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11/11/2018

CANTINHO DA SAUDADE

Imagem/Arquivo Pessoal
Detalhes Notícia

Memórias do Carboni: Dia de Finados e Cemitério

O dia 2 de novembro, feriado nacional, é dedicado para lembrar e homenagear os entes queridos que já passaram para o plano espiritual. Até alguns anos atrás esse dia era conhecido como “Festa da Melancia”, já que havia a impressão que essa fruta só era colhida nesta época devido ao grande comércio dela. No fundo, o dia de Finados está no mesmo esquema de outros dias comemorativos, ou seja, o negócio é faturar. Este dia reúne milhares de pessoas, aliás, o movimento começa no dia anterior, de todos os santos, e são dois dias de intenso fluxo de pessoas, e que serve para o encontro de amigos e parentes que moram em outra cidade ou não, mas tem a chance de conversarem. Muitas pessoas vão ao cemitério regularmente, sem esperar o dia de Finados e já outros não tem este costume, seja por medo (tem que se ter medo dos vivos), por descrença, por questões religiosas ou filosóficas, mas isso não tem a menor importância, pois mais dias menos dias, todos acabarão indo e para ficar. O cemitério não precisa necessariamente ser um lugar triste, pois dependendo do que o levou até lá, o local tem as mais variadas atividades e utilidades. Tem os funcionários municipais que ali trabalham e tiram seu sustento. Não existe qualquer outro profissional que tenha mais espectadores que eles, com centenas de pessoas a vê-los trabalhar durante centenas de enterros. Tem os funcionários particulares na ocupação de restaurar túmulos com azulejos, pinturas, etc ... Ali ficam o pedreiro, o servente e o dono da obra e mais alguns amigos contando histórias, piadas, rindo e até fofocando acerca do morto. O local serve também para várias pessoas trabalhando sob ordem judicial. Principalmente aos finais de semana tem aqueles que vão lavar os túmulos. Quando não é alguém da família (viúva, mãe, filha, amante), o trabalho é terceirizado. Por lá também podem ser vistas outras pessoas nas mais variadas atividades: tem o casal de amantes se amassando atrás dos túmulos, jovens fumando os seus cigarros nada recomendáveis, mulheres fazendo “simpatias” para arrumar marido, emagrecer, engravidar ou se livrar de algum desafeto (namorada do ex-marido, vizinha fofoqueira, etc ...), macumbeiro enchendo uma caixinha de terra para trabalhos posteriores. É comum os coveiros acharem restos de macumba (garrafas de bebidas, velas, etc...) Tem aqueles que roubam placas, estatuetas e outros objetos de bronze para trocar por drogas e os que roubam vasos de flores para vender no próprio portão do cemitério. Tem gente que vai ao chamado “campo santo” e presta atenção a outros aspectos do local. Tem túmulo de todo jeito e tamanho. Existem os mais simples e os mais sofisticados com imagens de cenas bíblicas; há os bem conservados e aqueles com aparência de abandono; há os de bom gosto e os nem tanto; de pessoas famosas e outras anônimas; pessoas que marcaram sua passagem pela vida com boas obras e aquelas que nada fizeram; uns que a família e a sociedade sentiram muito a sua falta e aqueles que morreram tarde. Enfim, uma visita ao Cemitério deveria ser feita não apenas no dia de Finados, dia em que é até difícil de andar tal o enorme fluxo de pessoas, mas sim em um dia normal quando é possível observar certos túmulos que são verdadeiras obras de arte. Esta visita é uma aula de história onde ficamos sabendo sobre os antigos moradores que ajudaram na formação da cidade e hoje dão nomes às ruas, praças e instituições, valem como aula de justiça social e reforma agrária, onde todos tem garantido o mesmo espaço e apesar do lado de cima ter paisagem diferente, abaixo da terra é tudo igual, mesmo porque lá não existe qualquer tipo de discriminação, estando todos juntos e misturados e até vizinhos, o rico, o pobre, negro, criança, adolescente, adulto, homem, mulher, trabalhador, vagabundo, padre, pastor, macumbeiro, pecador, beato, valentão, moderado, virgens e liberadas. Há muitos túmulos com mensagens da família, geralmente tiradas da Bíblia e uma destas mensagens chama muito a atenção quando diz: “Eu já fui o tu és e tu serás o que hoje sou!. Para terminar, uma visita ao Cemitério vale como uma aula de filosofia, onde a pessoa pode refletir se vale mesmo a pena tanta arrogância, vaidade e andar de narizinho arrebitado. É meus amigos, lá onde “vivem” os mortos é um lugar muito interessante  e educativo. 

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