou não dessa honraria, apenas defendo que certas ruas ou bairros deveriam receber nomes mais tradicionais. Voltando ao assunto inicial, nosso personagem, o Claudião, tinha uma oficina mecânica na rua do Cemitério e devido a sua localização, ele sempre sabia quando tinha morrido alguém, pois o cortejo fúnebre, necessariamente, tinha de passar em frente ao seu estabelecimento. Quando ficava sabendo que um enterro vinha se aproximando, ele ia até a frente da oficina e tirava seu boné em sinal de respeito e silenciosamente fazia uma prece de recomendação a favor daquela alma, mesmo sem saber a quem pertencia, e, depois voltava a cuidar de seus afazeres. Também naquela cidade morava uma típica família brasileira, composta de pai, mãe e um casal de filhos, que curiosamente não perdia um velório e o conseqüente enterro. É bem verdade que por ser uma cidade pequena, não havia por assim dizer, tanto defunto para ser velado, mas, fosse quem fosse o morto, pobre ou rico, conhecido ou não, lá estava essa família para prestar solidariedade. O chefe da família era o Zé Luis, que era amigo do Claudião, e, quando o enterro passava em frente a oficina, os dois se cumprimentavam levemente, mas, na volta, após as exequias, a família parava na oficina para tomar água gelada, café, bater papo e até tecer algum comentário ou fofoca sobre o morto do dia. Um dia ia passando um enterro e o Claudião, como de costume, estava lá fora de boné na mão e não viu o seu amigo Zé Luis entre os acompanhantes, apenas sua esposa e filhos. Talvez estivesse viajando ou fazendo um serviço urgente, pensou. Na volta, para não fugir a regra, a mulher e os filhos pararam na oficina e o Claudião, mais que depressa e curioso, falou que não tinha visto o marido dela, já que ele não perdia um enterro sequer. A mulher, um tanto chorosa e emocionada, respondeu que o Zé não perdia um enterro e este de hoje é que ele não ia perder de jeito nenhum. Explicou também que não noite anterior tinha acontecido a final de um campeonato de futebol e o time do Zé perdera de goleada. Ele não agüentou o tranco e sofreu um infarto fulminante e sem nenhuma chance de ser socorrido, e, devido ao imprevisto do fato e do desespero familiar, não conseguiram avisar todos os amigos. E arrematou “nesse enterro de agora a pouco ele estava presente sim, mas, o senhor não o viu porque ele estava dentro do caixão”.  

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